Não há rancores entre trapaceiros

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Aarel Skye - Não há rancores entre trapaceiros.

Ela era a mestre dos disfarces. Dona da lábia que conquistava qualquer um pelas suas palavras repletas de más intenções, ou através do seu toque aveludado.

Skye andava por Elfdragon como se fosse dona da terra e do céu. Acreditava que poderia fazer um Dragão provar do próprio fogo ou um bárbaro negar a própria fúria.

Ela dobrava o mundo a sua vontade, com acordos que não pretendia cumprir e mentiras que visava manter.

Seus olhos e cabelos violetas faziam com que ela parecesse a encarnação da primavera. Ela imaginou como seria ser a mestre das estações. Controlar a natureza, tal qual uma abelha rainha - ou um terremoto.

E na floresta de Evergreen, ela o viu pela primeira vez, como se tivesse saltado de um dos tolos versos das canções de bardo: O próprio rei das fadas, absoluto em seu trono de troncos e vinhas no centro da Clareira do Sol.

As músicas não faziam jus à sua presença radiante. Era como se a vida tilintasse ao seu redor, procurando desabrochar na sua presença. Chifres despontavam de sua cabeça como galhos imponentes, prateados contra seu cabelo azul. Um manto feito de folhas e bordado em luz, o cobria. Não precisava de uma coroa para fazer valer sua majestade.

Skye sorriu maliciosamente, se julgando inteligente o bastante para fazê-lo se dobrar aos seus intentos.

O Rei das Fadas aceitou o desafio ao ver os lábios da bela elfa se retorcerem para cima.

Por sete dias e sete noites, eles cercaram um ao outro como presa e caçador, sem saber ao certo qual papel cada um cumpria.

Aarel Skye conseguiu conquistar o coração do Rei das Fadas.

Ela achava que bastava isso para pregar uma peça nele: a doce ilusão do amor.

Mas o Rei das Fadas já havia visto eras correrem de frente para trás e de trás para frente. Ele sabia que Sky não o amava, mas ele era paciente. Sabia que o amor precisava de tempo para desabrochar, tal como as flores do inverno.

E quando Aarel Skye acreditou que o havia enganado para roubar seu poder, o Rei das Fadas a tomou para si em um pacto de servidão pelos próximos mil anos.

Os cabelos da elfa ficaram azuis, assim como os dele. Ele a cobriu de poderes e dádivas, com a promessa da imortalidade, se ela aceitasse ser sua esposa.

Skye disse que preferia a liberdade.

O Rei das Fadas então a deixou partir, junto a uma série de missões.

Se ela cumprisse todas elas, ele a libertaria. Ou morreria tentando. Mas no fundo, o poderoso rei acreditava que Aarel Skye aprenderia a amá-lo.

Skye estava certa. Ela havia semeado a mais doce das ilusões.

Mas solitária na estrada na última década, não sabia dizer se seu coração desejava a liberdade, ou a coroa.


Nota da autora: personagens inspirados no belo filme Labirinto, que sempre habitou minha imaginação.

A bruxa de EvergreenWhere stories live. Discover now