04. Primeiro Passo.

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[NOTAS]: EH NADA PARÇA, EH NADAAAAAAAAAAAAAAAAAA!!! MALUCO, OLHA ISSO, 227K DE LEITURA COM TRÊS CAPÍTULOS. CÊS TÃO OUVINO MEUS BRADO? KAOSKAOKSOAKOA

Na moral, MUITO MUITO MUITO MUITO obrigada. Nem se eu escrevesse oitocentos "obrigada" conseguiria expressar a felicidade que eu tô da fic ter dito tanta repercussão. Vocês são uma fonte poderosíssima de incentivo pra mim, então só tenho a agradecer incansavelmente por tirarem um tempo da vida de vocês pra ler o que eu escrevo. Vocês não fazem ideia do quanto isso me faz bem.

MAS ENFIM, tá aí, quinze mil palavras fresquinhas pra vcs se esbaldarem. A ideia era que esse capítulo fosse maior, mas resolvi dividir pra que, assim, eu pudesse escrever a outra parte e postar mês que vem (se der). E EH ISTO, espero que gostem!

Boa leitura e leiam as notas finais!

#MorangoCanhoto 🍓

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"Há de findar o mal que fere, por acaso, tal como o desviver dos astros à despedida da noite e do dia?"

Samanda, 2020.

Terça-feira, 11h40.

Três.

Ao todo, três árduas investidas decretaram a gênese do tormento. Foram longas, quase eternas, arrastadas com a displicência quase fúnebre que perdurou pelos próximos segundos. Talvez fossem os ruídos molhados, a atmosfera febril ou, sob última hipótese, o perene ranger da madeira gasta contra a tintura corroída na parede. Talvez fossem os cascalhos no quintal, a quentura de verão, ou o tic-tac preguiçoso do relógio na estante. Na mão, a contagem de inconvenientes me tomou cada um dos dedos, embora soubesse — como sempre soube e trataria de saber — que eram todos, sem uma única exceção, elementos coadjuvantes da minha angústia.

Que todo e qualquer inferno mundano era preferível a estar ali, com ele.

Sexo: o berço de tudo, combustível das paixões que nascem, crescem e queimam na banalidade juvenil como se nada mais importasse. As recordações dos meus primeiros contatos sexuais eram vagas o bastante para que não houvesse possibilidade de distinguir um ponto de partida, muito embora ainda carregasse a sensação de nunca ter efetivamente pertencido ao êxtase do que costumavam chamar de tesão. Os relatos entusiasmados aos quais tive acesso durante a vida ainda pareciam muito distantes de quaisquer assimilações que eu houvesse feito quanto à prática. Àquela altura, o destoar remanescente entre projeção e realidade me servia como primeira e única companhia nas dadas condições.

Era suposto que me distraísse tanto quando estava sob seu corpo? Ou que me debruçasse sobre devaneios nada alusivos à fricção ardida dos nossos sexos? Sequer fazia sentido entrar naquele debate, um debate mental de incongruência persistente que não me ajudaria em nada; não ali, não com ele. Os rastros de prazer nos olhos escuros de Kyuhyun soavam como o caminho mais adequado, a trajetória mais viável para propositalmente me perder nas sensações que deveria estar sentindo e que, por causa velada, não sentia.

Tachar como horríveis nossas manhãs de sexo — como essa e muitas outras que a antecederam —, não seria de todo justo. Era apenas... frio, mórbido, como um ritual que há muito já perdera significado ou razão para continuar existindo. Atritos mecânicos e gemidos degradantes constituíam boa parte da experiência suposta a ser mágica, sem grandes mudanças ou reviravoltas comoventes. Só sexo, fluidos que iam e vinham em ritmos maçantes de eterna languidez.

Trocávamos posições como se elas detivessem algum poder místico de esquentar as coisas ou como se não soubéssemos que o problema não residia em falhas de execução, mas no cerne do que aquela relação se configurava. Teimávamos em tornar disso uma alternativa religiosa aos orgasmos pendentes que nunca, nunca vinham, conhecendo bem o final de todas aquelas tentativas e, ainda assim, persistindo no erro como dois tolos inteiramente perdidos em si mesmos.

VERMELHO DO CAOS • jjk + pjmOnde as histórias ganham vida. Descobre agora