What's wrong with you?

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Notas: Sim, semana passada não rolou de postar e hoje eu quase ia esquecendo tb pq tava mt ocupada, mas o HikariMat me lembrou. Apreciem a desgraça 💥

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A aura do vampiro mudou tão assustadoramente rápido que Zoro ficou sem reação por um instante. No rosto de Sanji estava estampado pavor, pânico, e Zoro mal teve tempo de segurá-lo em seus braços antes que o vampiro caísse derrotado no chão. Zoro continuou segurando o corpo que tremia, mas Sanji parecia estar alheio a ele, alheio a tudo, só murmurava consigo mesmo bem baixinho e continuava tremendo. 

Zoro tentava processar aquele comportamento e era semelhante ao que ele já havia visto algumas vezes, parecido com o dia que ele chegou em casa e Sanji o havia visto assassinar alguns vampiros por exemplo, o impulso de se esconder, de sumir. Mas, dessa vez Zoro tinha certeza que não havia feito nada errado. Nem mesmo poderia, já que fazia semanas que sequer deixava o castelo. Além do mais, Sanji não parecia estar com medo dele, não parecia afastá-lo como da outra vez. 

— O que há com você? — Zoro perguntou, soando mais preocupado do que era o normal para sua voz rude e mal-educada, enquanto tentava erguer o rosto gelado do loiro para encarar seus olhos. Sanji não queria olhá-lo, no entanto. E também não queria respondê-lo. O que fazia Zoro ficar impaciente e frustrado por não entender.

— Eu preciso que você fale comigo. — O caçador pediu, já não sabendo mais o que fazer com aquela forma tão estranha e vulnerável de Sanji.

Eram eles. Sanji sabia, não havia como errar. Ele se lembrava perfeitamente da aura de seus irmãos, mesmo que estivessem há tantos quilômetros. Algo que ele achou que nunca mais sentiria e realmente desejou isso, jamais se encontrar com aqueles três outra vez. Parecia que havia um nó em sua garganta que o impedia de respirar. Não existia nenhuma força em suas pernas, Sanji sequer conseguia se manter em pé. Todas as lembranças de sua infância voltavam ao mesmo tempo, todas as vezes em que fora forçado a fazer algo que não desejava. Sanji não aguentava aquilo. 

Sua mente parecia um completo branco, seus sentidos sempre tão apurados, estavam completamente desligados, como se assim pudesse esconder sua existência, fingir que não estava por perto. Mas ele sabia que já era muito tarde e a direção que aqueles três tomavam terminava exatamente em seu castelo. Não havia como fugir. A cada segundo eles se aproximavam mais. Então, no fundo daquele vazio, ele lembrou de Zoro. 

O garoto estava ali. Havia um humano em seu território, e ele precisava resolver esse problema em minutos para evitar que o matassem. 

O vazio de seus olhos desapareceu e provavelmente ele nunca usou seus poderes com tanta eficácia. Não pôde responder o moreno, não podia perder um único segundo. A velocidade absurda o ajudou a recolher cada vestígio do humano por todo castelo e antes que Zoro pudesse sequer notar seu sumiço, Sanji já estava de volta e mais uma vez não teve tempo para explicações. 

— O que diabos você está fazendo? — Zoro o observava como se ele tivesse enlouquecido completamente enquanto Sanji abria a porta do forno de pedra.

Todo pertence que era do moreno ele havia jogado dentro do forno e queimado nas chamas, com exceção das espadas que foram guardadas e trancadas dentro de seu caixão. Até mesmo a roupa que Zoro vestia, que nem mesmo era dele e sim do próprio vampiro, fora queimada, deixando assim o jovem quase completamente exposto.

Os olhos de Sanji estavam cheios de lágrimas durante todo o processo, ele precisava esconder, camuflar a existência de Zoro, fingir que ele não existia como uma pessoa e sim como um estoque de sangue vivo. Se enojava com o pensamento, mas era a única forma de terem uma mínima chance de sobreviverem. Se algum de seus irmãos desconfiasse de qualquer coisa, estariam ferrados. Carregou Zoro até uma parte que nunca usou do castelo, em que os vampiros que antes moravam ali utilizavam para manter suas presas encarceradas. Até o cheiro daquele lugar o deixava com vontade de vomitar. Quando algemou as mãos dele, as lágrimas deslizaram por seu rosto e apenas restou a Sanji segurar o rosto moreno e beijá-lo profunda e amorosamente, tentando transmitir todos seus sentimentos para ele. 

— Perdão, Zoro. — Sanji disse com a voz baixa e o rosto completamente molhado. O corpo do mais novo estava coberto de mordidas, então era claro que estava usando-o para se alimentar, mas não era apenas para isso. Zoro não era apenas sangue para Sanji. — Eu te amo. Me desculpe. 

Ele sabia que não seria compreendido e depois do que faria Zoro voltaria a odiá-lo, mas preferia seu ódio do que sua morte. Se tivesse um único minuto para poder explicar tudo, pedir que ele colaborasse, mas era muito tarde.  

— O que… — A pergunta morreu nos lábios de Zoro ao perceber que Sanji sequer estava ali para escutá-lo, havia o beijado, pedido desculpas e sumido no ar.

Ele queria gritar, xingar aquele maldito até que ele explicasse alguma coisa, rosnar, mas só foi deixado falando com as paredes frias da cela em que estava.

Sua cabeça estava rodando, mal teve tempo de acompanhar a velocidade do vampiro enquanto ele fazia aquelas coisas estranhas tão repentinamente, já que estava com a guarda baixa, como sempre era o caso quando se tratava de Sanji. Não entendia por que fora jogado numa cela suja sem suas roupas, por que estava algemado e por que Sanji não poderia gastar alguns minutos explicando que insanidade toda era aquela.

— O que merda está acontecendo? Você enlouqueceu? O que eu fiz dessa vez?!!! — Eram as perguntas que ele repetia sozinho enquanto socava a parede como podia com aquelas algemas pesadas de ferro fundido, descontando toda sua raiva na prisão mofada em que se encontrava, gritando consigo mesmo o que gostaria de gritar na cara de Sanji. Seu sangue borbulhava e sua paciência estava no limite.

Até que ele finalmente ficou quieto e prestou atenção. Inconfundivelmente era a presença de outros vampiros. Estava tão perto que possivelmente já estavam ali há mais tempo, mas ele estava ocupado demais com sua raiva para notar. Zoro estava acostumado com a presença vampiresca ali naquele castelo, obviamente, mas aquilo não era Sanji. Era completamente diferente, mais forte, mais intimidante.

E surpreendentemente ele reconhecia aquela aura.

Your Blood Is My Wine - ZoSan Where stories live. Discover now