Eros

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     Um beijo, é pra mim, algo tão estranho... Tão curioso. Me pergunto, onde e porque aconteceu o primeiro beijo em toda a história de toda a humanidade. Quem começou a esta tradição tão bela.

Ouvi dizer que beijos podem destruir correntes, desatar laços, derrubar muros, reviver aquilo que já está morto, ou até mesmo matar aquilo que um dia viveu. Mas a pergunta que paira no meu coração, e se recusa a sair de todo jeito é, porque, um gesto tão pequeno, pode significar algo de dimensões imensuráveis assim?

Eu não entendia, não compreendia o porquê, ao menos sabia porquê faziam isso, até que aconteceu aquele dia, que ficou cravado em minha mente, corpo, alma, e até espírito, o dia em que recebi seus lábios pela primeira vez.

Foi num por do sol, lá debaixo do Moinho Do Monte, um lugar pouco movimentado, mas tão perfeito que poderia passar tardes e mais tardes lá, mesmo depois do ocorrido, ainda era o único lugar onde eu me sentia alguém de verdade. Eu estava somente com alguns trapos de veste, uma camisa branca, de tecido fino, mangas longas, e gola em formato de V, calça longa e amarrada com um pedaço de corda fina que tinha encontrado pelos cantos do casarão, e descalço, sentindo a grama verde acariciando meus pés.

E tu estavas lá, com os fios negros sendo carregados pela brisa, com os olhos em tom de verde tão marcantes, olhando pra mim.

Não costumo pensar que sou o mais bonito, não iludo a mim mesmo em questão a isso. Mas quando tu me olhas com tanto desejo e paixão, me sinto como tal.

Completamente, deliberadamente, sem moderação, e com certeza sem limite algum, apaixonado por você.

...

Cheguei no Casarão dos Van Buren, quando eu ainda era pequeno. Tinha apenas meus oito anos de idade. Não sabia de quase nada, mas com a ajuda da governanta, fui me tornando cada vez mais útil ali dentro. Romeu tinha dez.

E a nossa relação quando ainda pequenos, não era nada demais. Lembro que quando eu acabava de ajudar no almoço, e Elliot terminado seus deveres escolares, nós costumávamos brincar perto do moinho, que ficava a uma pequena trilha não muito distante do Casarão depois da floresta.

Brincávamos de subir em árvores frutíferas, esconde esconde... Brincadeiras normais de criança. Romeu era o meu único amigo, o único que eu conversava e brincava como uma criança normal, o único que me fazia sentir, que eu não servia apenas para varrer, e passar... que não me tratava como um empregado, pelo menos quando estávamos brincando.

Mas houve um certo dia, que mudou nossa relação pra sempre, algo que eu creio que nem se por acaso fosse imortal, acreditaria que aconteceria comigo, principalmente vindo dele...

Romeu tinha acabado de completar quinze anos, e no final de sua comemoração, me chamou para irmos até o Moinho, eu fiquei um pouco confuso, mas fiquei curioso para sabe o que ele queria me mostrar. O caminho não era tão longe, e nós éramos acostumados pois íamos sempre, mas no escuro da noite ficava um pouco difícil. Ele estava muito animado, andava quase que correndo para me levar até lá logo.

- Romeu! - eu disse para que ele não se apressase tanto - está escuro, não consigo ver onde ando.

- Vamos logo! - ele respondeu.

...

E assim nós chegamos, ao moinho que ficava encima do monte que ficava depois da floresta, depois de uns cinco minutos tentando atravessar a trilha.

- Então - tentando normalizar a respiração, que estava ofegante. - o que queres me mostrar?

Ele olha pra mim, enquanto tira algo de seus bolsos, não entendo de primeira vista. Mas logo depois pude ver que aquilo que ele estava tão ansioso para me mostrar, era um colar. Possivelmente banhado em ouro, e com um pingente no seu centro, que ao abrir percebi que tinha as minhas, e as suas iniciais, não era tão justo em meu pescoço. Me encantei assim que soube que realmente era um presente pra mim.

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⏰ Last updated: Jun 07, 2021 ⏰

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