O conselho branco

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Nós ficamos por vários dias em Valfenda. Tentei aproveitar ao máximo o pouco tempo que eu tinha antes de seguirmos viagem. Mas não vi mais Elrond. Eu queria explicar a ele porque estava fazendo isso, mas ele não me deu essa chance. 

Depois de alguns dias, algumas pessoas chegaram em Valfenda. Saruman, o mago branco e Galadriel, a rainha de Lothlórien. Lembrei, que hoje o conselho branco iria se reunir. Ou pelo menos alguns membros. Fiquei surpresa quando Saruman veio até mim.

- O Conselho Branco quer que você se junte a nós hoje, senhorita Aerin. - disse ele.

Fiquei surpresa. Mas segui o mago até junto dos outros membros. Elrond, Saruman, Galadriel e Gandalf estavam lá. Elrond nos guiou até uma sala, com uma mesa branca no centro. Os membros se sentaram em volta. Hesitante, sentei ao lado de Gandalf.

- Diga-me Gandalf - começou Saruman - Você achou que seus planos passariam despercebidos?

- Despercebidos? Não. Só estou fazendo o que sinto ser certo.

- O dragão o preocupa a muito tempo - disse Galadriel.

- Sim, minha senhora - respondeu o mago - Smaug não presta contas a ninguém. Mas se ele decidir se aliar ao inimigo, um dragão poderia ser usado para fins terríveis.

- Que inimigo? - perguntou Saruman - Sauron foi eliminado. Ele nunca vai recuperar sua força.

- Não preocupa você que o último anel, dos anões, simplesmente desapareça? Seu destino ainda é desconhecido. O anel, que era usado por Thrain. - disse Gandalf.

- Sem a posse do anel do poder, os sete não possuem valor para o inimigo. - respondeu Saruman. - Para governar os outros anéis, ele precisa do um. E esse anel está a muito tempo perdido.

Os anéis de Sauron? então toda essa história de ajudar Thorin tinha algo mais profundo. Ele queria impedir Smaug de se aliar as forças do mal.

- Gandalf - disse Elrond. - Por quatrocentos anos nós vivemos em paz, uma paz conquistada e mantida com muita luta.

- Sim, nós vivemos em paz - respondeu o mago - Trolls vieram das montanhas. Estão invadindo vilarejos e destruindo fazendas. Orcs nos atacaram na estrada.

- Longe de ser um prelúdio para guerra - respondeu o elfo.

- Você sempre se intrometendo - interrompeu Saruman - Procurando problemas onde não existem.

- Deixem-no falar - interrompeu Galadriel.

- A uma ameaça iminente - começou Gandalf. - Pior que a maldade de Smaug. Podemos continuar cegos a isso, mas não seremos ignorados. Uma doença paira sobre a floresta verde.  quem vive lá, agora a chama de floresta das trevas. Eles falam de um necromante morando em Dol Guldur. Um feiticeiro que pode invocar os mortos.

- Isso é um absurdo - respondeu Saruman - esse tipo de poder não existe nesse mundo. Esse necromante, nada mais é do que um homem mortal brincando com magia negra.

- Foi o que pensei também, mas Radagast...- começou Gandalf.

- Não me venha falar de Radagast o Castanho. Ele não está bem da mente, e não podemos confiar em nada do que ele disser.

Mas eu não ouvi o que ele disse depois. Gandalf não se concentrava mais no mago. Ele parecia distante, assim como Galadriel. Estavam conversando por meio da mente. Depois de alguns segundos, Gandalf acenou para mim com a cabeça e disse.

- Mostre.

Eu entendi o que ele queria dizer. A prova que Radagast nos trouxera, que poderia provar a existência de um necromante em Dol Guldur. Gandalf pedira para eu guardá-la, pois ele seria um maior alvo para inimigos.

Coloquei a espada, embrulhada em cima da mesa. 

- O que é isso? - disse Elrond, se aproximando.

Ele tirou o pano que cobria a espada, a revelando. 

- Uma lâmina de Morgul - disse Elrond.

- Radagast nos entregou isso quando nos alertou sobre o necromante. Essa espada não poderia estar em Dol Guldur. Mas estava. - eu disse.

- Um feitiço foi lançado sobre os túmulos, eles não podem ser abertos - disse Elrond.

- Que provas temos de que essa arma veio do túmulo de Angmar? - disse Saruman.

- Não temos provas - eu disse.

- Porque não existem - respondeu Saruman. - Sabia que Aerin entenderia. É bom que ela entenda isso.Vamos examinar o que sabemos. Um único grupo de orcs ousou atravessar as fronteiras. Uma arma de uma era passada foi encontrada. E um feiticeiro humano, que se diz um necromante, tomou como residência uma fortaleza em ruínas. Não parece muita coisa não é? Já a questão da companhia dos anões no entanto, me traz grande preocupação. Não sinto que possa permitir essa missão.

Então era isso? Esse era o motivo de eu ter sido chamada para essa reunião? Eles queriam me convencer a abandonar a companhia de Thorin. Provavelmente era o que Elrond queria. Mas eu não faria isso.

Elrond me lançou um olhar. estava claro que ele não permitiria que eu continuasse com isso. Gandalf conversava pela mente com Galadriel novamente. De repente, Gandalf voltou ao normal, e se virou para mim. 

- Bom, acho que Aerin já ouviu o suficiente dessa conversa. Claro que já sabe que deve manter em sigilo o que foi conversado.

Os outros concordaram. Me levantei e me virei para sair. Mas antes, fui até Gandalf, enquanto todos estavam distraídos, e disse:

- Os anões. Estão partindo.

- Sim. Cuide deles. - disse ele.

Assenti. Então teríamos que continuar sem Gandalf. Ele nos daria cobertura para sair escondidos. Pois se esperássemos mais, os elfos não permitiriam nossa saída. De certa forma, fiquei feliz. Poderíamos continuar a missão. Mas por outro lado... Achei que poderia me despedir de Elrond. Parece que isso não seria possível.

Fora da sala de reunião, corri até onde os anões já juntavam suas coisas.

- Temos pouco tempo - eu disse. - Gandalf vai tentar nos dar o máximo possível.

- Muito bem - respondeu Thorin.

- Vamos.

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