Capítulos 1 e 2

225 5 2
                                    

Capítulo Um

   A cidade em que frequento é dividida em duas partes, os que temem e os que lutam pela liberdade. Desde que cheguei, me adequar as regras do lugar foi um pouco complicado. "Devem sempre tomar uma dose do suco de ervas da madame Serafina" a atual prefeita dizia que era para nossa proteção; mamãe, papai e meus irmãos seguiam essa tal regra, já eu era contra pois não sabia o motivo pelo qual era obrigatório o uso daquela bebida; meu frasco eu derramava no vaso de planta da minha mãe. Nos mudamos faz aproximadamente seis meses, o avô do meu pai foi um dos fundadores da cidade; após seu falecimento deixou a casa para seu filho, que passou para meu pai; juntamente com um diário informando como aconteceu a fundação, do início até o dia de sua morte.

   Papai trabalhava como professor, num curso de inglês, no centro da cidade, já minha mãe ficava em casa cuidando de nós; eu Bia e o Rafa (Eu era a irmã do meio, Rafa tem 17 anos, a Bia tem 13 e eu tenho 15). O Rafael era o tipo 'Bad Boy' da sala, tinha todas as garotas que quisesse num 'estalar de dedos', seu corpo bem definido deixava qualquer um no 'chinelo'; Bia é uma rebeldesinha que nessa fase quer tudo na sua hora, e meus pais fazem de tudo para ver um sorrisinho no rosto dela. Desnecessário.

Atualmente estudo no Gard, a escola pública do bairro, já que nossa família se muda com frequência devido os problemas pessoais ou financeiros. Todos os dias me acordo às 06:30 da manhã, preparo um leite quente, troco de roupa e vou para escola acompanhada do Rafa, que sempre insiste para que eu seja mais social.

- Acontece, que eu sou tímida!

- Mas fazer amigos é bom Booh. - Todos me chamava assim desde que posso me lembrar. Mesmo sendo popular, Rafa sempre me tratou bem e sempre me deu atenção.

- Bom dia Rafa. - Uma menina, que parecia ter minha idade cumprimentou meu irmão e seguiu seu rumo, Rafael apenas sorriu e acenou.

- Está vendo? - Ele sinalizou para a moça que passou por nós agora pouco. - Eu nem conheço essa menina, provavelmente ela me quer.

- Você é muito convencido! - Dei um soquinho em seu ombro e ele riu brevemente. - Eu tenho uma amiga; a Cristal.

- Só a Cristal não vale! - Falou. - Vamos Booh, você deve ter outros amigos.

- Rafa, eu não sou você, tenho dificuldade de me comunicar! Chega desse assunto!

- Tudo bem, que tal entrar no assunto: "Querido diário, quando vejo aqueles cabelos dourados ao vento mexendo de um lado para o outro, tento me segurar para não ir á seu encontro e 'tascar' um abraço naqueles braços músculosos e..." - Ele falava tudo com tanta afirmação e certeza que eu poderia me convencer que ele estivera falando sério, até eu me lembrar o que eu tinha escrito no meu diário. Vou matar esse filho da mãe!

- RAFAEL! VOCÊ NÃO FEZ ISSO! - gritei com meu irmão na rua quase sete horas da manhã. - VOCÊ NÃO PODIA, ISSO É MEU! MINHAS COISAS! VOCÊ NÃO TEM ESSE DIREITO!

- Calma maninha, não vou dizer a ninguém. - Eu confio no Rafa, mas isso era meu segredo que só a Cristal sabia, até agora.

   No canto da calçada mais adiante, estava minha única amiga, com sua bolsa por entre os ombros e usando fones de ouvidos de sempre. Cristal era filha do pastor da igreja que eu frequentava, ela parecia não seguir os ensinamentos que o próprio pai pregava; pelo menos na minha frente. Minha melhor amiga tem um corpo de boneca, e rosto de princesa, sua pele branca e seus cabelos negros acentuavam os olhos verdes. Me despedi do Rafa, que logo ia arrumar outra companhia, e fui ao encontro da Cris.

- Bom dia! - Cheguei ao seu lado.

- Bom dia Booh, tudo bem? - Ela tirou os fones.

- Tudo! Você fez o trabalho de história?

You've reached the end of published parts.

⏰ Last updated: Feb 21, 2015 ⏰

Add this story to your Library to get notified about new parts!

Demônios... A História Nunca Contada.Where stories live. Discover now