Capitulo 34

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Pov Lauren Jauregui

— Precisamos ir, se não vamos nos atrasar! — ouço a voz de minha mãe na porta do meu quarto. Então viro meu rosto para onde ela estava, vendo que ela me fitava de modo sorridente, talvez gostando da maneira a qual me vestia.

— Já estou pronta! Só me dê mais alguns segundos! — Retribui o sorriso ao dizer as palavras a ela.

Íamos para um evento aonde estariam presentes vários investidores, empregados, amigos e clientes da imobiliária. Seria o aniversário de vinte e três anos da empresa, em que meu pai e meu tio eram os fundadores. Essa que já tinha o seu espaço decretado no ramo como uma das maiores e bem mais sucedidas no mercado.

Com a data da empresa completada, outra data não tão prestigiosa e nada desejada se completaria também. A morte dos meus pais era uma data tão próxima e dolorosa que não poderia sequer esquecer. O ano em que partiram, foi justo quando a empresa tinha finalmente estabelecido o seu melhor grau de desenvolvimento e visibilidade no mercado. Mas, um bêbado idiota teve que aparecer e acabar não só com os sonhos, como também com as suas vidas. Injusto não é? Com toda certeza sim. Mas, estamos fardados a isso; Viver para morrer. Pelo menos é oque eu acho. O mundo é injusto e assustador. Tanto que mal dá uma ponta de pra onde vamos depois ou simplesmente deixa uma vez ou outra quem se vai nos visitar para matar a saudade, ou dar um espoiler de como é do outro lado.

Não importa se é a mãe ou pai, se é um irmão ou uma irmã, uma avó ou um avô, ou até mesmo um parente distante que mal conhecemos ou vimos uma ou duas vezes por ano, em alguma confraternização famíliar, sempre é doloroso demais, sempre. Claro que isso se vem com empatia ou compadecimento.

Eu meio que já estou habituada com a ausência deles. Mas, em certas dadas comemorativas, como a que estou prestes a prestigiar, a angústia e a revolta, principalmente a saudade me  consomem mais que o normal.

Nos acostumamos a viver com a dor. Não é como se pudéssemos fazer algo. Não é como se pudéssemos fazê-la sumir. Ela jamais vai sair ou parar... talvez, só aumentar.

Uma criança, uma criança como eu na época, sequer tem noção alguma do real motivo pela qual foi "abandonada" de uma hora para a outra. É amedrontador a sensação de abandono e a incapacidade de alguma coisa fazer para mudar o acontecido. E  para piorar, as pessoas nunca dizem muita coisa para não lhe machucar tanto por ser pequena. São só coisas como: "o papai e a mamãe não vão mais voltar, amor! Agora eles estão no céu. Viraram estrelinha", ou então, " papai do céu os levou para morar com ele. Mas, eles sempre vão está cuidando de você lá de cima". Eu sempre culpava muito "o papai do céu" por ter os tirado de mim. O odiei por muito tempo por causa da inocência que tinha sobre a morte. As vezes ainda o culpo pelo que houve.

Sempre é ruim de uma forma ou de outra.

Meu tio Ben sempre me contou sobre como foi difícil erguer cada canto do prédio da empresa. Como foi difícil colocar as coisas como móveis e até coisas simples como papéis e canetas para dentro de cada sala. Conheço muito bem a história. Sei muito bem dos detalhes. E, é por esse motivo que sinto tanto orgulho dos meus pais que moram no céu, ou seja lá para onde pessoas boas vão. Eles foram persistentes, acreditaram e lutaram até o fim, e tiveram êxodo.

Agora estamos aqui como uma das melhores no ramo, com cedes em outros estados e municípios, futuramente quem sabe, em outros países e meus pais se quer podem ver isso tudo acontecendo.

Mamãe com certeza estaria sorrindo aos ventos. Ela como poucas, largou tudo para seguir um ponto cego por causa do sonho do meu pai. Ela trabalhou como uma simples faxineira no inicio de tudo. E, quando meus tios não estavam podendo, ela mesma ia e apresentava os projetos para algum investidor ou até mesmo um cliente interessado nas planilhas com dinâmicas e sugestões de construção. Ela fez de tudo que podia para ajudar no desenvolvimento do sonho do meu pai.

Minha Garota Favorita (G!P) EM REVISÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora