Estava deitada em algo macio.
Uma coisa era baixa, fina e parecia velha. A outra era grossa, quente e estava em um ângulo que a deixava enrijecida.
Percebi que estava deitada com uma parte do corpo em um colchão e outra na perna de Bucky.
Ele afagava meus cabelos, me abraçando pelo peito. Seu braço estava quente, e parecia estar lá a algum tempo. Senti minhas costas contra seu tórax, enquanto parecia me ninar.
A claridade queimava meus olhos, embora a fonte de luz viesse de trás. Olhei em volta e vi um sofá na altura dos meus olhos, à frente uma mesa metálica amassada com duas cadeiras, e do outro lado uma parede verde com respingos de sangue.
Apertei os olhos e vi, sobre o sofá, alguns potes de algodão, esparadrapo, água oxigenada, gelo, papéis e toalhas ensanguentados. Consegui ver a mão de Bucky, que segurava meu pescoço gentilmente, e percebi sangue seco acumulado em baixo de suas unhas e manchas vermelhas pelos dedos. Haviam dois copos de água no chão, um deles vazio e o outro com uma mancha de lábios vermelha, quase intocado. Observei uma caixa de remédio para dores musculares, outra de antibióticos, uma para cólica e outro para a cabeça. Por que uma para cólica?
Baixei a cabeça e a repousei na mão do soldado. Senti algo repuxar a pele das minhas têmporas, como uma daquelas fitas para distensão muscular. Olhei para sua mão, respirei fundo e beijei as costas daquela bolsa de água quente feita de carne e osso.
- Oi, meu amor! – Sua voz era a coisa mais suave do mundo. Ele parecia falar com um bebê que tinha acabado de acordar. – Oi, oi, oi!
Ele ajeitou a coluna, levantando minhas costas lentamente. Barnes colocou meu corpo inclinado entre o colchão e seu tronco. Suas mãos arrumaram minha perna enfaixada e minha cabeça dolorida. Ele ajustou minha blusa e meu cabelo preso em seus dedos.
- Está doendo? – Sua voz estava inquieta como ele.
- Oi, amor! – Não sei como ele me escutou, porque nem eu entendi o que disse. – Estou... Melhor impossível...
- Você tem que tomar esses remédios! – As pílulas eram enormes. Ele pegou um de cada caixa, deixando para trás o remédio de cólica.
Engoli os três e percebi que o copo quase cheio era meu. Então eu já tinha bebido água...
- Há quanto tempo estamos aqui? – Tentava virar o rosto para vê-lo, mas suas mãos não deixavam. Ele queria que eu ficasse olhando para frente.
- Três dias, meu amor. – Ele desembaraçava meu cabelo com seus dedos. – Mas você está bem melhor do que ontem!
Eu sorri, mas estava preocupada em como me recuperaria.
- Você também está se cuidando? – Eu não queria que ele se desgastasse comigo.
- Vou fingir que você não perguntou isso, e responder alguma coisa aleatória. – Senti que sorria, e isso me animou. – Sim, essa blusa é minha e não, não tenho um short.
Só então percebi que estava sem calça e com uma blusa vinho de manga comprida que era muito maior do que o que costumo usar. Ela tinha o cheiro de Bucky e sua colônia leve.
- Você me trocou? – Quero dizer, isso era meio óbvio. – Espera... você me deu banho?
Um silêncio se instaurou na sala. Eu não podia conter meu sorriso e queria rir, mas tinha medo da dor.
- Poxa, nunca imaginei que não lembraria disso... – Olhei para a borda da mesa de metal, tentando usar o material para ver o reflexo de Bucky. – E nem que eu estaria desacordada... Agora estou triste. Você tem que me ajudar agora, então.
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A Feiticeira Desconhecida
FantasyQuando um feitiço desconhecido aparece para uma aluna da Corvinal, sua vida vira de ponta cabeça. Ela acorda em um lugar desconhecido. Onde ela está? Como voltará para casa? Isso se ela realmente quiser voltar... #72 e...