CAPÍTULO 1 - Sextamos

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        Era uma sexta-feira à tarde, a programação seria semelhante às das últimas semanas, um final de tarde acompanhada dos cachorros e de um belo vinho. Paolla estava sentada na área externa e o sol começava a dar inícios de que iria se por. Olhava para piscina com um olhar perdido e pensativo de quem estava cheia de coisas acumuladas na cabeça. O momento reflexivo é interrompido pelo barulho do celular vindo de cima da mesa de jantar. Paolla levanta e caminha até o local, olha pra tela e vê que quem ligava era Mariana:
          MARIANA: - Oii amiga! Você sumiu hoje. Tá fazendo o que? - disse a empresária demonstrando toda sua curiosidade.
           PAOLLA: - Encarando a piscina parece uma boa pra você? - respondeu em um tom claramente debochado.
           MARIANA: - Aí Paolla! Que coisa mais deprê! Você já terminou esse namoro tem umas três semanas, já deu tempo de sofrer tudo que tinha pra sofrer. Sei que você ama sua caverna e que estamos no meio de uma pandemia, mas pelo menos chamar uns amigos pra jantar cairia bem, né?
        PAOLLA: - Você tá querendo se convidar pra vir jantar aqui? Porque se for isso a resposta é não. Tô satisfeita com as lambidas do Marley e os latidos do Chopp. - retrucou sem ânimo algum.
         MARIANA: - Você tá assim porque tá sentindo a falta dele? Achei que você que quis terminar por conta de todo o desgaste dos últimos tempos. - questionou de maneira preocupada.
          PAOLLA: - Não é isso. Eu não sinto falta, ciúmes, carência... nada disso. São questionamentos que a gente acaba fazendo sobre a vida. Vou fazer 40 anos e parece que ninguém nunca da certo pra mim. Não gosto de dar ouvido ao que o povo fala, mas será que sou eu o problema? Porque não é possível, Mariana. Talvez meu destino seja ser a tiazinha cheia de gatos e cachorros, sem mais ninguém perto de mim.  - disse revelando finalmente toda angústia que estava dentro de seu peito.
           MARIANA: - Para de falar besteira, Paolla. Sei que tudo isso que está aí dentro parece algo gigante e extremamente verdadeiro, mas tenta racionalizar as coisas e perceber que talvez grande parte disso esteja relacionado com as suas inseguranças. Não é porque o seu tempo é diferente das outras pessoas que isso te faz alguém problemática, entende? A vida é curta demais pra gente tentar se encaixar no que os outros esperam da gente. Já conversamos sobre isso muitas vezes, você sempre diz que nunca teve o sonho de casar ou ter filhos então, logicamente, essa pressão não vem de você. Sem nem perceber você tá deixando que as outras pessoas, essas com quem você diz não se importar, ditem sua vida.
          PAOLLA: Aí Mariana!! A intenção era me fazer chorar? Tô cansada de tudo, sabe? Queria um tempo sozinha e afastada, mas semana que vem já começam os ensaios do Dança e vou ter que ficar uma semana lá em São Paulo. - diz ela se lamentando.
          MARIANA: A intenção não era de fazer chorar e sim pensar, mas se tá chorando é porque tem verdade no que eu te disse. Eu se fosse você não estaria reclamando de ir passar a semana em São Paulo não, melhor do que ficar em casa criando nóia na cabeça. Isso sim não condiz com uma mulher da sua idade - afirma em um tom irônico.
        PAOLLA: Te amo, tá? Vou ir tomar banho pra deitar e descansar. Amanhã a gente se fala. - diz quase sussurrando.
        MARIANA: Te amo!!
             
       Paolla fecha as portas da varanda, pega o celular e se direcionada ao andar superior. Apoia o aparelho na cabeceira e vai se direcionando ao banheiro, sendo interrompida mais uma vez por um toque de celular. Atende sem nem olhar o nome no retrovisor achando que fosse Mariana.

