Capítulo Único

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Noah's Pov

Eu sempre fui solitário. Eu gostava de viver na solidão. Meus pais morreram quando eu ainda era jovem, nunca tive amigos e meus relacionamentos não duravam muito tempo. Geralmente, eu sempre saia com o coração quebrado por causa de algum garoto estúpido.

Por isso, eu sempre preferi viver afastado de todos. Eu me isolava no meu apartamento minúsculo ou no meu trabalho cansativo. Odiava movimentos e pessoas a minha volta, eu odiava ter que manter um diálogo ou ouvir alguém por mais de 10 minutos.

Pois é! Eu odiava, no passado. 

Depois que eu sofri o acidente que quase tirou minha vida e eu entrei nessa escuridão total, eu comecei a desgostar da solidão. Ninguém falava comigo e eu estava mais sozinho que nunca.

Foi tudo tão rápido! Em um momento eu estava dirigindo tranquilamente até a minha casa depois de um dia exaustivo no trabalho, estava no meu silêncio confortável, quando um carro me atingiu em um cruzamento. Eu lembro da luz forte dos faróis daquele carro. Lembro da dor ao bater a cabeça na janela do carro e ouvir o barulho do vidro se quebrando em mil pedacinhos. Lembro do cheiro de sangue que me cercou e lembro das vozes dos paramédicos me dizendo para ficar acordado. A culpa não foi minha, eu sempre dirigi bem e eu tenho certeza que o semáforo estava verde. Bom, não adianta colocar a culpa em ninguém mais.

Mas então eu apaguei e não acordei mais. Não estou morto, pois ouço a voz de médicos e enfermeiros. Eu só não consigo me mexer, falar ou abrir os olhos. Eu estou em coma! É tudo escuro onde eu estou, mas eu me sinto vivo e solitário de uma forma que me apavora.

— Esse é o paciente que você ficará encarregado de cuidar. — Ouço algumas vozes. — Ele está em coma há duas semanas... — Uau! Já faz tudo isso? — E não tem muitas complicações para você que é novo. É só ver se está tudo certo com as máquinas, o soro e auxiliar o médico responsável.

— Ahn... Ok! — Ouço outra voz, desta vez mais suave e eu não sei porque, gostei de ouvi-lá. — E a família dele? 

— Ele não tem ninguém! — É, olha só! Todo ferrado!

— Oh meu Deus! Isso é muito triste! — Nem tanto, eu estava acostumado a viver assim, mas agora eu tenho... Medo?

— Com licença! — Uma terceira voz, dessa vez de uma mulher. — Estão chamando o senhor lá no centro cirúrgico.

— Ah, sim! Fique à vontade, garoto! — A voz do homem e da mulher se afastam. 

Por um momento eu acho que o meu corpo em coma está sozinho no quarto novamente, mas só até ouvir a voz suave conversando... Comigo? — Então, você é Noah Urrea! Prazer, eu sou Josh Beauchamp, vou ser seu enfermeiro particular, entre aspas.

Por que ele está conversando comigo? Ninguém nunca fez isso antes.

— Bom, vejamos... 25 anos! Você é jovem! — Ele ainda está falando comigo. Eu queria tanto respondê-lo, pela primeira vez na vida. — Caramba, que coincidência! Fazemos aniversário no mesmo dia!

Eu não estou entendendo nada, mas estou me sentindo menos insignificante.

— Foi um acidente feio, né? — Brinca e ouço a risada dele — Desculpe rir disso, você está aí mal e eu aqui rindo. — Não, não se desculpe! Foi feio sim e se eu pudesse, riria com você. — Tudo certo com as máquinas e o soro.

Boa notícia! Eu acho...

— Sabe, Noah, acho que podemos ser bons amigos. — Esse cara é maluco! 

(...) 

E então ele continuou vindo mais vezes e conversando comigo. Josh me contava que dia era, como estava o tempo lá fora, me informava até às horas. Eu já sabia tudo sobre a vida dele e eu não estava cansado de ouvir.

Back To Life (OneShot Nosh)Where stories live. Discover now