• O PREÇO DA LIBERDADE •

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26 de Janeiro de 1831 

A partir do momento em que fui presenteada com esse diário, confesso que fiquei horas pensando em como começar e hoje, cheguei à conclusão que é melhor me apresentar. Olá, meu nome é Jade Morales, tenho 10 anos e vivo com minha família em uma pequena fazenda no interior da Espanha. Tenho 3 irmãos, Cristian é o mais velho, ele tem 19 anos. Depois vem Andressa de 16 anos e logo em seguida, Isabel com 13 anos. Minha mãe nos abandonou quando eu ainda era muito jovem, então meu pai nos criou com ajuda de alguns empregados, creio que ele se esforçou bastante para nos fornecer uma educação adequada e ainda continuar com seu hobbies, fazer grandes invenções, até o momento, nenhuma foi um grande espetáculo ou obteve sucesso, porém tenho fé que um dia, se tornará um grande inventor. Ao contrário dos meus irmãos, eu não posso sair de casa, meu pai contou-me que quando eu tivesse idade o suficiente, iria entender o motivo. Nunca pude brincar lá fora ou mesmo conhecer outras crianças, só conheço o mundo através de uma pequena janela que há em meu quarto, e nessa pequena janela, posso ver como o mundo é maravilhoso. O que mais me encanta é o nascer do sol, não consigo explicar em palavras o que o amanhecer representa para mim, apenas consigo sentir. É um pouco solitário pois, por mais que eu viva em casa, quase não tenho contato com meus próprios irmãos, todos os dias, sou submetida a um treinamento rigoroso de luta, manuseamento de armas e tiro ao alvo. Eu realmente não entendo o motivo disso e toda vez que o questiono, ele diz que um dia eu irei entender. Confesso que às vezes tenho vontade de fugir, mas meus irmãos me dão forças para continuar, quando conseguimos conversar, me sinto melhor, eu realmente os amo muito. Quase esqueci de falar, somos vizinhos da família Reis, porém, somos proibidos de falar ou ter qualquer contato com eles, meu pai nos proibiu. Ele diz que são pessoas desprezíveis e repugnantes, já o vi olhar para os filhos deles e os chamar de “filhos do demônio”. Acho exagero da parte do mesmo pois o pouco que pude observar, eles parecem ser pessoas normais, só vivendo suas vidas e cuidando de sua fazenda assim como nós. De qualquer forma, isso não importa, eu não posso sair de casa mesmo. Acho que isso foi tudo por hoje, eu realmente me sinto melhor escrevendo. Até a próxima, querido diário. 

06 de Maio de 1831 

Meu pai finalmente me contou, depois de tanto tempo, hoje ele me chamou para explicar tudo. Eu estava feliz pois iria entender o motivo de ser trancafiada esse tempo todo, porém, o clima não estava muito agradável, ele e meus irmãos estavam sentados em volta da lareira com uma cara fechada, o assunto parecia muito sério, e realmente era. Ele me falou que isso fazia parte de um plano para nos libertar, que isso tudo, era culpa da família Reis. Claro que na hora, eu não entendi, assim como você não deve está entendendo meu querido diário, mas eu explico. Meu pai falou que antes de contar o plano, eu deveria saber a história por trás do ódio entre as duas famílias, da época que vivíamos juntos, quando nossa pequena fazenda, fazia parte das terras deles, ele disse que nossa família os servia, éramos seus empregados ou como ele disse, seus escravos. Eles maltratavam meus antepassados que apenas cumpriam todas as suas ordens sem dizer uma única palavra, nem mesmo as crianças estavam livres disso, se elas não conseguissem realizar o trabalho braçal, eram espancadas até a morte. Meus antepassados foram torturados por 200 anos até que não aguentaram mais, resolveram tentar conversar com os Reis em busca da sua liberdade, contudo, eles não reagiram bem. Por 5 semanas seguidas, eles foram presos e torturados de todas as formas possíveis sem qualquer tipo de alimento ou água. Quando estavam à beira da morte, foram expulsos da fazenda, os Reis alegaram que finalmente, estavam livres. Sem ter para onde ir, foram buscar ajuda de um fazendeiro que fazia alguns favores para a família Reis e após contar o que tinha acontecido, o fazendeiro juntou aliados e prometeu que ia ajudar a pegar um pedaço do terreno para nós, já que vivemos juntos por anos. Dito e feito, uma pequena guerra por território se iniciou e após 3 meses, os Reis se renderam e deram ¼ de suas terras para nós. Selamos uma trégua e juramos nunca mais trocar qualquer tipo de contato e desde então, 400 anos depois, a trégua nunca foi quebrada, entretanto o coração de nossa família nunca pode perdoar o ocorrido, então é aí que eu entro na história. Como eu sou a filha mais nova e ninguém sabe da minha existência, meu pai quer que eu me infiltre como forasteira na família Reis para ganhar sua confiança e finalmente, acabar com essa família maldita. Segundo ele, fazendo isso, poderia libertar o espírito dos nossos antepassados que estavam angustiados e poderiam descansar em paz. Aparentemente, o plano pode dar certo, mas eu não entendo, isso ocorreu há 600 anos atrás, eles devem pagar por um erro que seus antepassados cometeram? Eu acho que não, porém, não irei contrariar meu pai, seus olhos se encheram de alegria ao me contar seu plano. Irei fazer isso por ele, eu vou conseguir. Meu pai disse que iremos colocar o plano em prática daqui a 4 anos para dar tempo de ele desenvolver sua mais nova invenção, um tipo de arma. Ele disse que ela comportará 6 balas e atirará muito mais rápido que as outras. Para ele, essa nova arma irá nos ajudar a vencer esses monstros, dar o tiro de misericórdia após torturamos, fazê-los pagar por tudo que fizeram. Até lá, meu treinamento se intensificará. Acho que não vou ter mais tempo de escrever em você diário, quando tudo estiver pronto, eu voltarei. Até logo.

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