Fitando a abóbada, vi algumas estrelas tentando sobreviver na atmosfera poluída. A Lua também brilhava palidamente; acho que era minguante, não sei ao certo agora.
Foi então que, repentinamente e de soslaio, observei um traço de luz riscar o céu como um giz mágico na lousa do espaço. "Meteoro", pensei sem dar maior importância a princípio. Mas os meteoros desapareciam rápidos com a fricção, já que boa parte deles não era muito maior do que uma ervilha. Todavia, aquele "meteoro" em particular persistiu, cruzando o céu de leste a oeste. Apesar de eu continuar a não ouvir coisa alguma, o brilho daquele objeto foi aumentando, a ponto de iluminar os telhados e as ruas. E foi crescendo e crescendo. Meu torpor cedeu lugar a inquietação e ao medo. Por fim ele se perdeu atrás de algumas árvores distantes.
Quase no mesmo momento, um estrondo, uma onda de choque, fez o chão tremer e as damas-da-noite que enfeitavam a rua em que eu me encontrava farfalharem, ocasionando uma chuva de folhas e pétalas brancas. Perdi o equilíbrio na guia da calçada e cai. Esfolei os joelhos e as palmas das mãos que passaram a arder como se eu os tivesse encostado em uma chapa quente. Cadernos e apostilas esvoaçaram feito aves assustadas. Machucado, sujo e sentindo muita dor, recolhi meus materiais de escola conforme pude, sem desprender de todo os olhos da direção de onde supunha ter ocorrido o impacto. Avistei luzes multicores explodirem de baixo para cima como grandes fogos de artifício.
Não demorou para as pessoas assustadas emergirem de suas casas.
Quando fui mordida, não havia tempo para pensar. Apenas uma fração de segundo entre a mordida e o início da transformação. A primeira onda de calor se espalhou pelo meu corpo como fogo, queimando cada fibra do meu ser. Eu queria gritar, mas minha voz estava presa na minha garganta, sufocada pela agonia. Era como se meu corpo estivesse se despedaçando, como se cada osso estivesse se quebrando ao mesmo tempo.
A dor era tão intensa que eu desejava estar morta. A sensação de estar viva - ou o que quer que isso significasse agora - era uma tortura sem fim. Meu coração batia rápido, mas não por causa da adrenalina; era um sinal do que eu estava perdendo: minha humanidade.
Eu me perguntava se algum dia conseguiria escapar dessa prisão infernal que agora era meu próprio corpo.
Essa é uma fanfic criada aparti do livro "A breve segunda vida de Bree Tanner", como uma alternativa sobre o que teria acontecido se Bree tivesse sobrevivido em eclipse. É sem qualquer fim lucrativo, apenas feito de fã pra fã.