Cap. 16 - Como é triste a tristeza mendigando um sorriso

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"Assim como o sol derrete o gelo, a gentileza evapora mal-entendidos, desconfianças e hostilidade. "

Albert Schweitzer

Música on: "1950" (King Princess)

- O que está acontecendo? O que são todas essas coisas? – A mulher verbalizava seus pensamentos mais íntimos num sussurro enquanto apoiava a cabeça na porta fechada de seu quarto, com os olhos fechados. O peito subia e descia numa respiração profunda, em busca de acalento para sua alma torturada.

Caminhando pelo quarto, abriu os botões do colete, o jogando sobre a cama para logo em seguida se livrar da blusa, dando a ela o mesmo destino do colete.

Sufocada.

Karla se sentia sufocar com todas aquelas sensações.

Passando uma das mãos pelo rosto, enquanto mantinha a outra apoiada em sua cintura, deixou que seus olhos vagassem pelo quarto iluminado pelas velas acessas em dois candelabros de prata que jaziam na mesa de cabeceira e na escrivaninha. O quarto não contava com muita decoração, era nisso que ela se resumia, em alguém que não tinha tempo para si.

- Eu não deveria tê-la beijado. No que estava pensando! Por Deus! – Karla se recriminava por cada pensamento, e desejo corrompido. Aquilo não era certo. Não era normal. Era uma mulher, no final das contas. Não era?

Olhou para seu reflexo no espelho redondo, que decorava a parede, e franziu o cenho sentindo o ar faltar. Desesperada, desenrolou a faixa branca que lhe dava voltas no busto, libertando seus seios.

"Sim, sou uma mulher... uma mulher que beijou outra mulher..."

Mordeu o lábio inferior fechando os olhos, ao ser atingida pela lembrança do momento com Helena. E foi como voltar no tempo. Reviveu o frenesi de seus lábios tocando o da morena, eram doces, macios, quentes.

- Pare com isso Karla! – Se jogou na cama derrotada. - Eu espero que estejas feliz comigo em sua vida, e que não fuja essa noite... – Fechou os olhos.

Não dormiria aquela noite, estava agitada demais.

- Estou perdida... muito perdida...

Karla se perdia, ao mesmo tempo em que começava a se encontrar. O entendimento de cada um sobre os acontecimentos que vive condiz com a sua visão de mundo. A verdade é um conjunto de versões. A sua versão vai sempre refletir a sua essência, e Karla estava começando a bater de frente com seu verdadeiro eu...

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O dia começava a dar sinais de que despertava, quando o homem saiu de sua tenda e caminhou pela areia da praia mirando o nascer do sol satisfeito

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O dia começava a dar sinais de que despertava, quando o homem saiu de sua tenda e caminhou pela areia da praia mirando o nascer do sol satisfeito. Sim, estava orgulhoso em participar daquela audaciosa empreitada, e hoje voltaria a guiar os negros até o quilombo.

- Meu Deus, minha Santa Sara, eu, teu filho, estou aqui pedindo tua ajuda. – O homem começou sua oração de olhos fechados. - Que tu, minha mãe amada, intercedas por mim, com teu poder, com a força dos Clãs Ciganos da Luz; remove de minha vida todo o infortúnio, que teu poder harmonize nossas ligações e pensamentos em uma sintonia de Paz e Luz. Santa Sara, eu agradeço desde já por tua ajuda. Obrigado, Deus. Obrigado, Santa Sara... Amém! - Finalizou abrindo os braços sendo envolto pela brisa salgada...

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