Sk8ter Boy/Don't Cry - Izzy.

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"Eu sei o quanto é doloroso, mas eu espero que você entenda: nosso relacionamento o pode mais continuar, há muita coisa a se considerar e nós não podemos forçar isso, você sabe".

As palavras do garoto ecoavam na cabeça dela. Este que a poucos minutos havia sido seu namorado, havia terminado com ela. Mas ela realmente sabia que não dava mais, por mais dolorido que fosse aquele término. E não se podia mesmo forçar algo que não ia chegar a lugar nenhum.

Ela caminhava desorientada pelas ruas movimentadas, sem se importar com as pessoas ou com os carros que buzinavam para ela, enquanto lágrimas negras borradas de rímel escorriam violentamente pelo seu rosto.

Quem nunca experimentou a dor de um término que atire a primeira pedra. Mas temos que concordar que há términos que são muito melhores que a continuação de um vínculo amoroso. E a maioria das vezes é só mais tarde que entendemos isso. Nesse caso, o término foi a melhor decisão tomada e mesmo que agora houvesse tempestade, viria sempre um dia bonito depois dela.

Ela continuou caminhando até chegar a uma praça. Quando criança, frequentava muito a mesma e agora, depois de tanto tempo sem voltar, recordava-se da maior parte dos seus momentos felizes de infância. Ela voltou justamente pra ver se aliviava sua dor no local onde, quando pequena, se abastecia de felicidade.

Ela se sentou num banco da praça e passou a olhar o ambiente ao redor. As coisas haviam mudado; os brinquedos envelheceram ou enferrujaram, a grama já não era tão verde como era na época, não havia mais o moço do algodão doce ou o da pipoca e nem o vendedor de balões. Tudo mudou.

A praça agora era feita de mesinhas com bancos de concreto, bancos de concreto individuais como o que estava sentada, cenário de piquenique entre amigos na grama, encontros de namorados e uma pista de skate. Mas apesar de o cenário todo ter mudado radicalmente como o seu coração aquele dia, ela ainda sentia as emoções que tinha quando pequena. Talvez houvesse então alguma esperança com os seus sentimentos despedaçados, mas não tinha, e ela sábia que não.

Já estava anoitecendo, e a luz do poste da praça automaticamente acendendo. Havia alguns garotos manobrando na pista de skate e quando a noite caiu, eles pararam, se despediram e foram embora. Mas um deles ficou. Este ficou circundando a praça com o seu skate, enquanto ela ainda continuava ali.

Seus pensamentos rodopiavam como o skate nos pés do garoto, nas suas memórias de infância mescladas com os acontecimentos daquele dia. Ela se recordava dos seus momentos de infância, isso a aliviava um pouco, mas ela não podia se esquecer do que havia acontecido. Ela desejou voltar no tempo em que era criança, onde só havia céu e algodão doce e não dor e lágrimas. Ela secou uma última lágrima que escorria pelo seu rosto. Sua maquiagem ainda continuava borrada.

Enquanto encarava seus pés no chão pensativa, ouviu um barulho de rodas se arrastando ao seu lado. Levantou o olhar. Era o garoto skatista que agora empinava seu skate com o pé e se sentava ao lado dela. Voltou novamente a encarar os seus pés.

- Vi que você tava chorando. Tá tudo bem com você? - Perguntou o garoto encarando-a.

- Tá, tá sim. - Falou olhando para o garoto e ajeitando a sua postura no banco.

- Tem certeza? A sua maquiagem tá toda borrada. Não é querendo ser enxerido, mas pra você estar desse jeito, não acho que esteja bem.

Ela olhou pra ele e passou a mão pelo rosto.

- Quer conversar? - Sugeriu o garoto. Ela o encarou por alguns segundos e balançou a cabeça em sinal positivo.

- O que aconteceu? - Ele perguntou chegando mais perto dela.

Tales Of Guns N' RosesWhere stories live. Discover now