All the Things She Said

6K 321 82
                                    

Autora "pov"

O Sol já estava se pondo quando um carro estacionou em frente ao bar, descendo dele uma garota acompanhada observou o edifício, antes de olhar novamente no papel para garantir se o local era realmente ali.

Enquanto isso dentro daquele lugar no subsolo em passos rápidos Senhor Veríssimo se aproximou da sala da adolescente que ficava ao lado da sua. Há segundos escutou o barulho de dois tiros ecoando por toda a base, e agora duvidava de sua decisão de trazer Agatha para a Ordem, pois querendo ou não, ela era um perigo para os outros agentes.

Ao abrir a porta não pôde conter um gemido de desgosto ao ver sangue por todo lado, incluindo na adolescente que segurava uma Glock apontada para uma pequena poça de sangue e gosma no chão, uma neblina leve cobria a sala e onde especificamente aquele ser estava - agora destruído -  parecia mais concentrada.

Agatha notou a presença do mais velho na sala, um sorriso se abriu em seu rosto, um sorriso que uma adolescente normal não daria em uma situação como aquelas. Mas Agatha não era uma típica adolescente normal.

- Velho! - Deixando a arma sobre a bancada no meio de livros e medalhões ela se aproximou,  pegando um livro no caminho e o folheando a procura de algo para começar a tagarelar sobre seus rituais.

- Agatha, o que aconteceu aqui? - Questionou ele, vendo a mais jovem erguer o olhar de forma debochada, como se fosse claro o que havia acontecido ali.

- Você 'tá ficando cego, velhote? É um ritual! - Zombou e apontou para a gosma no chão que era o motivo por ela ter as roupas toda sujas. - Pela primeira vez a membrana ficou fina e isso saiu de lá! É um avanço do caralho!

- Olha a boca! - Escutaram a voz de Arthur gritar do outro lado do corredor, ambos nem estranharam a voz do além do Cervero já que a porta estava aberta e Agatha era escandalosa demais.

- Agatha, eu entendo que estava animada com isso mas se precisou de uma arma pra cuidar disso, quer dizer que não está sendo cuidadosa o suficiente, - Andando na direção do ritual, senhor Veríssimo encontrou a gosma destruída com duas balas derretendo dentro dela, com cuidado se abaixou, não entrando diretamente no círculo e analisou, havia bastante sangue para um animal pequeno mas muita gosma para já ter sido algo normal. - Quero que limpe tudo. - se levantou e olhou na direção da mais baixa. - E depois descanse, não quero ver você mais aqui hoje lidando com isso.

-O quê?! - O grito foi escutado por quase toda a Ordem mas foi incrivelmente ignorado pelo senhor de idade que saiu da sala vermelha e seguiu para seu próprio escritório, fingindo que não ouvia Agatha andar atrás de si e batendo a porta em sua cara..

Enquanto isso acontecia, descendo as escadas estava Tristan ao lado de uma garota de cabelos curtos e castanhos, enquanto ele falava animadamente, a menina ao seu lado apenas abraçava uma pasta contra o peito e tentava prestar atenção no que ele falava. Não costumava usar aquele tipo de roupa, mas para falar com o famoso senhor Veríssimo preferiu usar uma blusa de botões branca e a calça justa, a franja que sempre estava sobre os olhos foi jogada para o lado, tudo para causar uma boa impressão.

Enquanto Tristan a apresentava a Ordem, se sentiu um pouco amedrontada ao ver o quão forte todos pareciam, sempre bem armados, altos e sérios, enquanto ela com seus 1,60 parecia um cachorrinho assustado que apenas olhava tudo calada.

Quando se aproximavam de uma das salas, algo lhe chamou atenção. Um adolescente de provavelmente sua idade, entrando em uma sala que emitia a luz vermelha e batendo a porta com força em seguida, parecia com raiva e havia acabado de sair da direção da porta que agora ela estava de frente, ao lado de Tristan.

- E por último, aqui é a sala do senhor Veríssimo. -Ditou o moreno enquanto batia na porta, logo um aviso foi dado de dentro para que entrassem.

