Nebulosa

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César tinha um universo inteiro nos olhos.

Joui conseguia ver, nitidamente, cada uma de suas galáxias. César carregava consigo o brilho de bilhões de estrelas e um universo em expansão que o japonês amava explorar. Tão lindo. Tão único. Tão seu.

Seu universo.

Seus orbes escuros e cansados eram como buracos negros, exercendo uma atração inevitável sobre si. Ele não sabia como explicar, apenas queria sentir toda a intensidade daquele campo gravitacional que agia quando ambos estavam juntos, como se o tempo-espaço se deformasse e se moldasse novamente ao seu favor.

Então, quando pela primeira vez viu seu universo tomado por ardentes nebulosas, não se conteve. Aquele era o convite para que, finalmente, pudesse descobrir o que mais havia por trás das constantes tempestades solares que o atormentavam de tempos em tempos.

Tal como o Big Bang, Joui e César explodiram. Tudo se iluminou de forma tão exagerada que seria capaz de cegar qualquer outra forma de vida que habitasse o mesmo lugar, irradiando energia por toda parte desenfreadamente, sem parar.

Suas marcas eram constelações que Joui amava trilhar com beijos, assisitindo-o arrepiar-se por inteiro e se contorcer acima dos lençóis, tão leitosos quanto a Via Láctea. Sentia-se um verdadeiro astronauta ao desvendar cada parte, cada canto de seu corpo sinuoso, descobrindo algo novo e impressionante sobre ele, levando-o a constatar que, sim, seu universo era esplêndido de toda e qualquer forma.

Por isso, quando em seu universo começou a chover mais uma vez, sua garganta se fechou, preocupado, pensando tê-lo machucado, mas foi só mirar novamente aqueles olhos profundos, que ele soube: não eram lágrimas de dor, eram de pura e sincera satisfação, como uma bela e cativante chuva de meteoros.

O aperto em seus ombros foi mais um sinal mudo para o que ele queria, em conjunto às formas brilhantes de suas estrelas cadentes escorrendo pelas bochechas coradas ao apertar das pálpebras e o trincar intenso de seus dentes. Ele queria mais.

Então, inverteria os papéis e, neste dia, realizaria o pedido de suas estrelas.

Segurou-o mais forte, seu universo inteiro preso sob suas mãos, sensível, vulnerável e pedindo para ser explorado mais a fundo. Joui, como um fervoroso amante da astronomia (e, claro, de César), jamais poderia negar um pedido como esse.

Ele o amou, cada parte sua, como se ele pudesse se desfazer em poeira estelar a qualquer momento. Levou-o tão além que César seria capaz de ver até mesmo as próprias estrelas presas em seus olhos, embalado por aquela viagem interestelar que protagonizavam com tanto fervor. Emaranhavam-se, fundiam-se como um só, como se nada mais importasse. Eram como uma rara e poderosa fusão de buracos negros, obstinados a tornarem-se um.

E enfim, da mesma forma como começaram, terminaram: explodindo. Porém, desta vez, na forma do intenso brilho de uma supernova. Acabados, destruídos, mas tão, tão satisfeitos que, talvez, tal explosão pudesse dar origem a novas estrelas em algum lugar de seu universo.

Exaustos, corações à mil, tão velozes quanto um cometa. O sentimento de pertencimento se apoderou do peito de Joui, que não conseguia desviar o olhar dos orbes chorosos de seu amado. Foi quando, de forma totalmente despretenciosa, César o encarou de uma maneira diferente, seu olhar antes nebuloso abriu espaço para um aglomerado estelar tão carregado de carinho, que o fez suspirar, rendido. Sentiu os dedos longos repousarem-se em seu rosto, em sua constelação, e os olhares não desviaram-se nem por um milésimo de segundo. O atrito era acolhedor, como uma noite estrelada de lua cheia, e sentiu as respirações se aproximarem para, enfim, entender o significado de toda essa troca de energia.

César podia ver o universo em seus olhos também.



Oii, tude bem?

Essa foi minha primeira história Joesar, espero que tenham gostado!

bjs

Universo - Joesar auWhere stories live. Discover now