Havia ali uma energia mais voltada para o futuro do que qualquer outro lugar que eu já estive.
Era um prédio peculiar. Os números dos apartamentos eram representados por filamentos em neon. Em uma das portas havia uma nave espacial, em um trabalho feito com Led. Uma luz roxa era emitida da nave em direção a fechadura. A abertura de um portal, pensei maravilhada. Eu estava extremamente curiosa pra saber qual era a porta de Valentina.
Há tão pouco tempo eu comecei a entender mais sobre a vida fora deste planeta, canalizando informações, e agora eu estava entrando em outra dimensão enquanto percorríamos aquele corredor. Quando o pensamento interdimensional cessou, Valentina ergueu o braço, sinalizando o apartamento à nossa frente. Houve ali uma conexão com o meu sonho. A plataforma metálica da nave surgiu na minha tela mental.
— Octávia, esse é Novax. Ela disse saudando a criatura ao lado da porta de metal.
Novax era um robô rosa. Sua cabeça era transparente, deixando em evidencia o seu cérebro, se é que eu poderia chamar assim aquela placa cheia de circuitos, envolta por platina. Ao longo do seu corpo haviam circunferências energéticas cintilantes. Eram sete, cada uma de uma cor. Os tamanhos eram unânimes. Possuíam o tamanho de uma bola de tênis. A primeira delas era um emaranhado energético na cor violeta. Essa ficava na base da cabeça, a cima da placa cerebral. A segunda era índigo e estava localizada entre os seus olhos. A terceira estava na altura da garganta, e era azul. A próxima estava inserida no seu peito, lateralizada para o lado esquerdo. Essa possuía a cor verde no centro e ao seu redor uma luminosidade rosa resplandecia. A baixo dela, na altura do estômago, a esfera era amarela. No umbigo a cor laranja predominava e a última esfera, localizada na região pélvica, era de cor vermelha. Todas elas giraram em tempos diferentes. Uma engrenagem peculiar o compunha. Uma de suas mãos estava posicionada sobre a maçaneta. Ele possuía forma humana e seus olhos eram arroxeados. O corpo era esguio e magro. Novax era hipnotizante.
— Saudações, humano! Não estou reconhecendo sua frequência vibracional. Novax emitiu um comando de voz. O não reconhecimento deixou seus olhos vermelhos, negando a abertura da porta.
— Por gentileza, não gostaria de causar algum infortúnio a vossa energia, mas necessito que diga para Novax qual é o seu número de registro. Após essa solicitação, seus olhos voltaram a cor roxa. Eu estava de boca aberta, literalmente.
Valentina revirou os olhos, bufando.
— É a Val, Novax. Estou um pouco bêbada, por isso não reconhece a minha vibração. Ela posicionou sua testa em frente a teste dele.
— Oh! Desculpe-me por este constrangimento. Seu acesso é livre, bailarina espacial! Vou emitir uma onda de 432 hertz para elevar sua frequência vibratória, assim terei mais clareza sobre o seu sistema. Novax tinha emoção em sua voz.
Uma musicalidade meditativa soava daquele robô inteligente. Valentina indicou que eu fechasse os olhos para melhor absorver a energização musical. A paz daquela sonoridade inundou meu cérebro. Eu relaxei.
— Sinto sua energia mentalmente limpa após a captação da sonoridade. Não carreará nenhuma energia dissonante para o seu hangar. Disse Novax a Valentina.
— Obrigada, Novax. Disse Valentina.
— Ah, Novax! — Ela me posicionou de frente para ele. — Essa aqui é Octávia. Faça o reconhecimento de seus dispositivos energéticos.
— Um instante. — Cada uma das sete circunferências eletrônicas que o compunha, emitiram luzes nas suas respectivas cores, em direção ao meu corpo. — Prontinho. Já reconheço sua energia, Octávia. Octávia é um nome feminino. Reconheci sua energia andrógena. Você é uma bailarina espacial um tanto peculiar. Novax era bastante interativo.
— Eu sou outra bailarina espacial peculiar? — Eu perguntei incrédula enquanto Novax retirava sua mão de cima da maçaneta, para que abríssemos a porta.