Tristan abriu a porta fazendo sinal com a cabeça para que ela pudesse entrar, obedecendo ao mais velho a novata entrou na sala segurando com mais força a pasta contra seu peito. Ao contrário de antes, agora a música não tocava mais, a mesa estava arrumada e o homem estava com o rosto mais relaxado a ponto de ter um sorriso no canto dos lábios ao ver a garota que não via há tempos. Fazendo um sinal com a mão apontou para a cadeira do outro lado da mesa, pedindo para que ela se sentasse, e assim feito, vendo de canto dos olhos o homem que a acompanhava sair de fininho fechando a porta do escritório.

Puxando um papel de dentro de uma das gavetas o homem entregou para a jovem a sua frente, vendo-a, em troca, lhe entregar a pasta que tinha nos braços, ali havia alguns contratos enviados pelos pais da mesma, eram alguns dos apoiadores da Ordem, diga-se de passagem quem mais enviavam dinheiro para aquele lugar, na verdade foram os primeiros a realmente botarem fé em Arnaldo também.

- Você será uma ótima aquisição para a ordem, garanto que seus pais sabem o que estão fazendo. - Começou o homem enquanto folheava os documentos. Já a conhecia há tempos, e não era uma surpresa ela se interessar pelo caminho doparanormal.

- Eu vim porque tenho interesse em ajudar. - respondeu pela primeira vez enquanto folheava o dossiê de alguns casos antigos, casos que ela já tinha conhecimento pelo motivo de seus pais estarem envolvidos na Ordem, casos dos quais ela preferia ler sobre do que ouvir alguém contando. Ao desviar o olhar dos papéis encarou o homem à sua frente.

- Seu caso é um pouco complicado. - iniciou o homem enquanto guardava a pasta na gaveta. - Seus pais me pediram diretamente para não te colocar em ação tão cedo, pediram para ficar aqui e nos ajudar de dentro, não em campo. - em resposta, a adolescente acenou em concordância. - Sendo assim, poderemos enviar mais agentes daqui para o campo caso fizer seu trabalho direito, e isso será ótimo.

A novata continuava calada ouvindo enquanto ele falava, sabia que não adiantaria atuar em campo, foi criada em berço de ouro sem nunca sequer precisar segurar uma arma antes, seria burrice ir atrás de monstros se não havia nem uma boa mira, então aceitaria qualquer papel que lhe fosse designado por seu novo "chefe", apenas queria estar ali para estudar, estudar tudo o que pudesse e ajudar quem precisasse de suporte.

Mesmo com seus olhos focados no senhor a sua frente nenhuma palavra era captada pela garota, então quando a porta se abriu abruptamente atrás dela, sua primeira reação foi se virar com medo encarando quem estava ali, e se surpreendeu ao ver o adolescente de antes.

Agatha estava com os cabelos levemente bagunçados e uma roupa que com certeza não era sua, parecia haver acabado de sair do banho e com raiva, muita raiva. Seus olhos negros chegavam a reluzir ao olhar para o homem que suspirou ao notar que teria que aguentar mais uma birra adolescente de Agatha. Mas antes que a de cabelos curtos na porta dissesse algo seus olhos encontraram os verdes da novata sentada de forma que tentava se esconder na cadeira, suas mãos seguravam o papel com força e seus lábios se pressionavam do susto que havia levado.

Pela primeira vez, Agatha se acalmou rápido como se sua raiva tivesse dissipado em segundos sem ter o que queria em troca, aqueles olhos haviam conseguido a deixar calma? Não, não era a palavra exata, ela mesmo não saberia descrever.

Senhor Verissimo não pôde deixar de notar a mudança abrupta do estado de humor da adolescente na porta, e então uma ideia surgiu em sua mente, com os olhos analisou Agatha por alguns segundos, e depois analisou a nova agente, e enfim tomou uma decisão que esperava não se arrepender tão cedo.

Continua...

All the Things She SaidOnde histórias criam vida. Descubra agora