Lírio

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Sempre imaginei que um dia viveria um romance como nos livros, onde duas pessoas se apaixonam perdidamente e não conseguem mais se separar, mas isso nunca aconteceu. Me imaginava vivendo uma história de amor do tipo: Viagem em família durante as férias que acaba resultando em um romance com alguém, ou qualquer outra possibilidade de viver um romance. Sentia que precisava viver pelo menos uma história de amor para me sentir completa, mesmo que não durasse muito queria que fosse intensa, me enganei completamente em relação a isso. Não precisava de uma história trágica de amor para ser completa, demorei muito para perceber isso, só percebi quando o conheci. Um lírio puro e belo que me mostrou algo que eu mal sabia que queria, uma amizade que me libertou de meus pesadelos.

Acordei com a luz do quarto sendo acesa em meu rosto e a voz de minha mãe me acordando, ela estava animada, afinal iríamos viajar. Seria uma viagem de aproximadamente 5h de carro para o interior do Estado, iríamos ficar de sábado até quarta em um hotel, como a viagem seria demorada era preciso acordar cedo para poder chegar no hotel na hora do almoço e aproveitar parte da tarde na piscina. Basicamente, precisei acordar as 6h da manhã para me arrumar e tomar café da manhã antes de sairmos, no dia anterior já tinha deixado arrumada a mala que iria levar com as minhas coisas, então não demorei muito para ficar pronta.

Depois de tudo arrumado pegamos as malas e as levamos até o carro, assim que toda a bagagem foi posta no porta-malas saímos da garagem rumo a estrada para a nossa viagem. Meu pai estava ao volante e concentrado, ao seu lado no banco do passageiro estava a minha mãe e no banco de trás no assento do meio coberta por uma jaqueta preta estava eu com cara de sono. A ideia de viajar era divertida, mas a de acordar cedo nem um pouco, então dormi a maior parte do tempo e mesmo assim parecia continuar com sono e uma cara mal-humorada de quem queria voltar para a cama. No caminho fizemos apenas uma parada para ir ao banheiro e depois seguir viagem, esse foi um dos poucos momentos em que estava acordada.

Durante as 5h em que ficamos no carro, a maior parte fiquei dormindo, mas em alguns momentos acordei e apesar de não ter conversado muito apenas observei a paisagem ao redor, era belíssima. A estrada cortava um grande e longo terreno de campos verdejantes repletos de árvores majestosas, com plantações de diversos tipos que se estendiam por quilômetros e alguns grupos de animais, principalmente vacas. Estar ali tendo a chance de ver tal maravilha da natureza em meio ao caos do mundo, foi como ter um momento de paz em meio a tempestade. E o mar agitado balançando ferozmente suas ondas contra as rochas e a costa, se acalmou. E por um instante em tanto tempo, tive paz.

Chegamos no hotel e fomos para o estacionamento no subsolo e procuramos por uma vaga. Estava um tanto cheio e a pouca iluminação dificultavam a procura por um lugar para estacionar, com a velocidade reduzida e o farol alto ligado depois de alguns minutos finalmente achamos uma vaga próxima aos elevadores. Um pequeno corredor mais a frente levava direto para os elevadores, o que era bom já que não iria precisar puxar a mala por muito tempo e estava pesada, o que dificultava um pouco sua locomoção. Sobre os elevadores não há muito o que falar, afinal são todos iguais, cinzas, pesados e tem um espelho no interior.

O hotel era bem grande, tinha 4 torres cada uma com aproximadamente 60 quartos e tinha uma área para lazer divertida. De início sonolenta e me irritando facilmente – fiquei irritada até mesmo com a água da piscina porque a achei sebosa e iria estragar meu cabelo -, não imaginava como aquela viagem seria incrível e que iria conhecer alguém, conhecer ele. Uma pena que talvez nunca mais o veja, mas não quero esquecê-lo e por isso estou escrevendo sobre. Algumas pessoas passam por nossas vidas e nos marcam para sempre, e então o vento as leva embora deixando apenas a marca de sua passagem.

Logo que chegamos no hotel fomos até o estacionamento e depois de estacionar pegamos as malas do porta-malas e as levamos até o elevador, não demorou muito e logo as portas se abriram e entramos no mesmo, meu pai apertou o botão com a letra T que indicava térreo. Estávamos no subsolo e a recepção ficava no térreo, e para fazer o check-in e pegar a chave do quarto que iríamos ficar precisava passar por lá. A recepção era um espaço amplo e dourado, com algumas janelas de vidro que iam quase até o teto, 4 poltronas dispostas para se sentar enquanto espera, a porta de entrada era alta e larga – não me lembro se era de vidro ou madeira -, o balcão onde os recepcionistas ficavam eram de frente para a entrada e tinha mais ou menos 4 atendentes, ao lado ficava um espelho gigante. Era bem bonita mesmo não lembrando de todos os seus detalhes.

Um soproWhere stories live. Discover now