A Deusa dos Parafusos Soltos

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pra quem ainda não entendeu, nessa fic eu tô usando pronomes ele/o e ela/a com Melog, dando normalmente preferência a ele/o. 

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- She-Ra se tornou um alvo dos imperialistas de Remnant.

O começo do discurso de Catra é categórico, mas mais uma formalidade do que um informativo: todos os acólitos e aldeões já sabem o que aconteceu tintim por tintim.
- Há dois dias, fomos atacados por um grupo de cinco assassinos de Remnant, após duas caçadoras tentarem recrutar a Deusa do Poder para a sua causa. A resposta imediata à recusa nos leva a crer que para eles, se não estamos com eles, estamos contra eles, e portanto devemos ser eliminados.

Silêncio. Adora, parada ao seu lado durante todo o discurso com os dedos entrelaçados aos seus, aperta sua mão.
- Iremos nos mudar, e nada poderá ficar para trás. Melog encontrou um novo local, numa pequena ilha próxima a Ménagerie. Não podemos deixar o menor vestígio de que um dia, nosso templo e nossa vila estiveram aqui.

Catra percebe que algumas cabeças na multidão se abaixam, mas não ouve um protesto sequer.
- Eu, infelizmente, não poderei acompanhá-los durante o seu percurso.

E dessa vez, ela sente os mais de quinhentos olhares presentes simultaneamente sobre si, todos com um único questionamento: por quê?
- Ontem à noite, Melog descobriu que Salem está planejando algo. Para proteger a... paz mundial – Catra se sente incrivelmente estúpida dizendo isso, visto que o mundo se encontra em estado de guerra constante há anos, mas ela sabe que se adicionarem Salem à mistura, o caos que conheceram até então parecerá uma piada – uma intervenção rápida se faz necessária, e todos nós sabemos que Ozpin nunca moveria um dedo por ninguém.

Silêncio. Não há concordância, discordância, protesto, só uma pergunta nos olhos deles: "e quanto a nós?". Por dentro, Catra se sente mortificada.
- She-Ra e Melog vos protegerão.

Catra dá um passo para trás, se afastando da dianteira do palco, desvencilhando seus dedos dos de Adora, e desce pelo fundo, indo se encontrar com Melog enquanto She-Ra e alguns dos seus acólitos mais importantes tentam acalmar a multidão.
- Hey. Eu sei que você está aí – ela murmura ao ar, caminhando entre as pilastras do templo – apareça logo.

Dito e feito, Melog se materializa à sua frente. Uma corrente de pensamentos e sentimentos dele imediatamente invade a mente de Catra.
- Awn, você vai me dar reforço? Que fofo. Mas se for necessário, você seria capaz de lutar contra a deusa mais pirada que já surgiu com somente uma parcela do seu poder?

Melog possui um dom que Catra gosta de chamar de "semi-onipresença", só para irritá-la. Ela é capaz de dividir sua consciência em diversos lugares ao mesmo tempo enquanto as mantém conectadas, e teletransportar-se à vontade não somente entre elas, como para qualquer lugar do mundo. O lado positivo é que Catra, She-Ra e os acólitos estão sempre informados de tudo o que acontece no mundo, o tempo todo, sem que ninguém tenha informações sobre eles. O lado negativo, para Melog pelo menos, é que seu poder mágico bruto fica dividido.
- Você que sabe – replica Catra, diante da confirmação de Melog. No momento seguinte, tudo ao redor dos dois desaparece, e gira como se estivessem num redemoinho, e então o redemoinho some e dá lugar a um local completamente novo. Catra cruza o braço sobre o peito, sentindo calafrios. Odeia esse lugar.

O reino de Salem se localiza n'algum lugar de Anima, no supracontinente de Remnant. Poças negras que parecem petróleo se estendem até onde a vista alcança, e vez ou outra uma daquelas criaturas nojentas da Salem, às quais ela chama de grimms, se arrastam para fora. Há alguns séculos, Salem tentara inundar Remnant com essas suas criaturas, dando criação à profissão dos caçadores, mas nos últimos anos, passara a perceber essa estratégia como ineficiente e recolhera suas forças para o coração do seu reino secreto.
- Vamos logo, Melog. Quanto antes sairmos daqui, melhor.

Após a Morte de Um PanteãoDonde viven las historias. Descúbrelo ahora