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       Eu nunca senti isso antes. Ficar desperta por muito tempo é ruim. Há instantes que me sinto como um espectro que o universo danificou ao dar formas e cores que as pessoas ainda não conhecem. Você é apenas um enigma do acaso.

       Por um breve momento, olho ao fundo, em regiões que apenas eu consigo ver dentro de mim. São turbulentas e raras, leves e ainda assim densas que me fazem sentir contínua. Eu, sem interrupções e sem eu mesma para atrapalhar. Posso ser vida e morte, vida em todas as cores e em todas as formas. Morte com medo e morte com paz. Ou apenas morte, sem luz.  Limbo interno construído por mim.

       Indecisão que me fecha e me prende ao vazio. Apenas eu, eu pensante, agora sem cor e sem forma. Só eu, perdida.

       As vozes começam sempre de fora, terrenas e sem sentido. Ora sou oceano, ora uma estranha de mim. Parem! - grito para dentro. Mas ninguém consegue me assistir, por isso desligo o que ainda resta. 

       Revivem todos aqueles, menos eu. Quero pular para fora, mas ainda não aprendi a como pular de mim, morta e desperta - lucidez doentia. 


TRÊS FACES DE MIMWhere stories live. Discover now