Capítulo 1

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Mingi sempre achou tatuagens super maneiras. A ideia de ter uma imagem marcada para sempre em sua pele era quase eletrizante. Uma marca artificial, mas permanente, e sempre um sonho distante. Até não ser mais tão distante assim. Jongho fora o primeiro de seus amigos a fazer uma, e segundo ele não havia doído nem um pouco. Mas Mingi não era louco de acreditar cegamente num homem que quebrava maçãs com as mãos nuas. Em seguida foi Yunho, com uma tatuagem de Harry Potter para a surpresa de ninguém. E não demorou muito até que os dois se unissem para tentar convencer MIngi de fazer uma tatuagem.

Depois de muita insistência, o rapaz cedeu. Passou horas encarando centenas de imagens no Pinterest, pensando na tatuagem perfeita. Mingi não era a mais corajosa das pessoas, longe disso. Então se fosse para encarar meia dúzia de agulhas por algumas horas, então pelo menos que valesse a pena. E ele também recusava-se a desperdiçar o pouco dinheiro que tinha! Como estudante universitário, as únicas coisas que ele tinha de sobra eram estresse e olheiras.

Havia chegado o dia. Era um estúdio relativamente simples, mas aconchegante, e sua entrada era uma loja, com itens de decoração, roupas e sapatos à venda - quase todos pretos. Jóias e brincos alternativos estavam dispostos em vitrines, e tudo indicava que muitos deles eram artesanais ou personalizados. O chão era de madeira, e fazia um barulho oco a cada passo, do tipo que faz você se sentir como uma madame andando de salto num piso de mármore. As paredes pareciam ser pretas, porém havia tantos pósteres e imagens colados que era difícil ter certeza. Algumas dessas imagens pareciam ser autorais, e também haviam pequenos desenhos coloridos espremidos entre as imagens. Mingi julgou que tais desenhos deviam ser autoria de Hongjoong, o mesmo rapaz que havia feito o design da imagem que iria adornar seu braço.

E era também Hongjoong -que Mingi achava ser dono- que o aguardava ao balcão quando chegou. Ele tinha os cabelos azuis e tantos brincos que era difícil contar, mas acima de tudo era um cara legal. Mingi só esperava que seu tatuador também fosse assim, pois ele não duvidava da sua própria capacidade de fugir caso se deparasse com uma tatuador grande e mal-encarado. Mingi já estava se preparando psicologicamente para encarar alguém de cara fechada, barba grande e a cara cheia de tatuagens.

Porém, o que ele encontrou o surpreendeu do melhor jeito possível. O tatuador era um rapaz bonito e carismático. Tão bonito que Mingi teve que lembrar a si mesmo que não devia encarar demais. San - como ele havia se apresentado - tinha os cabelos coloridos em uma mistura de preto e vermelho e um único piercing na sobrancelha. Trajava uma blusa de frio grande demais para ele e um sorriso no rosto.

— Mingi, certo?

— Isso!

— Certo, Mingi. Essa é sua primeira tatuagem, né?

— É sim. Tá tão na cara assim?

San deu uma risada e as covinhas de suas bochechas apareceram. Covinhas! Naquele momento Mingi sentiu que poderia fazer qualquer coisa só para ver aquele sorriso de novo, pois além de terrivelmente gay, ele era facilmente impressionável.

San mostrou a Mingi os equipamentos que usaria e explicou rapidamente como funcionava o processo. Depois de colado o decalque, a parte fácil havia acabado. Chegara a parte das agulhas. San tranquilizou Mingi dizendo que ele logo iria se acostumar com a sensação, mas a afirmação pouco fez por ele quando a agulha tocou a parte superior de seu braço pela primeira vez.

Doeu. E a vontade do rapaz sendo tatuado era de xingar o outro, mas se conteve. Tatuagens não são baratas, mas Mingi tinha quase certeza que "xingar o tatuador" não estava incluído no pacote. Era um formigamento ardido, dolorido e muito incômodo. Mas, San estava certo e após pouco tempo a dor o incomodou menos. Talvez a dor inicial fosse mais medo e apreensão do que dor de fato.

like ink on skin • minsanOnde histórias criam vida. Descubra agora