        PAOLLA: O que foi agora? - diz se fingindo de brava.
        MUMU: Caraca Paolla!!! Te liguei só pra bater um papo. - fala um tanto assustado
        PAOLLA: Mumu??? Achei que fosse a Mariana, ela não para de me ligar.
        MUMU: E o que ela disse pra você estar tão mordida assim? - questiona rindo.
        PAOLLA: Fica fazendo eu me questionar sobre tudo na minha vida. Isso parece uma boa justificativa pra você?
        MUMU: A vida tá tão ruim assim, rainha?
        PAOLLA: Eu diria confusa. Tudo saiu do lugar de repente. - diz se lamentando.
         MUMU: Última vez que nos falamos você disse estar super feliz, tava quase se mudando pra São Paulo. O que aconteceu? - fala em um tom preocupado.
         PAOLLA: Acabei meu namoro há quase um mês e tô meio perdido em relação a tudo, sabe?
        MUMU: Acabou o namoro, Paolla?? Pera aí pera aí que eu vou resolver sua confusão agora. - diz já rindo.
         PAOLLA: Mumu pode parar agora. Não basta a Mariana agora você também. Eu vou desligar, sério. - fala brava.
        MUMU: Rainha, calma aí. Não é nada demais, só quero te apresentar uma pessoa. Se você não gostar, pode sair da ligação. É só apertar um botão.
         Paolla revirou os olhos, pensando realmente em desligar. Não queria conhecer ninguém agora, como acabará de dizer, queria realmente ficar sozinha. Mumu digitava no celular a deixando ainda mais impaciente.
         PAOLLA: Quem é Mumu? - diz receosa.
         Mumu não responde. Se passam uns segundos até que mais um membro se junta a ligação:
         DIOGO: Fala Márcio, o que tu quer brother? - diz apoiando a cabeça no sofá.
         MUMU: Eu quero resolver todos os problemas da vida de vocês. - fala rindo.
         DIOGO: Que problema? Tô bem demais.
         PAOLLA: Exatamente! Ninguém tá com problema nenhum aqui. 
         Diogo se assusta com a voz feminina e começa a tentar reconhecer de quem era aquela voz que parecia extremamente familiar. O silêncio predomina até que ele finalmente se da conta que estava falando com uma das mulheres mais bonitas do Brasil. Totalmente sem graça, ele diz:
         DIOGO: Paolla? Que isso, Mumu?
         MUMU: Sempre achei a vibe de vocês muito parecida e queria muito apresentar vocês dois.
         DIOGO: Desculpa, Paolla. Não tinha percebido que você tava aqui. Tudo bem? Um prazer falar com você.
          PAOLLA: Imagina! Esse Mumu que é completamente fora da casinha. - diz rindo e sem graça.
          DIOGO: Doido é pouco pra ele! Tavam falando do que?
          MUMU: Paolla tava aqui falando que te acha lindo. - diz rindo.
           PAOLLA: Meu deus! Isso é mentira. - fala rindo e morrendo de vergonha.
           DIOGO: Nossa, eu sou tão feio assim? - diz entrando na brincadeira.
           PAOLLA: Não é isso! Tá vendo o que você fez, Mumu?
           MUMU: Não fiz nada, vai dizer que você não acha ele um gato? - fala a provocando.
           PAOLLA: Cala a boca Mumu! - diz com as bochechas rosas já.
           DIOGO: Não tô entendendo se isso é um elogio ou uma crítica. - fala brincando.
           PAOLLA: O que você acha? - diz completamente sem graça.
           MUMU: Diogo, mas agora é sério. O que você acha da Paolla ir sambar no show de julho? A gente tá precisando de dançarina mesmo.
           DIOGO: Ideia aprovada. Essa daí samba como ninguém, né?
            PAOLLA. Pelo menos isso eu sei desenrolar. - afirma rindo.
            DIOGO: Você tá na Grande Rio, né? Vou te roubar pra Portela.
            PAOLLA: Vai nada!! Grande Rio é minha escola do coração.
            DIOGO: A Portela pode virar também. Não é, Mumu?
             Eles então aguardam por uma reposta que não veio. Mumu não estava mais na ligação, o que eles não sabiam é que ele havia saído de propósito para que os dois pudessem conversar em particular:
            DIOGO: Ah não!! Esse cara é muito sacana!
            PAOLLA: Ele fez tudo isso de propósito!! Doído. - diz rindo.
            DIOGO: Tão ruim assim falar comigo? - questiona ele.
            PAOLLA: De novo, não foi isso que eu quis dizer. - responde ela.
             DIOGO: Então gosta da ideia de falar comigo? - questiona mais uma vez.
             PAOLLA: Aí Diogo! Tudo precisa de uma resposta? Vou começar a fazer perguntas também. Você fez o que hoje?
            Se falaram por mais de uma hora, compartilhando um pouco de informações um sobre o outro. Estavam se conhecendo aos poucos e por mais que nada passasse de uma amizade, ambos estavam gostando. Paolla segue para o banho como deveria ter feito há horas atrás. Ao sair checa o celular e vê uma mensagem na tela de bloqueio.
            📲 Diogo: Salvei seu número aqui, tá? Bom saber que não sou só eu que não tenho programa pra sexta-feira à noite. Adorei falar com você. Boa noite! Durma com Deus, linda. 😘
              Paolla lê a mensagem e quando percebe está sorrindo. Pelo seu histórico sabia que isso não era um bom sinal. Da três tapas na sua cara e decide dar um resposta curta porém educada:
            📲 Paolla: Vou salvar o seu aqui também. Boa noite! Até uma próxima 😘

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⏰ Last updated: Jul 30, 2021 ⏰

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