Pressentimento

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Acho que de alguma forma eu já sabia.

Não porquê cada pessoa que eu conheço me avisou, mas porquê eu sentia algum pressentimento.

Exatamente como quando você sabe que vai chover.

Era tarde, mas não tão tarde pro bréu engolir o sol.

Eu lembro de ter gargalhado de alguma piada que minha irmã fez.

Lembro do meu pai ter aumentado o volume da TV.

Lembro do meu cachorro latir umas três vezes porquê outro cachorro passou lá fora.

Minha irmã disse que estava com vontade de sair, que ia aproveitar que o tempo estava bom.

Eu gelei, do nada.

Eu disse "Não está nada bom, vai chover, vai chover."

E eu senti, juro que senti, o tempo mudando.

Escutei trovões e vi raios.

E minha família batia o pé dizendo que não cairia um pingo, mesmo com o tempo se fechando.

Eles tinham razão.

Não caiu um pingo.

Caiu milhares.

Era tarde, tão tarde que o relógio marcava três horas da madrugada.

Você tinha mandando mensagem.

"Precisamos conversar"

O tempo fechou.

Um trovão forte me fez tampar os ouvidos.

Meu olhos fecharam.

Chovia lá fora.

Chovia aqui dentro.

A tempestade lá fora fazia questão de mostrar sua fúria.

E eu sabia, não disse? Eu sabia.

Naquela noite não foi só a tempestade que acabou.

DESABAFOS DE UMA BÊBADA REVOLTADAWhere stories live. Discover now