Um novo começo

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Meu nome é Aerin. E a alguns anos, eu era só uma garota normal, que vive numa cidade normal, e com uma vida normal. Ainda não vou dizer a quanto tempo. Preciso contar um pouco do meu passado para que entendam. 

Era noite, quando tudo mudou. Todos estavam dormindo, mas eu não conseguia por algum motivo. No meu mundo, todos já haviam escutado histórias sobre a terra média. Mas eram apenas histórias. Nada real. Mas acho que vocês também já conhecem essas histórias. Eu estava ouvindo barulhos estranhos. Depois de um tempo, consegui distinguir palavras. Mas eu não conhecia aquela língua. Era algo totalmente diferente do que eu já tinha escutado. 

Decidi investigar. Sempre fui muito curiosa. Sei que é isso que as pessoas fazem nos filmes de terror, e nunca acabava bem. Eu tinha isso em mente. Mas eu não me preocupei com isso. A curiosidade era muito grande. 

Eu já estava bem longe dos quartos quando os barulhos ficaram mais altos. Aquilo não parecia humano. Instintivamente peguei uma faca. Sabia que não era uma arma, mas era melhor do que nada. 

Foi aí que eu o vi. Era uma criatura horrível. Não tinha como descrever de outro jeito. Um orc. Assim como aqueles das histórias que eu ouvia. 

Meu coração começou a bater mais rápido. Aquilo não era possível. Eu devia estar sonhando. Mas eu tinha outras coisas para me preocupar. O orc se lançou na minha direção. Desviei por pouco de dois ataques consecutivos. Eu estava ciente de que ele tinha uma arma muito mais pesada, e provavelmente sabia usá-la. 

Pensei rápido. Me desviei de um ataque, e de algum jeito consegui feri-lo na perna. Ele caiu, com um som baixo. Eu não conseguia acreditar no que estava acontecendo, mas agora não era a hora. Eu tinha alguns segundos antes que ele se levantasse e voltasse a me atacar. Cravei a faca com a maior força que tinha no meio de suas costas. Com um último som baixo, ele morreu. 

Caí de joelhos ao lado do corpo. Minhas pernas estavam fracas. Minha cabeça estava girando. Aquilo não deveria estar acontecendo. Aquela coisa não devia sequer existir. Por algum milagre, meus pais não acordaram. Eu não sabia o que fazer. Tinha um corpo no meio da minha casa. de um ser sobrenatural que devia existir apenas nas histórias. 

Vi um movimento a minha direita na minha visão periférica. Me coloquei rapidamente numa posição de ataque. Mas de alguma forma, quando olhei mais de perto, a sensação de medo desapareceu. 

Haviam três homens. Eram muito bonitos. O do meio, que parecia ser o líder, olhou para mim. Ele tinha cabelos negros, e olhos sábios. Ele disse: 

- Impressionante. Você não parece ser muito experiente em lutar. A propósito, sou Elrond.

Com os olhos arregalados, e não conseguindo acreditar no que estava vendo, eu disse: 

- Eu sei quem é você. Mas... Como? Eram apenas histórias...

Ele pareceu confuso. Aparentemente não conhecia as histórias. 

- Nós não estamos na terra média - eu disse, tentando explicar - aqui, todos ouvimos histórias sobre a terra média. Histórias que até a alguns minuto atrás, eu acreditava não serem verdadeiras. 

- Isso é intrigante - disse Elrond - Parece que estamos em outro mundo. Mas parece que você é diferente das outras pessoas. 

Como assim, diferente? eu podia admitir que era...estranha, comparada as outras meninas da minha idade. Não só o meu nome,(Era bem diferente, apesar de eu gostar dele.Significa "oceano") como minha aparência. E eu simplesmente não conseguia gostar das mesmas coisas que elas.

- Sangue élfico corre em suas veias - disse Elrond - Aparentemente, você acabou nesse mundo de alguma forma. 

Pera aí. Sangue ÉLFICO? 

- Isso não é possível - eu disse - não me lembro de uma época em que não estive aqui.

Ele parecia pensativo.

- De alguma forma, quando você veio para esse mundo, suas memórias podem ter sumido.

Não lembro de tudo que conversamos. Me lembro apenas de ter descoberto que eles passaram para esse mundo por um tipo de portal. Eu estava achando tudo muito fascinante. Eu sempre desejei poder ir a terra média, e viver aventuras com anões, elfos, magos e hobbits.

Depois de alguns minutos, ele disse:

- Você não é desse mundo. E tem um lugar na terra média, sendo um elfo, se desejar.

- Mas e se eu escolhesse ficar? - respondi.

- Acredito que você viveria uma vida humana normal. Além dos traços de elfo, você não conseguiria desenvolver suas habilidades, ou nem mesmo a imortalidade.

Eu não sabia porque estava hesitando. Mas logo a realidade caiu sobre mim. Era minha família.

- Mas... e os meus pais? Minha família vai ver que sumi.

- Bom, assim que você passar pelo portal, suas lembranças irão desaparecer para seus familiares, e todos os que te conheciam.

- Ah... E eu vou esquecer também?

- Acho que não...

Ainda sim eu relutava. Gostava muito dos meus pais...Não queria deixá-los, e ter que lidar com nunca mais vê-los.

- Eu acho que você poderia aproveitar seu potencial na terra média. Você não seria você mesma se continuasse aqui.

Absorvi suas palavras. E então entendi seu significado. Meus pais gostariam que eu fosse eu mesma. Que eu seguisse meu destino. E era isso que eu queria.

- Tudo bem. - eu disse - Estou pronta.

Elrond sorriu. Ele me guiou por algumas ruas, até que, em um beco, ficamos frente a frente com um portal.

- Como chegaram até minha casa daqui? - eu disse

- Estávamos atrás de um grupo de orcs. Um deles fugiu. E não podemos deixar um orc solto por esse mundo.

- Ah.

Elrond me guiou até o portal, e acenou para que eu passasse. Com uma última olhada para trás, eu passei, para minha nova  vida.

                                                                                        ...

Bom, agora que sabem mais do  meu passado, posso continuar. Eu vivi em Valfenda, por muitos anos. Elrond me tratava como a uma filha, e eu sempre gostei dele. Eu treinei, aprendi a lutar e usar as armas de um elfo.

Mas Elrond sabia o que estava em meu coração. Eu ansiava pela aventura. E ele me deixou partir. Eu pretendia viajar por algum tempo. Agora, quando escrevo, já estou na terra média a quase 500 anos. Mas por muito tempo, não saí de Valfenda.

Já estou a bastante tempo viajando, mas decidi voltar a Valfenda por algum tempo. Lá sempre seria meu lar. Fui recebida de volta com alegria.

Percebi que haviam alguns visitantes lá. Haviam dois magos. Um de cinza e um de branco. Um deles, o de cinza, acenou para que eu os seguisse. Fiquei surpresa, mas fui atrás dele.



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