Único

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Estava calor, tão calor, que quando olhou o relógio no pulso, Izuna sequer acreditou que ainda eram sete horas. Pela décima vez no dia, amaldiçoou a si mesmo por ter se esquecido do elástico que usava para prender os cabelos. Sentia os fios soltos do coque mal feito colados na nuca e a sensação estava lhe incomodando profundamente, intensificando o mau humor que lhe acompanhava desde às seis, quando chegou no canteiro de obras.

Ele detestava atrasos e, enquanto observava todo o material disposto no terreno, sequer conseguia acreditar que não poderia iniciar o trabalho por conta de um erro no projeto que, segundo o arquiteto responsável, não estava de acordo com o que o cliente queria.

Izuna, engenheiro civil, nem mesmo sabia que o arquiteto iria participar da execução. Sequer sabia o nome dele, na verdade. E não tinha a mínima vontade de saber, não quando ele atrasou um trabalho tão importante quanto aquele.

A obra em questão seria um museu. Era o maior trabalho da carreira de Izuna e ele ficou responsável pelo projeto e pela execução. Projetada em concreto pré-moldado, a obra demoraria cerca de seis meses para ficar pronta.

Isto é, caso o cronograma fosse iniciado na data correta, o que já não era o caso.

— O quê?! — Izuna mal pôde acreditar no que ouvia. Talvez o calor estivesse atrapalhando os seus sentidos.

O estagiário engoliu em seco, um sorriso nervoso nos lábios.

— O arquiteto ligou — O rapaz repetiu o que havia dito — Ele disse para dispensar os pedreiros porque a obra não poderá ser iniciada hoje.

Izuna riu, parecendo um maluco, não conseguia acreditar.

— Quem ele pensa que é? — Falou consigo mesmo, passando uma das mãos pelo rosto suado.

Kagami suspirou, dando um passo para trás, disfarçadamente.

— Ele também é responsável pela execução — Disse, cogitando a possibilidade de que o outro não soubesse.

O engenheiro bufou, ainda mais irritado.

— Você tem o contato? — Perguntou em um tom falsamente calmo e o outro lhe estendeu um papel com o número anotado à caneta.

Izuna discou o número em seu celular, já pensando em todos os xingamentos que dedicaria ao arquiteto.

— Qual é o nome dele? — Perguntou a Kagami quando levou o aparelho ao ouvido, já ouvindo o ruído característico da chamada sendo feita.

Kagami sequer precisou responder, visto que Izuna reconheceria aquela voz até se estivesse surdo.

Alô?

Ainda assim, o estagiário o fez, provando que ele não estava louco e que, de fato, o arquiteto que trabalharia consigo era:

— Tobirama Senju.

***

Já havia anoitecido e Tobirama se preparava para ir dormir quando o irmão ligou. Hashirama ficou alguns minutos lhe desejando sorte com o trabalho que conseguiria no dia seguinte e o mais novo sentiu o rosto quente, como sempre acontecia quando o outro fazia aquelas longas declarações, dizendo o quanto estava orgulhoso e o quanto ele merecia ter chegado onde chegou.

Havia um sorriso mínimo nos lábios do arquiteto quando ele desligou a chamada. Ele também estava orgulhoso e ansioso para iniciar a nova etapa do projeto no qual estava trabalhando.

Ele havia feito o projeto arquitetônico do museu e seria responsável, junto ao engenheiro, pela execução da obra. O cliente não havia sido muito exigente quanto aos detalhes, permitindo que Tobirama utilizasse de toda a sua criatividade na criação.

Fácil - TobiIzuOnde as histórias ganham vida. Descobre agora