Meu Clichê Romântico I (Concluída)

Capítulo 4

Logo na entrada fui recebida calorosamente por Belle, minha cachorrinha. Escolhi este nome porque ela era de uma raça francesa, Belle tinha lindos pelos brancos e em seu pescoço havia uma coleira rosa com um coração dourado pendurado, nele estava escrito bem grande seu nome. Ela tinha apenas 2 anos, mas é como se eu convivesse com ela há anos.

Tinha uma casa consideravelmente grande, era um lugar aconchegante, e com espaço suficiente para mim, minha mãe, meu pai e meu irmão, embora não fosse grande como a casa de Sarah ou Tommy por exemplo, me sentia confortável e segura ali, como jamais me sentira em nenhum outro lugar, pra mim esta era a maior função de uma casa.

Deixei Belle no chão para ir a cozinha. Entrei no cômodo e dei de cara com minha mãe preparando o jantar. Apesar de ser uma mulher rica e com a possibilidade de contratar uma cozinheira, mamãe preferia fazer o jantar ela mesma. Era seu rob e devo dizer, ela o realizava com perfeição.

- Chegou tarde hoje filha - diz um pouco preocupada.

- É que tinha muito o que fazer na biblioteca, e a Doroteia foi embora mais cedo, então eu tive que ficar pra fechar - respondi e com um só pulo me sentei em cima do balcão.

Minha mãe era uma mulher muito simpática e geniosa, se dedicava ao máximo a família. Parecia um pouco comigo mas nem tanto, sua pele era morena e seus olhos eram castanhos claros quase verdes.

- Ok , mas não fique até assim tão tarde na rua. fico preocupada com você sozinha por aí a essas horas. - disse enquanto desligava o fogo de uma panela.

- Não precisa se preocupar mais, agora eu tenho uma companhia - disse animada com a notícia.

- Como assim ? - parou tudo que estava fazendo e cruzou os braços a espera de minha resposta.

- Bom... Sabe o Dimitri ?

- Claro que sei.

- Ele é o novo assistente da biblioteca, voltei com ele hoje.

- Nossa! - expressa sua animação - Que benção! Agora fico até mais tranquila - deixei minha mãe radiante de alegria colocando a mão em seu peito.

- Que bom, assim a senhora não precisa ficar me ligando o dia inteiro. - reviro os olhos

- Você é o meu bebê, nunca deixarei de me preocupar com você, agora tome isso leve a mesa para mim por favor. - minha mãe entrega uma bandeja de salada

- Ok - digo pegando a bandeja de sua mão.

Me dirijo até a sala de jantar onde meu pai e meu irmão esperam visivelmente famintos. Assim que boto a salada na mesa, vou até meu pai e lhe dou um beijo na testa, ele corresponde com um beijo na minha bochecha, logo depois vou até Thiago meu irmão mais novo e fazemos nosso toque especial que criamos quando menores.

Meu pai era um homem alto e robusto, normalmente duro e bem distante, sempre exigente e era quase impossível não me sentir insegura quando estava perto dele. Tinha sempre que ser o mais perfeita o possível para suprir suas expectativas, e as vezes isso podia ser cansativo. Na maioria das vezes que o via ele estava lendo algo, desde um livro a um jornal, mas sua mente nunca estava totalmente desocupada.

Já meu irmão o Thiaguinho sempre estava com algum brinquedo, ele não parava, era a criança mais agitada que eu já vi, ele tinha 9 anos assim sendo 6 anos mais novo que eu. mesmo com a diferença de idade sempre fomos muito próximos, ele era o meu pequeno raio de sol, sempre me animava nos meus dias mais tristes. Tinha o mesmo tom de pele que a minha mãe e os olhos tão claros quanto os dela ou até mais. era talvez um pouco baixinho demais para sua idade, e eu sempre fazia questão de irritá-lo por isso.

Ainda tinha meu irmão mais velho, Bruno, nós não falamos muito dele. quando tinha a mesma idade que eu acabou se apaixonando por uma garota, e a engravidou, foi uma grande confusão na qual eu e Thiago caímos de paraquedas.

Hoje ele tem 21 anos e vive bem com a Namorada e meu sobrinho, mas por não ser a vida que meu pai idealizou pra ele não costumamos nos ver com frequência, na verdade raramente.

Ele não gosta de vir aqui, mas eu, mamãe e Thiago sempre vamos nas festas de aniversário dele, da esposa e do Paulo, meu sobrinho.

Bruno é bem parecido com meu pai, mas apenas na aparência. Ele também é bem alto, e bastante forte, mas seus olhos com toda certeza eram idênticos aos da mamãe.

Minha mãe finalmente bota o resto do jantar à mesa e começamos a comer, apesar de não cozinhar tão bem quanto Thiago minha mãe fazia pratos deliciosos.

- Está delicioso - elogio minha mãe.

- Obrigado filha, seu irmão quem me ajudou a fazer - Acena para Thiago

- Verdade, eu ajudei mesmo - disse todo orgulhoso

- Não tenho dúvidas, você é um ótimo cozinheiro.

- Filha contou a seu pai sobre Dimitri? - perguntou minha mãe.

- O que ela tem a me contar sobre Dimitri?- seu rosto ficou sério.

- Nada pai, é só que ele é o novo assistente da biblioteca - tento tranquilizalo

- Hum, que bom para ele, acredito que seja uma boa distração.

- Distração para o que ?

- Não soube ? Os pais dele estão se divorciando - meu pai não esboçava nenhuma reação ao me contar a notícia.

Sempre soube que os pais de Dimitri passavam pro problemas no casamento, mas nunca achei que fossem se divorciar afinal eles eram daquele jeito desde que Dimitri era um feto.

- Nossa... - não consegui formular uma frase em meio a minha surpresa.

- Sua mãe que me contou - disse enquanto cortava a carne em seu prato.

- A empregada deles descobriu e contou pra nossa empregada que me contou.

- Mamãe você e o papai não vão se divorciar né? - perguntou Thiago todo inocente.

- Claro que não filho, o seu pai é a minha alma gêmea, iremos ficar juntos até que a morte nos separe.- minha mãe tenta tranquiliza-lo.
Ficamos em silêncio o resto do jantar.