Mil e quinhentas léguas é o que separa a costa sul-americana de uma ilha esquecida pelo resto do mundo. Último lar e mausoléu para os criminosos mais vis, há trinta anos foi a fundação para uma das maiores prisões intocadas pelo conhecimento popular. Maior até que a infame Alcatraz, era chamada de Ilha Desespero. Histórias advindas do local eram as mais variadas e estranhas. Alguns dizem que, num passado remoto, do qual não existem registros, a ilha era habitada por uma tribo que venerava entidades pagãs. Os mais velhos acreditavam que o propósito dos bárbaros era vingar-se do homem civilizado, que os havia expulsado do âmbito social por serem vistos como bruxos. Os boatos não eram infundados. Outros confabulam que, embora dedicassem suas vidas à invocação de seres sobrenaturais, os nativos nunca obtiveram êxito. Até a chegada de um estrangeiro. Seu nome era John Blackfaith. Levado à ilha pela sua ambição e crença de que em algum lugar nela havia um tesouro escondido, John não foi sozinho. Carregando consigo uma sede que o faria esquecer os limites para saciar sua ganância, presenteou a tribo com uma abrupta chacina. Certificou-se de que não restara ninguém para revelar os horrores daquele dia. À procura do suposto tesouro, foi atraído pelo poder emanado de insólitos rituais e sucumbiu à sedução do profano. Por conseguinte, encontrou o que tanto procurava, e então construiu seu império, uma prisão de celas frias e corredores tomados por sussurros sem lábios. Não demorou para que o lugar tivesse acolhido em seu ventre homens capazes dos piores atos. Contudo, o que muitos não sabem é que a prisão era só fachada.
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