Um novo começo

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Lembrete: Oi oi pessoal, espero que quem for ler isto, goste na mesma intensidade que eu adorei escrevendo, desculpem qualquer erro e uma boa leitura desde ^-^

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Uma vez minha professora de teatro nos disse que a liberdade era única, só nossa, que escolhíamos entre ser ou não ser e que esse era nosso único e poderoso poder, mas ela era latina, ela escolheu a américa e a américa acolheu ela; eu vinha de família italiana, já era uma traição trocar de bandeira, tentar ser americana seria uma desonra para a família e na máfia italiana não se traí a família, é mais sujo que a própria morte.

- Per dio Amélia - diz minha Giulia assim que entro em casa. - O que eu falei sobre ajudar?

A encaro. Giulia era o que meu pai chamava de "segunda tentativa", ele a conheceu numa floricultura que ironicamente era para comprar flores para o enterro da minha mãe que morreu de leucemia, eu tinha só seis anos, ele era um viúvo no auge dos trinta e um, Giulia parecia ter saído das capas de revista e beirava seus vinte e cinco, então pela lógica do meu pai eu precisava o quanto antes de uma mãe e ele alguém para suprir a falta da esposa.

Os anos se passaram, Giulia tentou engravidar inúmeras vezes e quando o médico disse que seu útero era pequeno demais, meu pai se ocupava ainda mais no escritório e quase nunca estava em casa, perder a única mulher que amou já era um peso, lidar com outra infértil era demais, na concepção dele. Cresci desconhecendo o homem que me gerou, sua harmonia foi se distanciando e o sorriso foi substituído pela expressão sempre séria. Nosso relacionamento foi basicamente profissional, eu era a melhor em tudo que fazia: escola, esgrima, clube de leitura, ect. E em troca ele me dava seu sobrenome, Bianchi.

-Fui ver se tinha mais alguma coisa pra comer, foi mal - digo pegando uma das várias caixas espalhadas pela sala de entrada e levando até a ilha da enorme cozinha.

- Na próxima peça permissão, não sou sua babá e muito menos a sua mãe, e não vou permitir mais que seu pai me xingue porque eu não sei aonde a filha dele está - diz dando ênfase a quem eu sou e deixando claro que a nossa relação é limitada, mas nunca boa.

Abro a caixa e começo a tirar as taças cristalinas de dentro com cuidado. Giulia nunca precisou esconder que não gostava de mim, eu era a cara da minha mãe, cabelos castanhos longos e lisos, sobrancelhas grossas e lábios carnudos num rosto fino, meus olhos castanhos havia herdado do meu pai e a silhueta de violão da minha mãe, pernas grossas e peitos pequenos, eu era um lembrete puro do que a primeira esposa deu que Giulia jamais poderia dar para a família, um filho.

- Não se preocupa - respondo. - Vou falar com ele na próxima.

-Próxima? - ela tenta rir. - Ele não sai daquele maldito escritório desde que a porcaria dessa mudança chegou, não sai pra comer e nem beber, muito menos olha pra mim pra dizer algo.

Não preciso me virar pra saber que está magoada, eu havia me acostumado a ser ignorada pelo meu pai, mas não tem nem dois anos que ela recebeu a palavra final do médico que nunca geraria um filho para que meu pai passasse a ignorá-la também, sei que ele não a ama e desconfio que Giulia também saiba disso, e como ela não consegue fazer a única utilidade da qual ele precisa, ela não serve pra ele.

Óbvio que Giulia ainda continuava linda mesmo com trinta e sete anos, seus cabelos loiros estavam vivos e seus olhos azuis chamavam atenção de qualquer um, seus peitos ainda estavam fartos e sua barriga era magra, era reta atrás, mas o sorriso compensava qualquer falta, seu defeito mesmo era amar alguém que nem se esforçava mais.

- Um pessoal deve chegar a qualquer momento para desempacotar tudo - diz quando me vê abrir outra caixa. - Vou pedir algo pra forrar o estômago enquanto você sobe para tomar banho e decida algo agradável para usar hoje à noite.

- Hoje à noite? - a encaro.

- Fomos convidados para jantar na casa de uma família, também são italianos e se mudaram pra cá tem uns dois anos, devem ser importantes para seu pai marcar presença.

- Tudo bem - digo.

Havíamos nos mudado devido a um impasse de descumprimento de acordo com outra família e pela nossa segurança viemos para os estados unidos, meu pai ainda comandava algumas coisas, pequenos projetos, mas dava para viver bem. Havia anos que não jantávamos juntos, muito menos marcávamos presença em jantares, e pra isso acontecer, deveria ser algo realmente importante.

- Talvez são conhecidos do seu pai - Giulia dá de ombros.

Pela primeira vez opto por acreditar nela.

Chegaste ao fim dos capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Mar 06, 2022 ⏰

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