Capítulo único.

46 3 0
                                    

As gotas de chuva colidiam com o chão, fazendo barulhos altos que se mesclavam com o som dos passos rápidos de ambos os jovens. As ruas estavam totalmente vazias, se alguém os visse naquela situação, correndo no meio da chuva, por torno das onze e meia da noite, com certeza acharia que ambos tinham alguns parafusos a menos. Continuaram correndo por cerca de cinco a dez minutos, até finalmente encontrar uma loja que tinha a entrada estendida para a frente. 

Pei Su no que lhe concerne estava totalmente encharcado, ele rodeava seu olhar por aquele lugar incansavelmente tentando a reconhecer de algum modo, mesmo sabendo que as chances seriam baixas já que o moreno pouco saia de casa, então sabia pouco sobre as ruas e becos da cidade onde o próprio nasceu e cresceu. Já Banyue, apenas ficou parada e se pôs a enxugar seus longos cabelos pretos.

"Pei Su Gege, onde estamos?" A garota deixou escapar baixo, enquanto tentava pegar a mão do outro novamente.

"Oh, nós estamos… Perdidos." Ele olhou para todos os lados mais uma vez, antes de afirmar com toda certeza, "É, estamos realmente perdidos."

"Perdidos? Aonde exatamente?" Pei Su virou seu rosto para Banyue, a encarando com as sobrancelhas arqueadas como se quem perguntasse o sentido de sua pergunta, mesmo sabendo que a mais baixa não veria sua expressão, "Ah, pergunta boba da minha parte. Eu não notei, desculpa!" Ela riu no final, enquanto abraçou o mais alto.

Banyue sempre foi o tipo de pessoa que gostou de expressar seus sentimentos por meios de toques, talvez isso fosse alguma influência de seus pais, que sempre demonstram amor de forma simples dentre família, Pei Su já havia presenciado isso inúmeras vezes, de vez enquanto, até se permitia sentir inveja disso. Mesmo já tendo conhecimento dessa mania, Pei Su nunca conseguirá se acostumar a receber toques tão íntimos, principalmente vindo de uma garota tão encantadora aos seus olhos como Banyue, ele sempre acabava esboçando uma reação surpresa, ou até mesmo tendo o vermelho se apossando de suas bochechas, coisa que nunca foi problema, já que Banyue nunca viria aquilo. Oh, mas seu pai, Hua Cheng, acabou por notar aquilo, e encarou o pobre Pei Su como se fosse tirar sua alma de dentro de seu corpo e arrastá-la diretamente para a inferno. 

Algo que Pei Su acabou por notar através dos anos, era que Hua Cheng foi um pai muito conservador, diferente Xie Lian, mas de certo modo Hua Cheng nunca conseguiu impedir Banyue de fazer algo que ela queria, bastava a garota botar algumas lágrimas de crocodilo em seus olhos que o mais velho já amolecia totalmente, e a deixava fazer o que quisesse no final. Aquela obsessão de proteção que Hua Cheng tinha por Banyue, pelo que Xie Luan havia lhe contado, existia por conta da deficiência visual que ambos possuíam, mesmo sendo em graus diferente, Hua Cheng, nunca conseguirá enxergar por seu olho direito, e aparentemente isso complicou bastante sua infância, já Banyue teve a má sorte de nunca ter enxergado nada dês de seu nascimento, a garota era cega ao ponto de seus olhos serem assustadoramente esbranquiçados. Nesse ponto, tanto o pai tanto a filha possuíam uma vivência parecida, ambos com problemas na visão, e ambos cresceram dentro do mesmo orfanato. Pelo que Xie Lian o contou, Hua Cheng fez questão de ir naquele orfanato, e encontrar a criança que ele mais de identificasse, pois aquela seria a criança que "mais merecia amor".

"Mas se estamos perdidos, temos um problemão em mãos" A garota adicionou, "Eu tenho hora para voltar para casa, Pei Su Gege. Meus pais iriam te matar se você se atrasasse pelo menos um minuto para me deixar em casa."

"Estou ciente disso, mas acho que não estou pronto para ser morto, ainda sou jovem." Ele a respondeu soltando um riso abafado, recebendo em troca um sorriso bobo vindo da de franja, que chacoalhou sua cabeça negativamente.

No momento seguinte, Banyue tirou seus braços de Pei Su, e deu dois passos vagarosos a frente, antes de estender uma de suas mãos para onde o barulho parecia ser mais alto, indicando que haveria chuva, uma previsão certa, Banyue sentiu as gotas agora um pouco mais gentis caindo na palma de sua mão. Pei Su foi logo atrás dela. Enquanto encarou seu rosto, ele pôde notar a garota aleatoriamente abrir um sorriso e virar seu rosto para o lado.

Dancing under the moonlight | Peiyue Onde as histórias ganham vida. Descobre agora