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Era meu primeiro dia na faculdade.
Eu estava deslocada, insegura e tensa.

Minhas mãos geladas mal conseguiam sustentar os livros de biblioteconomia, enquanto eu atravessava aqueles corredores brancos sem fim.

Eu andava de cabeça baixa, tentando passar despercebida por entre todas aquelas pessoas. Mas você impediu que isso acontecesse. Você esbarrou em mim, derrubando meus livros e fazendo o maior estardalhaço. E ao invés de se desculpar, você sorriu.

O sorriso mais lindo e perigoso que eu já havia visto.

Nossas mãos se tocaram ao recolher os livros caídos, e mesmo sem perceber, o seu calor mandou para longe todo o meu gelo.

Em pouco tempo, nós estávamos dominando o mundo juntos.

Eu te contei sobre os meus medos e você jurou que me protegeria de cada um deles. Você me prometeu que não cometeríamos os erros que todos os outros cometem.

O que nós não sabíamos é que não devemos fazer promessas que não somos capazes de cumprir.

Nós éramos jovens. Nós erramos.

Você se lembra?
Provavelmente, não.

Mas eu me lembro.
Me lembro de tudo.

De cada toque, cada beijo, cada risada.

Lembro-me de cada lágrima também.

Me lembro do beijo na chuva, dos rodopios no meio da rua, da minha mão que se encaixava perfeitamente à sua.

Me lembro também daquela briga às duas da manhã, quando eu saí correndo e chorando e você me seguiu.

O sentimento era terrível. Era como se tudo o que construímos estivesse escorrendo por minhas mãos.

Quando você me alcançou, eu me preparei para a despedida, porque era tudo o que eu sabia fazer. Mas você me surpreendeu e, enxugando minhas lágrimas, disse: "Eu nunca vou te deixar".

Essa foi sua última promessa fracassada.

E o meu erro foi acreditar nela.

Ver você virando as costas, me deixando e seguindo em frente, foi a pior dor que já senti na vida. Clichê, eu sei. Mas eu sempre fui um clichê ambulante. E você sempre gostou disso em mim.

Você me apoiava.

Me fazia forte.

Você era tudo para mim.

Mas infelizmente, eu não fui o suficiente para você.




















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