✎ 2. Plan

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— O que é esse purê verde? — Louis pergunta para a mulher que servia o almoço do dia, com sua bandeja em mãos, escolhendo o que queria comer.

— Vai querer, ou não? — ela pergunta entediada enquanto segurava uma colher daquilo com uma cara de cansada.

— Coloca só um pouquinho... — Louis diz com um pouco de arrependimento na voz, usando o indicador e o dedão para indicar a quantidade.

A mulher, sem se importar com o pedido do garoto, coloca a colher inteira que segurava no prato do mesmo e chama o próximo da fila.

— Que mer-... — a mesma lança um olhar mortal para Louis, esperando ele terminar a frase, pra ver se a próxima colher daquele purê iria nele ou no prato do próximo aluno. Ele a encara, assustado, repensando melhor o que iria falar. — Que droga, tem uma pedrinha no meu tênis. Ahhhh, como é ruim essa situação. — ele diz, inventando uma mentira de última hora, enquanto se afastava mancando, dando um sorriso exagerado por medo de levar um puxão de orelha.

Assim que ele se afasta o suficiente, se vira de frente e debocha da cara da mulher com algumas caretas e imitações.

Ali era o único lugar onde você podia falar o que quiser, sobre quem quiser, quando quiser e do jeito que quiser. O refeitório. Ah, o refeitório... Um lugar mágico para alguns, e um pesadelo para outros. Um lugar barulhento e nada convidativo para pessoas quietas. Ele se formava por ninchos com mesas divididas quase que da mesma forma que as mesas em Meninas Malvadas.

Não acredita? Acho que devemos começar um tour por elas, então. É sempre muito importante saber quem são as pessoas em seu ambiente de convívio.

Como de costume, tem os nerds; onde Louis não se encaixa, porque lá são os nerds muito nerds mesmo; eles quase seguem aquele estereótipo de aparelho e óculos. Alguns usam camisa social; outros, suspensórios; e os que não se encaixam em nenhuma das duas alternativas, falam cuspindo. Se um dia, você parar para escutar alguma conversa deles, vai ouvir "burro" a cada frase que formularem. Julgar as pessoas é um dos hobbies favoritos deles; mas Louis não podia os julgar, já que era igualzinho.

Tem os gamers, onde a mesa não era ocupada por uma bandeja de comida com nutrientes necessários – não que esse purê verde seja necessário. –, e sim por salgadinhos gordurosos, bebidas com gás e embalagens de Doritos; juntamente de seus celulares, que tinham em suas capinhas, bonecas sexuais. Sobre a vestimenta, eles geralmente usavam camisas de filmes, séries ou animes, como por exemplo, Game of Thrones; Star Wars; Naruto; Homem-Aranha e por aí vai.

— Na minha opinião, a Daenerys devia ter ficado com o Jon. — um deles comenta de boca cheia, enfiando mais um Cheetos sabor requeijão na boca.

— O quê?! Você ficou maluco? — outro questiona incrédulo.

— É a minha opinião. — ele se defende.

— Sua opinião, é o cacete! Tá expulso, sai da mesa, agora. — o "líder" aponta para longe dali, mandando o garoto vazar.

Passando por eles, Louis faz o clássico: "Uhh!". Silenciosamente, óbvio. Ele não queria levar um soco no primeiro dia de aula. Mas aquilo era incrível, ele havia presenciado uma expulsão ao vivo, e olha que elas são bem raras.

Tem as patricinhas, que só faltavam trazer o seu Chihuahua chamado Mr. Bubbles pro colégio também. Elas sempre andam com bolsas de marca, óculos chiques no topo da cabeça, e casacos de pelinho, que são quase sempre cor de rosa. A maioria, normalmente, é peguete dos jogadores de Rúgbi ou dos populares.

Tem os góticos, que de um tempo pra cá, se misturaram com os roqueiros, e aí sim, se tornaram a mesa mais medonha do refeitório. Eles são o tipo de pessoa que você pergunta: "Pronomes?" E eles respondem: "Ro/ck.". Vai soar como um exagero, mas parece mesmo que eles acabaram de sair de uma festa a fantasia com o tema Halloween. E se olhar para mesa deles agora, certeza que um vai estar fazendo o símbolo do Rock com as mãos.

One Hall Pass • L.S (EM CORREÇÃO)Where stories live. Discover now