14. Quando a música reflete em problemas a lenda do escapismo.

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#MorceguinhoCerejinha

Eu gostaria de ter um controle remoto em minha mão para apertar e pular dessa aula chata e sem graça de química.

Tipo Adam Sendler em click.

Eu não me dou bem com exatas. Números soam como a morte, agradável, para mim, seriam eles em minha conta bancária. Não em um quadro, ordenando que sejam respondidos.

De qualquer forma, quando eu checo o horário em meu relógio de pulso, a serotonina parece encontrar um caminho específico para chegar até mim. Estamos quase no fim.

Ao meu lado, Seokjin parece mais concentrado em fazer bolinhas de papel e repassá-las à Hoseok, o coitado é o único disposto a estudar, o único a vir para a escola com este objetivo. Atrás de mim, Taehyung rabisca seu caderno especial para desenhos, quando giro meu corpo para espiar, ele suspira rabiscando um balãozinho de diálogo que estava desenhado acima da cabeça de um garoto.

Nós trocamos poucas palavras hoje, o que é engraçado uma vez que estamos sempre com um megafone em nossa garganta, dispostos a conversar sem parar e expor isso ao mundo.

— Dia difícil? — Questiono.

— Todos os dias, no caso. — Suspira, fechando o caderno. Abandona o lápis e une os olhos, tampando-os com a palma da mão. — Mas hoje está sendo incrivelmente foda.

— O que houve? — Levanto um novo questionamento.

— Eu chamo isso de ressaca, Chim. — Hoseok amassa uma bolinha de papel, jogando em Seokjin. — Vocês não foram a uma boate ontem? Tae bebeu pinga como se estivesse tomando água.

Franzo o cenho, batendo meus dedos contra a mesa de estudo que Taehyung ocupa. Hoseok e Seokjin não foram à boate, Vante me chamou de última hora e sabia que nossos dois amigos – por morarem mais distantes, não poderiam comparecer.

O que não adiantou coisinha alguma. Tivemos que lidar com um Seokjin surtando por ter perdido uma oportunidade incrível de ter conhecido a Rock Me.

E enquanto ele seguia fazendo um alvoroço, eu rumava arrependido e me questionando por não conseguir parar de me meter em confusões. Isso deve ser algum tipo de karma ou fetiche, não é possível. Aliás, é. Tudo é.

— Achei que tivesse ficado sóbrio, quando eu saí de lá você aparentava estar tranquilo. — Refutei, roendo minha unha, consequentemente, ganhando um corinho dolorido por cutucá-la.

O garoto de cabelos azuis ergueu o olhar para mim, eu via isso quase como um "Olhe bem para minha cara atual, eu pareço ter tido uma noite tranquila?" Respirei fundo, virando para minha mesa, juntando meu material e o guardando.

— Se quiser conversar sobre isso... — Deixei no ar após ajeitar a mochila em meu colo.

Vante deu de ombros, repetindo o que eu fiz, assim como Jin e Hoseok fizeram. Eu aguardava ansiosamente para que o sinal batesse, mas enquanto a tortura não tinha fim, deixei que meu olhar curioso pairasse sobre as três carteiras ao fundo da sala; estavam vazias.

Dândi, Yoongi e Namjoon não vieram à escola.

Bem, é a primeira vez que o trio falta por completo, antes somente Dân chegou a faltar.

Eu sinto estranhamento em não tê-lo aqui, beira a sentir saudades.

Deixei sua casa logo cedo, muito cedo, e corri para a minha, afinal, tinha aula. Não cheguei a perguntar se ele viria, eu só acordei – e me surpreendi por ele estar desperto, senti dores chatinhas de cabeça e pedi que abrisse o portão para mim, saí correndo após acenar loucamente.

ROCK MÁFIAOnde as histórias ganham vida. Descobre agora