97° capítulo

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Matheus.

Era como se...

Os seus olhos fossem os meus.

Foi o que senti no momento em que vi aquela garota.

Cabelos castanhos claros.. olhos verdes... Tamanho... Pequeno, ela era muito baixinha.

Mas... No túmulo da minha mãe?

Logo aqui? Com um arbusto do lado esquerdo e um túmulo abandonado do outro?

Não pode ser coincidência.

Não mesmo.

Mas deixo as tulipas de sempre ao lado das flores roxas que aquela garota deixou. Aliás, uma flor favorita de minha mãe.

Na volta pra casa eu estava tão cismado com isso, era impressionante o fato de nunca ter batido de frente com Maria e agora, do nada, uma garota igualzinha a ela aparece.

Parecia mágica.

Na casa do meu pai, já que hoje é sábado e provavelmente teria um almoço como sempre tem, cheguei de surpresa, deixando as compras na cozinha com a senhora Jô, uma das cozinheiras mais antigas do meu pai.

Subindo lá pra cima, pro seu escritório, vi que havia uma conversa então cheguei de fininho para não atrapalhar.

Porém o nome que meu pai disse me fez ficar sério.. como se...

- sim! Eu não vou repetir de novo!... Como assim eu não tenho tanto direito de tê-la?... Oque?! Maria Clara é minha filha! Sangue do meu sangue!... Henrique? Oque?!... Filho da puta... Não, eu não ligo, se tiver que chegar perto que a justiça se foda... Que ordem de afastamento oque eu tô pouco me fudendo!... Tá, tá, tá, tchau. Tem alguém aqui na porta. - ouvi ele bater o telefone contra a mesa. - entre, Matheus. - já não era segredo, o espelho do corredor me entregou.

Quando olhei fixo ao meu pai, lembrando que ele nem faz ideia de que eu quero saber como Maria Clara anda, fiz a seguinte pergunta:

- quem é Maria Clara? - meu pai ficou surpreso pela pergunta mas sabia que eu perguntaria.

- uma garota...

- ok, sei disso, mas quem? Por que tava gritando desse jeito?

- por que ela é... É... Porra! - bateu as mãos na mesa. - é uma garota, apenas isso que você precisa saber. - deu a volta na mesa, pisando duro e passando por mim.

Fiquei pensando no seu propósito de tê-la.

Será mesmo para sua boate? Ou pra apenas tê-la em sua vida?... Ou... Por ama-la como filha e quere-la bem?

Meu pai nunca foi um cara bom, quando eu sofria bullying na escola ele estava longe, bêbado, e quando ficava sabendo do ocorrido, dias após, ele me orientava a bater nas pessoas que me criticaram. E mal sabia ele que a moça que cuidava de mim já havia me aconselhado sobre como agir.

De forma educada e correta.

Então creio que meu pai não quer o bem de Maria Clara e sim por outra coisa.

Dinheiro talvez?

Isso nunca é o suficiente pra ele.

Fizemos um almoço, composto pelos sócios do meu pai e algumas prostitutas.

Vestindo vestidos curtos.

Ouvia meu pai conversar em códigos com seus sócios enquanto uma das prostitutas estava sentada em seu colo dando comida na sua boca.

Como elas não percebem que estão sendo tratadas como objetos ou empregadas? Ganham pouco mas ganham tudo do meu pai e o resto? E as tardes perdidas para visitar a família? E o almoço de sábado com os amigos? Pra domingo ver os pais em uma cidadezinha do interior?

• ʙᴀʙʏ ɢɪʀʟ 1Where stories live. Discover now