12 de Julho de 2057

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Nunca percebi quanto aqui é cinza, não se pode ter muita criatividade aqui embaixo, mas mesmo assim eu gosto, me faz pensar como seria o mundo lá fora, imagino um mundo vibrante, só esperando por mim lá fora. Mitchie diz que meus desenhos ficam mais criativos a cada dia, eu gosto que ele pense isso, me faz parecer mais importante do que sou.

Estou a dezessete anos aqui, neste lugar subterrâneo, todos nós seis. Mamãe disse para nós uma vez, que foi feito para a proteção da humanidade, o mundo, como todos imaginavam se tornou inabitável, somos os últimos humanos da Terra. Sempre me sinto incomodada por ser uma humana, nós destruímos a Terra completamente, não pensamos nas gerações futuras, nos filhos, nos netos, nos bisnetos. Mamãe diz que a humanidade ainda tem salvação, e eu acredito nisso? Sinceramente, não. Alguns podem ser bons, porém alguns sempre vão ser os vilões, me pego pensando: e se isso não tivesse acontecido? Cheguei a conclusão de que nem estaria viva. Sou uma humana gerada pela ciência. Eu, e meus irmãos, éramos pequenos embriões antes de estarmos aqui, Mike sempre diz que devemos ser agradecidos por nossos antepassados que estragaram a Terra, se não fosse por eles não estaríamos vivos, e nesse momento eu não estaria no meu lugar favorito do bunker.

Não sei se contei, mas a nossa mãe é um robô criado para repovoar a Terra, ela cuida tão bem de todos nós, não sei o que seria sem ela, sou muito agradecida por, de todos os embriões, ela ter escolhido a mim, apenas uma garota de sardas, ela diz que se orgulha muito de mim todos os dias, fui a primeira a ser escolhida, as vezes me pergunto como seria se eu tivesse outros irmãos, se tivesse uma irmã chamada Kweybr que falasse uma outra língua. Mandy me deu esse caderno que ela achou, e me disse para eu começar um diário, eu na verdade estava pensando em usar para desenhar, meu caderno de desenhos está quase no fim, mas mamãe disse que vai me dar um de aniversário, então decidi fazer este diário mesmo.

Espero poder escrever mais, adorei fazer essa nova atividade, não existem muitas coisas que possamos fazer aqui, e vi em um filme, que diários eram muito comuns entre adolescentes da minha idade, queria muito ter vivido em outras épocas , ir à escola, fazer amigos novos, não aguento mais as piadas do Mike, ele parece cinco anos mais novo do que eu. Temos uma sala de aula no bunker, mas não é a mesma coisa, as aulas são sempre tão chatas e não acontecem coisas que aconteciam naqueles filmes, uma vez minha irmã, Cassie, me mostrou um filme que era sobre romances no colegial, desde aquele dia comecei a pensar em garotos, e em como minha vida seria se eu pudesse por exemplo, ir a um encontro, mamãe diz que é muito comum garotas da minha idade pensarem em garotos, e receia que não será possível que eu conheça uma alma gêmea da minha idade, ela não usou bem a palavra alma gêmea mais eu notei que adoro usar ela.

Bom hora de dormir, para que estiver lendo: boa noite.

-Clare

Diário de BunkerWhere stories live. Discover now