𝔸𝕕𝕠𝕣𝕒𝕧𝕖𝕝 𝕖 𝔸𝕞𝕒𝕣𝕘𝕒 𝕍𝕚𝕟𝕘𝕒𝕟𝕔𝕒 - 𝔹𝕖𝕒𝕦𝕒𝕟𝕪 [CONCLUÍDA]

ℂ𝕒𝕡𝕚𝕥𝕦𝕝𝕠 𝟜𝟘

Any Gabrielly

Uma claridade forte invade o ambiente, me fazendo despertar de um sono tranquilo. Demoro um pouco para abrir os olhos, tentando recordar dos acontecimentos passados. Minha mente retorna a noite anterior, quando Beauchamp e eu estávamos curtindo o baile juntos. Lembrei do pedido, extremamente fofo e vergonhoso, tendo em consideração que estávamos em frente a uma multidão de pessoas.

Em seguida minha mente viaja para a madrugada quente que tivemos mais tarde. Eu acho que nunca me senti tão completa como ontem. Foi uma sensação de pertencimento, como se eu devesse estar ali e aquilo não fosse errado.

Mas sim, isso era errado.

Ele se mostra tão cuidadoso comigo, sempre fazendo de tudo para me agradar e mostrar a minha importância para ele. E eu aqui, escondendo a verdade dele, escondendo quais eram as minhas reais intenções quando o conheci, e mesmo que elas tenham mudado completamente e hoje, eu me veja completamente entregue por ele, um enorme peso na consciência insiste em me atormentar.

Por isso, eu decido que vou contar tudo para ele o quanto antes. Tudo, cada detalhe, cada motivo que me fez fazer o que eu fiz, cada vírgula do meu passado. Mas para isso preciso me preparar antes.

Joshua está dormindo profundamente abraçado a minha cintura enquanto eu estou com minhas pernas entrelaçadas com as dele. Começo a tentar me levantar, sem fazer muito barulho nem movimentos bruscos que possam o acordar. Vou até o banheiro e tomo uma chuveirada rápida, tirando os restos de maquiagem do rosto e os resquícios do sexo intenso da noite anterior.

Me enxugo e volto para o quarto, onde JB continua dormindo serenamente. Busco na gaveta da cômoda e acabo optando por colocar uma calcinha, um shorts de moletom e uma blusona de Beauchamp, que acabei me acostumando a usar principalmente depois que ele deixou claro que me amava ver com as roupas dele.

Desço para a cozinha, sedenta por algo para comer. A casa está completamente fazia, a não ser por Joshua e eu, então supus que todos tiverem uma noite muito boa. Vasculho a geladeira e não encontro muita coisa. Lembro-me de Sofya comentando que estava precisando ir até o mercado para reabastecer os armários.

Acabo optando por ir na padaria que fica na mesma rua da casa de Beauchamp, a mais ou menos dois quarteirões de distância. Pego um dinheiro na minha carteira e saio de casa. Aceno para os vigias que ficam 24 horas por dia na casa, mas eles continuam impassíveis. Ando tranquilamente pela ruas, aproveitando a brisa gostosa da manhã.

Quando estou quase chegando no estabelecimento, sindo braços fortes me prenderem, deixando-me imobilizada. Quando tento me livrar daquelas mãos, sinto um pano úmido ser colocado próximo ao meu nariz. Em poucos segundos meu corpo amolece e minha visão fica turva.

Essa é a última coisa de que me lembro.

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Minha cabeça lateja. Meus olhos ardem e minha boca está seca. Me forço a abrir os olhos, mas tudo o que vejo é a escuridão.

Tento me mover, entretanto tanto meus pulsos como minhas pernas estão amarradas fortemente, o que me impede de qualquer tentativa eficiente de locomoção. Sinto o chão frio, e tento me localizar, mas tudo o que sinto é a aspereza do concreto frio e mal cheiroso abaixo de mim.

Com certeza não é um hotel cinco estrelas.

Não sei a quanto tempo fiquei desacordada. O cômodo escuro não possui janelas para que eu possa observar o dia. Tento me arrastar pelo chão, procurando uma saída, talvez uma porta, ou algo que eu possa usar para me defender, entretanto meu corpo não responde aos meus comandos.