Isso não é um encontro (único)

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— Caralho, Keisuke, acende logo isso aí!

Eu já estava impaciente. Baji estava enrolando de propósito depois de bolar aquele baseado, seria minha primeira vez experimentando, depois de muito insistir para meu amigo me dar essa oportunidade. Ele estava apreciando cada gota da minha ansiedade.

— Calma aí, madame, se ficar estressada vai acabar com a brisa do nosso encontro— O sorriso  deixava os caninos pontiagudos a mostra, uma característica marcante do rapaz de cabelos negros.

— Isso não é um encontro e é você que está me deixando estressada— Cruzei os braços e ele riu, pra variar, a voz grossa soava ainda mais grave quando dava suas risadas maliciosas.

— É um encontro se acabamos transando— Baji falava obscenidades com a maior naturalidade. Tirou um isqueiro do bolso acendendo o baseado para então dar uma longa tragada.

— E quem foi que disse que vou transar com você? Porque isso não vai rolar— Lancei um olhar fulminante ao vê-lo rir enquanto soltava a fumaça, tossindo um pouco no processo.

— Não seria a primeira vez— Piscou para mim antes de me entregar o cigarro— Puxa devagar, acumula a fumaça na boca e então puxa o ar, assim você traga. Não exagera, só um pouco, entendeu?

Ignorei sua primeira afirmação totalmente concentrada no que estava entre meus dedos. Minha primeira tentativa foi um desastre, era completamente de um cigarro normal, me engasguei com a fumaça e tive uma pequena crise de tosse. Baji alisava minhas costas enquanto esperava minha recuperação, me entregou um copo com um líquido que descobri ser cerveja quando dei longos goles, o olhei com os olhos marejados e ele estava se segurando para não rir. Babaca.

— Eu te falei para não exagerar.

— Mais fácil falar do que fazer, otário.

— Tenta de novo, só um pouquinho, você me encheu o saco para te deixar fumar— Pegou o copo de minha mão terminando de beber a cerveja que sobrou ali.

— Deveria ter pedido para o Mitsuya, ele com certeza seria mais paciente— O provoquei mesmo sabendo que não iria surtir efeito.

— Poderia, mas a minha erva é melhor e todo mundo sabe disso— Convencido.

Levei o baseado aos meus lábios novamente, sendo mais cautelosa dessa vez, com um pouco de desconforto, consegui seguir suas instruções, observando satisfeita a fumaça esbranquiçada sair suavemente de minha boca mas meus olhos permaneceram marejados quando lhe passei o cigarro o invejando por repetir meu ato com a maior facilidade.

Depois de um tempo, entre algumas tosses e provocações eu comecei a me sentir estranha, de um jeito até que bom.

— Ei, Keisuke— O rapaz que agora tinha amarrado seus cabelos me olhou preguiçosamente, as escleras avermelhadas denunciavam seu estado— Tudo está em câmera lenta e essa música...ela sempre foi boa assim?— Clint Eastwood do Gorillaz tocava em uma altura moderada na caixa de som, eu gostava dela mas nesse momento eu poderia jurar que foi isso que saiu das trombetas dos anjos quando Jesus nasceu.

— Eu acho que você tá é muito louca— Ele sorriu e eu também, por algum motivo isso pareceu muito engraçado do que deveria e começamos a rir um do outro por mais tempo do que imaginei.

Além da música divina, meu corpo se comportava de forma diferente, eu estava extremamente eufórica mas não tinha a mínima vontade de me mexer, como se aquela parte do sofá em que eu estava sentada me abraçasse e começasse a me fundir com ele. A ideia de me fundir com um móvel me pareceu desesperadora por um breve momento mas me atentei ao fato de que estava realmente muito louca.

A ERVA, O PAPO E OUTRAS COISAS MAIS. Imagine Keisuke BajiOnde histórias criam vida. Descubra agora