Sobre as árvores

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Os anões tinham subido em cima das árvores antes que os orcs se aproximassem. Mas agora parecia não haver escapatória. Embaixo estavam os orcs e wargs, esperando a primeira oportunidade de matar todos os anões. Do outro lado estava um grande abismo. Não tinham para onde correr. E eram muitos para que lutassem.

Um warg surgiu. Mas ele não era como os outros. Ele era branco, e muito grande. E montado nele, estava um orc. Mas não era um orc normal. Era branco como sua montaria. Tinha cicatrizes das muitas batalhas lutadas. No lugar de uma das mãos, que havia sido cortada, havia uma lança. Aquele era o orc pálido. O mais temido dos orcs. O pior dos inimigos de Thorin.

- Azog! - exclamou o anão.

O orc sorriu. Em sua própria língua ele ordenou aos outros orcs

- Aquele é meu - disse apontando Thorin - Matem os outros.

Os wargs correram até as árvores. Eles tentavam alcançar os anões que estavam nos galhos mais baixos pulando, mas sem sucesso.

Gandalf estava na árvore mais próxima ao abismo. Ele tentava pensar em uma saída, e parecia muito calmo aos olhos de fora. Com seu cajado, ele pegou uma mariposa que estava pousada na árvore, e a trouxe até ele. O mago sussurrou alguma coisa próximo ao animal, e depois o soltou. A mariposa saiu voando.

Agora ele tinha que pensar no que fazer para ganhar tempo. Os wargs poderiam derrubar as árvores, ou alcançar algum dos anões se esperassem muito. Gandalf pegou uma pinha, e colocou fogo nela com seu cajado. Então ele a atirou para baixo na direção dos wargs.

A pinha explodiu no chão, deixando labaredas de fogo entre os wargs e as árvores. Gandalf continuou colocando fogo em várias pinhas e as passando para os anões, que as jogavam na direção dos inimigos. Agora eles sentiam que podiam ter uma chance de escapar. Se pudessem afugentar os orcs e suas montarias.

O fogo conseguiu afastar os orcs por algum tempo. Mas de repente o inesperado aconteceu. A árvore mais distante do abismo começou a cair, na direção das outras árvores. Elas caíram uma a uma como peças de dominó, até que chegou a última. Ela aguentou firme, se entortando com a força das outras sobre ela, mas não caiu.

Então Thorin tomou uma decisão. Ele sabia que seus companheiros não tinham chance se os orcs continuassem tentando derrubar a árvore que havia sobrado. Então ele desceu. Passou pelas chamas, se dirigindo até seu inimigo. Azog.

O orc pálido sorriu. Estava satisfeito que o anão resolvesse lutar com ele.

- Thorin, volte! - Gritou Ballin. Mas o anão não escutou.

Ele não tirava os olhos de Azog, enquanto corria em sua direção. Mas não teve tempo de fazer nada antes que o orc fosse em sua direção e o atingisse. Thorin se levantou novamente. Mas ele não tinha chance de vitória. A luta foi curta. Thorin foi derrotado facilmente, e agora estava estendido no chão.

- Traga-me a cabeça do rei anão - Disse Azog para um de seus orcs.

Foi tudo muito rápido. O orc se aproximou de Thorin, ergueu sua lança. Estava perto de dar o golpe que tiraria a vida de Thorin quando foi atingido. Ele não viu de onde veio a espada que perfurou seu coração, e o matou na mesma hora.

Bilbo. A pessoa que menos esperavam que pudesse se arriscar dessa maneira, tinha corrido para salvar Thorin. O orc pálido rosnou.

- Matem o pequeno - disse ele.

Eram quatro orcs. Bilbo sabia que não podia dar conta deles. Mas ele não ia cair sem lutar. Nesse momento, todos os anões desceram das árvores, e se juntaram ao hobbit. A demonstração de coragem de Bilbo fez com que todos lutassem. Iam vencer ou morrer lutando.

Foi quando a mariposa voltou. Ela foi até Gandalf, e pousou em seu cajado por alguns segundos. Depois voou novamente. Os anões ouviram um barulho acima deles. Eram águias. Águias muito grandes.

As aves voavam no meio do campo de batalha, agarravam os orcs com suas garras, e os jogavam do abismo. Outras agarravam os anões, e os jogavam em cima de outras águias, que voavam para longe. A inteligência de Gandalf salvara os anões de novo.

As águias pousaram em cima de uma grande pedra, deixando os anões um por um lá, e depois voando para longe. A última deixou Thorin, ainda desacordado no chão. Assim que Gandalf desceu, ele foi até o anão. Ele passou a mão sobre seu rosto, e murmurou alguma coisa.

Thorin abriu os olhos e se levantou. Os anões o cumprimentaram, felizes por eles estar bem. Thorin não disse nada, ainda sério. Ele andou até Bilbo e disse.

- O que você fez? Você quase foi morto!

Todos pareciam surpresos. Estaria Thorin repreendendo o hobbit por ter salvado sua vida?

- Eu não disse que você nunca seria um de nós? Que você não tinha lugar aqui? - ele fez uma pausa - Eu nunca estive tão errado em toda a minha vida.

Então ele sorriu, se aproximou de Bilbo e o abraçou.

Bilbo havia provado seu valor a Thorin. Agora, o anão confiaria mais nele. Bilbo ainda tinha muito para contribuir, e salvaria os anões algumas vezes mais.

- Me perdoe por ter duvidado de você - disse Thorin.

- Eu também teria duvidado de mim - respondeu Bilbo - Eu não sou um herói, um guerreiro, nem mesmo um ladrão.

Os anões olharam para o horizonte. Ainda podiam ver as águias se afastando. Bilbo olhou mias longe, e então percebeu uma montanha ao longe.

- Aquilo é o que estou pensando? - disse ele

- Erebor - disse Gandalf, assentindo - A montanha solitária. O último dos grandes reinos anões da terra média.

- É o nosso lar. - disse Thorin.

- Gostaria que Aerin estivesse aqui para ver isso - disse Bilbo.

Todos ficaram em silêncio por alguns segundos.

- Eu também - disse Thorin por fim.

                                                                                                 ...

 O tordo voou sobre a floresta negra, passando pelo rio e pela cidade do lago, até a montanha solitária.

Ele pousou entre as pedras, procurando por comida. Bateu com seu bico em uma pedra.

Dentro da montanha, se ouvia o barulho surdo provocado pelas suas batidas, que durou vários minutos. Os salões estavam repletos de ouro e joias preciosas. O antigo tesouro dos anões, perdido quando um terrível mau assolou a montanha. A mais de sessenta anos aqueles salões estavam lá, intactos da mesma maneira que haviam sido deixados. 

Havia um montanha de ouro. Parecia um amontoado normal, como tantos outros. Mas aquele era diferente. Muito diferente dos outros.

Uma grande fumaça saiu daquele monte, fazendo com que uma parte do ouro caísse, de volta para o chão. E no buraco que se abriu, havia um olho fechado. O olho se abriu.

O olho que representava o mal.

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