For Blood

❅ Livro 1: Capítulo VII ❅

Pov. Simona Moretti

- Tem algo para me dizer, Simona? - foi o que meu pai perguntou quando entrei em seu escritório pela tarde, fazendo meu sangue gelar.

- Sobre o que? - perguntei de volta, já que poderia ser qualquer coisa.

Minha mente me levou até a noite anterior com Ethan, a forma como sua boca me dava prazer e todos aqueles beijos que me faziam arrepiar só de lembrar. Não consigo deixar de esquecer nosso momento juntos depois que terminamos de assistir ao filme, e as carícias que ele fazia em mim, Ethan era um perfeito cavalheiro e era extremamente atencioso e carinhoso. Ele nem ao menos considerou pedir para que eu o retribuísse.

- Sobre o seu novo interesse por esportes. - cruzou os braços sobre o terno de três peças e seu olhar decepcionado caiu sobre mim - Hockey, não é?!

Ele sabia, droga. Me encolhi em sua frente pronta pra ouvir mais, porque eu não era capaz de inventar uma mentira sequer. O que eu poderia dizer pra sair ilesa daquilo? Meus olhos encontraram os seus e eu era capaz de ver que ele estava desapontado comigo, claro, eu havia mentido. Muitas vezes.

- Conheci umas meninas no lago... Elas me chamaram pra ver um jogo na faculdade delas. Eu só queria ser normal um pouco.

- Você foi à uma festa de universitários, Simona. - engoli o seco, pelo menos ele acredita que eu fui para uma festa e não para a casa do Ethan - Sempre confiei em você, te deixei ter liberdade para praticar o que gostava...

- Eu sei, eu sei. - o interrompi me encolhendo - Não vai acontecer de novo.

- Não, não vai. - disse de forma dura agora. - Você está proibida de sair até que seu rosto e o de Paolo, estejam estampados na primeira página de uma revista qualquer anunciando seu noivado.

O olhei em desespero crescente, eu já podia sentir as lágrimas quererem se formar em meu rosto. Até meu noivado estar estampado... Isso seria dentro de três meses, não.

- Papà, per favore*. - imploro em um perfeito italiano, controlando minha imensa vontade de chorar.

- Simona. - sussurrou para que eu parasse e meu peito se apertou, eu sabia que havia quebrado a confiança entre nós e isso estava doendo tanto nele, quanto em mim - Eu só espero que não tenha acontecido nada que... fira a sua honra.

- Não, papà! - arregalei os olhos, bom, de certa forma minha honra não estava impecável, mas eu ainda era virgem.

Escutei um pigarreio atrás de mim e, quando me virei, vi Daniele parado na porta, seus olhos ficaram preocupados quando caíram sobre mim. Não sabia se meu irmão estava ciente da minha adversão, mas esperava que não.

- Elia está te esperando. - Daniele falou dessa vez olhando para meu pai.

- Estou indo. - suspirou ajeitando sua bela gravata azul marinho - Estamos entendidos Simona?

- Sim. - foi tudo o que consegui sussurrar antes de o ver sair dali com meu irmão.

Me permiti chorar longe dos seus olhos, aquilo estava doendo, como eu imaginei que seria quando perdesse Ethan, mas não achei que seria tão rápido.

Passei as mãos pelo meu rosto e senti meu celular vibrar no bolso da minha calça, pelo menos meu pai não havia me proibido de usá-lo. Peguei vendo o emoji de pinguim brilhar no visor, tinha colocado para disfarçar o contato do Ethan para que ninguém descobrisse.

Evitei responder, mas não demorou muito para o meu celular começar a vibrar com a sua ligação. Eu não queria ignorá-lo ou queria machucá-lo, não depois de ontem. Funguei, tentando engolir meu próprio choro e atendi depois de seis toques. Senti a tela do celular ficando molhada com as lágrimas da minha bochecha.