the puzzle of happiness

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É claro que levei um susto quando Hyungwon jogou um cobertor sobre os meus ombros, o que me fez dar um pulo no sofá.

— Jooheon, você vai mesmo ficar aí a noite toda? — ele quis saber e dei de ombros, dizendo que só estava sem sono, o que não foi convincente o bastante, afinal, meu primo sabia bem o motivo de eu estar plantado naquele ponto específico da casa. — E se ele for passar a noite fora?

— Ele quem? — Me fingi de desentendido e Hyungwon rolou os olhos. Não era como se fosse difícil ver que eu estava concentrado demais olhando para a casa vizinha que pertencia a Changkyun. — É o primeiro encontro. Ele não vai dormir na casa do cara no primeiro encontro.

Ao menos era o que eu esperava.

— Vou subir e é melhor que eu não te encontre desmaiado aqui amanhã de manhã — ele disse e riu, mas eu sabia que estava preocupado.

— Eu vou daqui a pouco, hyung.

Agradeci por ele ter deixado as luzes apagadas e respirei fundo, verificando o horário no celular. Já passava das dez e não havia nem sinal de Changkyun. A última mensagem tinha sido recebida um pouco antes de ele sair para o encontro do qual falou a semana inteira, o que significava que eu já estava ali há mais de duas horas, à espreita.

Eu o vi tomar um táxi com sua clássica jaqueta de couro preta - a que ele sempre usava nos dates, porque dava sorte -, e tudo o que fiz foi suspirar em derrota.

O cara da vez se chamava Hoseok e eu tinha stalkeado as redes sociais dele - em parte porque o próprio Changkyun me induziu a fazê-lo -, descobrindo o paraíso em formato de gente: lindo, sexy e aparentemente uma pessoa que todo mundo adorava. Changkyun ficou tão empolgado que eu não consegui me sentir diferente e também o encorajei a aceitar as investidas do rapaz, mesmo sabendo que isso me faria mal.

Pensar que não era a primeira vez que eu ficava esperando seu retorno fez minha ficha cair. Eu era patético. Changkyun estava sempre se encontrando com caras novos e interessantes e mesmo que nenhum lance tenha durado mais do que poucas semanas, lá estava eu, no aguardo sobre as novidades. Todos os dates terminavam com uma carona para casa e uma vez um dos rapazes entrou com ele, passando mais de uma hora lá dentro - no dia seguinte, eu soube que eles tinham transado e fiz um esforço danado pra não demonstrar a minha chateação.

Sempre gostei do Changgie, mas nós éramos apenas melhores amigos. Por ter medo de confessar o que eu sentia, me tornei o ombro amigo para as choradeiras de pé na bunda, o conselheiro para os momentos de dúvida e o detetive que aprovava ou não um convite para sair. Cheguei até mesmo a empurrar meu primo para ele, mas Hyungwon não era bobo e, desde que veio morar aqui em casa, se deu conta do que estava acontecendo.

Ele até me deu um puxão de orelha uma vez, mas de nada adiantou: o receio em estragar a minha amizade com Changkyun era tão forte que nem Hyungwon conseguiu tirar as minhocas da minha cabeça.

Depois de um tempo fitando o visor do celular a cada dois minutos, as luzes de um automóvel clarearam a rua e eu me abaixei, ainda de olho na vizinhança. O carro estacionou na frente da casa do Changgie e meu coração ficou acelerado. Não dava pra ver o que acontecia dentro do veículo - será que eles estavam se beijando? —, mas então as portas se abriram e eles saíram.

Graças às luzes dos postes pude ver com clareza o quanto Hoseok era bonito. Seu corpo era mesmo incrível e ele parecia sorrir para Changkyun, que retribuía. Ambos seguiram até a pequena escadaria de quatro degraus da frente e continuaram trocando algumas palavras que só podiam significar que o encontro tinha sido perfeito.

Respirei fundo e quando dei por mim, já estava arrancando todas as casquinhas secas do meu lábio - o que eu fazia quando me sentia nervoso. Changkyun e Hoseok se abraçaram e, no mesmo instante, puxei uma das pelinhas com força demais, sentindo minha boca arder.

A Lovely Night | JooKyunWhere stories live. Discover now