— Novax, estamos cansadas. Você terá outras oportunidades para interagir com Oc, tá bem? Disse Valentina.
— Certo. Guardando heterônimo de Octávia... Oc andrógena. Ele disse enquanto Valentina fechava a porta.
— Que diabos é isso? Eu perguntei incrédula.
— Novax é uma inteligência artificial energética. Valentina explicou.
— Como assim? Ele capta as energias das pessoas?
— Como ele é uma Inteligência, ele ajusta seus receptores para receber os comprimentos das ondas emitidas em sua direção. Nesse caso, como emitimos energias, ele capta as nossas ondas e faz o reconhecimento individual. Ele faz uma seleção dos receptores e analisa a emissão das frequências energéticas. E quando eu solicito, ele faz o cadastramento da energia, sintonizando em seu banco de dados. — Ela explicou detalhadamente. — Você viu que ele não abriu a porta pra mim? Por eu estar com a energia mais zoada?
— Que incrível isso! Da onde você tirou essa ideia? Eu nunca vi isso antes! Eu estava maravilhada com aquela genialidade toda.
— Então, é uma longa história... Ela coçou a cabeça.
— Pode resumir um pouquinho? Eu tô muito curiosa! — Eu disse perdendo os meus olhos em um sofá em formado de uma nave espacial. — UAU! Sua casa não é da Terra! Quando você vai parar de me surpreender?
Ela sorriu enquanto largava a bolsa sobre a bancada de mármore da cozinha americana. Sua cozinha era toda trabalhada em inox. A cor metálica combinava com ela, de certa forma, potencializava sua energia, como se o aço inoxidável captasse energias cósmicas, derramando-as sobre seu corpo.
— Um dia aleatório eu entrei em uma nave. Ela disse.
Paralisei, interrompendo o voo no sofá. Voltei meu corpo totalmente para ela. Não podia ser verdade o que eu acabara de ouvir. Ela entrou na mesma nave que eu havia entrado. Essa frase disparou sinapses frenéticas no meu cérebro.
As palavras emergidas da boca de Valentina circundavam minha cabeça, em uma ciranda alucinadamente cósmica. O eco daquela frase não penetrou somente os meus ouvidos, penetrou igualmente o topo da minha cabeça. Houve uma abertura fractal no meu coronário. Meu mental estava receptivo a informações importantíssimas que ali pulsavam.
Ao mesmo tempo que eu olhava para Valentina, que encarava o meu olhar viajante, visualizei sobre mim um holograma branco, por onde, em espiral, uma informação sonoramente esquisita agulhou meus ouvidos e mente: suas energias foram condensadas. Uma conexão necessita ser estabelecida para a realização da atividade coletiva. A união cósmica ressoa em ambos os corpos.
Cada vez mais eu sentia meus olhos distantes do meu corpo, na tentativa de alcançar mais informação. A voz não era de Elli. Era uma voz estridente como a voz de um locutor de rádio em uma frequência mal sintonizada. A voz chiava os meus ouvidos, intrigava a minha mente. Sentia minha consciência volatizando para fora do meu corpo.
— Octávia? Você está me ouvindo? Valentina segurava meu rosto, sacudindo a minha cabeça.
— Você entrou onde? Perguntei tomando uma respiração profunda.
— Eu entrei em uma nave em um dia aleatório. — Ela repetiu pausadamente. — Você tem medo dessas coisas?
— Por acaso a nave que você entrou era azul, e a senha para entrar na sala era a letra N e os seres que há habitavam possuíam asas e eram bizarros? Perguntei começando a ficar tonta com toda aquela energia que nos circundava.
Valentina deu dois passos para trás, tão confusa quanto eu.
— Espera aí, essa é a Novax! Como você sabe disso? Ela quis saber.
— Subimos na mesma nave.
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Nave da Oitava Projeto Novax Volume 2
Science Fiction"O deslocamento ocorreu tão rapidamente quanto o meu pensamento. Pensei que cairia. Era extremamente novo estar deitada na minha cama e ao mesmo tempo em outro planeta. Eu sentia um tremendo frio, mas isso não me incomodou. Quando me aproximei do pa...