Prólogo

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"Regulus, o que está acontecendo?!" A voz de Narcissa era trêmula enquanto olhava para o fogo em busca de uma resposta que acalmasse seus nervos. Draco, com apenas um ano de idade, chorava em seu colo, e ela nem mesmo sabia como acalmá-lo.

"Não temos tempo, Narcissa, você precisa levar Draco e fugir. Agora!" Foi a única coisa que escutou antes do fogo se apagar e eles serem deixados no escuro.

Draco chorou ainda mais alto e Narcissa, aterrorizada, olhou em volta. Ela não conseguia ver nada além de sua sala de estar - iluminada apenas pela luz do luar -, mas não precisava ver o Lorde das Trevas para saber que ele estava ali. O ar era gélido contra sua pele, como se toda a vida tivesse sido sugada do mundo, e havia uma aura de desespero que não poderia ser replicada por qualquer outro ser vivo.

Narcissa apertou Draco contra seu peito, e correu ao escutar a porta de entrada da casa abrir. Ela entrou no quarto de seu filho e trancou a porta atrás de si, mesmo quando sabia, no fundo, que de nada iria adiantar.

Sentou na poltrona com Draco em seu colo, lágrimas silenciosas descendo por suas bochechas, e seu filho escolheu aquele momento para milagrosamente parar de chorar. Grandes olhos cinzas encontraram os dela, e ele parecia tão pequeno, tão puro, que ela sabia que faria qualquer coisa para que seu filho não morresse naquela noite, como ela certamente faria.

Regulus iria cuidar dele, ela sabia. Lucius poderia não estar mais entre eles, mas Regulus não deixaria que Draco ficasse sozinho.

Narcissa escutou o barulho de passos lentos pelo corredor e encostou a testa na cabeça de seu filho, sentindo aqueles olhos lindos nela, cheios de inocência e confusão que apenas uma criança poderia replicar.

"Eu te amo, Draco." Sussurrou Narcissa, sabendo que aqueles seriam os últimos momentos que ela teria para dizer aquilo, mesmo quando seu filho era novo demais para compreender. "Seu pai te amava também. Queria poder ter te oferecido a melhor vida do mundo, com os melhores luxos, mas não aconteceu assim." Ela beijou a bochecha gordinha de seu bebê. "Nunca se esqueça que eu te amo."

A maçaneta girou, e Narcissa rapidamente colocou seu filho sentado na poltrona e se posicionou na frente dele, protetora. Ao se ver cara a cara com o bruxo das Trevas mais poderoso da atualidade, ela sentiu medo. Mas mais importante que isso, sentiu uma necessidade de fazer com que Draco não sofresse o mesmo futuro que ela, mesmo que tivesse que salvá-lo com sua vida.

Quando as palavras do feitiço da morte se formaram nos lábios malignos de Voldemort, Narcissa sentiu sua magia se revoltar dentro de si, e quando aquele único raio verde a atingiu, ela se foi sabendo que o que quer que havia feito para proteger Draco, funcionou.

* * *

A presença de magia obscura na casa era inconfundível. Regulus pode sentir a destruição, sabia que estaria ali mesmo se os destroços da moradia não estivessem espalhados para todo o lado. O que uma vez foi toda a vida de Lucius e Narcissa Malfoy, não passava da lembrança de um dia trágico.

Ele escutou o choro infantil assim que passou pela porta, e arregalou os olhos. Regulus rapidamente caminhou até o pequeno quarto de bebê, e o que ali encontrou iria chocá-lo por anos a se seguirem.

Draco Malfoy estava em cima da grande poltrona do quarto, chorando com um desespero que não cabia a uma criança de apenas um ano de idade. Seu rostinho estava vermelho e suas bochechas molhadas. Mas o que chamava atenção era o pequeno corte em sua testa, que tinha o formato de um raio.

Narcissa estava no chão á sua frente, e Regulus sentiu uma pontada em seu peito ao notar que não estava respirando. Ainda sim, ele se aproximou e colocou dois dedos na lateral de seu pescoço, o poço em seu estômago apenas se aprofundando mais ainda quando ele não encontrou pulso algum.

Regulus se aproximou do bebê, que passou a choramingar apenas assim que o segurou no colo. Grandes olhos cinzas encontraram os seus, e ele se surpreendeu com a tristeza que o garoto de um ano de idade era capaz de conjurar. As mãozinhas gordinhas se agarraram a camisa do homem, e Regulus sentiu seu coração apertar.

"Está tudo bem, pequeno." Sussurrou ele. Sua voz pareceu acalmar o garoto, mesmo quando ele não tinha ideia se estava contando a verdade ou não.

Draco o encarou, o único resquício de choro sendo os rastros das lágrimas em suas bochechas vermelhas, e Regulus tomou a decisão que iria mudar sua vida naquele único instante.

Ele pegou o pequeno cobertor deixado no berço do bebê e cobriu Draco com o mesmo, escondendo o rostinho do garoto contra seu peito. Se abaixou, olhando para Narcissa, e usou a mão livre para fechar os olhos da mulher.

"Vou cuidar dele." Sussurrou, sua voz baixa soando como um juramento no anoitecer. "Vou fazer meu melhor, prometo."

Regulus deixou o corpo da mulher e saiu da casa, cobrindo seu rosto com o capuz de suas vestes enquanto protegia o bebê com o cobertor, sentindo as pequenas mãos ainda agarradas à sua camisa. Ninguém sabia quem estava com Draco Malfoy, e não iriam saber.

Quando Albus Dumbledore mandou Rubeus Hagrid atrás do salvador do mundo bruxo, não o encontrou.

Todos iriam conhecer a lenda do Menino-Que-Sobreviveu... Mas até que o momento chegue, ninguém iria conhecer Draco Malfoy.

A Morte em Esmeralda - O menino que sobreviveuOnde histórias criam vida. Descubra agora