TO YOUR NEW LOVER

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Acho que, talvez, não devesse estar escrevendo essa carta. Ainda sim, tenho caneta e papel em mãos e um envelope pardo. Passei horas pensando em como começar a falar ── nesse caso escrever ── tudo que queria lhe dizer.

Acho que, talvez, devesse falar tudo pessoalmente e deixar as coisas resolvidas entre nós, mas por quê? Você não teve igual consideração quando arranjou uma nova namorada enquanto ainda namorava comigo. Eu sei, são águas passadas. Ao menos para você. Para mim obviamente não.

Não me entenda mal, não estou sofrendo por ter teminado com você. Nem de longe. Nós dois sabemos que isso não faz muito meu estilo. Somos semideuses, afinal, e tenho a impressão de que um coração partido dói infinitamente menos do que un ferimento de espada ── os músicos que dizem ao contrário nunca levaram ferimentos assim, eu já ──.

Essa carta não serve para lhe dar meu perdão, muito menos para implorar que deixe sua nova namorada e volte para mim. É só um descarrego, me entende? A maneira que encontrei libertar meus fantasmas.

Não somos mais crianças, Jason. Acho que nunca o fomos realmente. Embora, deva dizer, que você age como se fosse uma muito mais vezes do que seria esperaso para um líder ── ex ── romano.

A maneira como jogou nossa amizade de anos no lixo ainda me impressiona. Veja bem, nunca pensei que nosso amor seria algo destruidor ao ponto de ainda se lembrar de mim mesmo quando uma deusa maluca rouba suas memórias. O de Percy e Annabeth era, mas o nosso? Ah, não. Nem de longe. Sempre fomos muito mais amigos do que amantes.

Eu sempre queimei como uma explosão e você... você era como a porra de uma vela sob o vento. Quando corri, você permaneceu andando em passos vacilantes.

Sei que a perda de memória te deu um belo álibi, reconheço todo o drama. Mas, sejamos sinceros, em algum momento entre a perda de memória e a sua chegada ao acampamento Júpiter ── onde exibia suas mãos dadas a de Piper de uma maneira que nunca fez comigo ──, você lembrou de mim.

Você lembrou de mim, Jason. Não vamos negar o óbvio.

Nesse ponto, seria meu direito fazer escândalo, deitar no chão e espernear. Quem sabe bater em você, na sua namoradinha, em Hera, Juno e seja lá mais quem. Eu nunca faria isso, nós dois sabemos.

Até porque, eu já desisti de você.

Perdoei as coisas que tinha para perdoar e enfiei os momentos ruins em uma caixinha que nunca mais vou abrir. Tenho a impressão de que vou rir dessa história no futuro. Não dos chifres que você me deu ou da humilhação que me fez passar ao chegar em Nova Roma de mãos dadas com sua namorada enquanto ainda eramos, oficialmente, namorados.  Mas da forma como você perdeu tanto por uma atitude assim, de como sua infatilidade te custou o respeito dos legionários e de como eu, e apenas eu, saí mais forte de tudo isso.

Aliás, eu gosto de Piper. Mais do que gosto de você, para ser sincera. Não posso culpa-la pelos seus erros de merda.

Tenho a impressão de já ter me estendido mais do que previ, a folha inteira escrita e a caneta velha falhando. Há um barulho do lado de fora, talvez um ataque de monstros ou apenas o nosso elefante fazendo arte. Não vou mais escrever por hoje. Nem em dia algum. Essa vai ser a última vez que nos falamos e espero que não seja idiota de mandar uma resposta ou tentar falar pessoalmente comigo. Como disse antes, tudo que havia para superar já foi superado. Essa é a despedida final, acho.

E, ah! Antes que eu me esqueça:

Mande minhas felicitações para sua nova namorada. Diga a ela que eu espero que sejam felizes. E, bem, trate-a melhor do que me tratou.

SEND MY LOVE • jason graceWhere stories live. Discover now