A Sonâmbula

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Senti a claridade do amanhecer, ao meu lado uma presença grande e quente. Estava tão gostoso ali... Deve ser um sonho! Rolei para ao lado e me aconcheguei, quando sinto alguém me sacudindo

- Pera aí! Que negócio é esse aqui? Acorda aí - Diz Fábio.

Acordo assustada, olho e vejo que a tal presença grande e quente era Fábio. Sem entender o que estava acontecendo, grito:

- Cafajeste! Sem vergonha! Quem foi que te deu ordem de entrar aqui dentro?

- Pera ae, não é nada disso que você está pensando!

- É isso aí. Cê tá pensando o que? Só porque estamos perdidos numa ilha tudo aqui é permitido, é? NÃO É NÃO MEU FILHO! Se com sua noiva é diferente, comigo não é não! FORA DAQUI JÁ, ANDA! 

- Fora daqui você, que essa cabana aqui é minha! - Grita Fábio, indignado - Você teve mais uma dessas suas crises de sonambulismo e se enganou de cabana, foi isso que aconteceu!

Me dou conta que realmente estou na cabana dos homens e que certamente tive mais uma crise de sonambulismo. Sinto meu rosto queimar, de vergonha provavelmente...

- Ai me deus... é mesmo... ai...

- Só que o seu sonambulismo não distingue classe social né? - Cutuca ele, referindo-se à separação de grupos que fiz - Faz favor, levanta daqui, você deveria dormir ao lado do conde isso sim...

Fábio me ergue pelo braço com firmeza e sinto um misto de vergonha com outra coisa que ainda não sei bem o que é. Preocupada, pergunto:

- E as crianças elas viram?

- Devem ter visto, não são cegas...

- Ai Fábio... Fala com elas... Explica... Você sabe que não tenho culpa! Ai meu deus... - Saio da cabana envergonhada. Mais uma crise de sonambulismo ! E pra piorar acordo ao lado do Grosseirão do Fábio! 

Encontro as crianças rindo e pergunto:

- Posso saber do que vocês estão rindo? Eu entrei lá dormindo, tá? - Sigo cabisbaixa  em direção da minha cabana com a vontade de sumir dali e encontro a Paula, com cara furiosa e mão na cintura.

- Que você está me olhando com essa cara? Eu tô muito mais furiosa do que você! - Digo com raiva, enquanto ela ainda me encara.

Dou um grito de ódio e sigo em frente... Um turbilhão de pensamentos passam por minha cabeça, como fui parar logo ao lado dele? Raiva, vergonha... Desejo... Não Jô! Esquece! Isso é raiva, ou só carência, afinal, estamos semanas nessa ilha! Como poderia sentir desejo por um grosseirão como Fábio?

A Gata Comeu - Nas entrelinhasOnde histórias criam vida. Descubra agora