Flores para um coração congelado

capítulo 1

Não demora muito para eu escutar os guardas gritando atrás de mim, levo um susto  ao perceber que ela realmente mandou os guardas atrás da própria filha, mas felizmente Meu reflexo fala mais alto que o choque, e começo a correr para fora do castelo, na direção da pequena cidade que tinha perto da floresta, que seria meu destino final. Péssima escolha de lugar, mas não tenho outro lugar para ir. Não é como se alguém aqui fosse abrir a porta quando escutarem os guardas gritando "Mantenham ela em vista!" ou " Não a deixem fugir!"

Estava tentando ir para a casa de Amélia. A única pessoa que eu realmente consegui me entregar a ponto de ter um relacionamento. Devo conhecer ela a alguns anos, quando as coisas eram menos complicadas. Infelizmente para mim, meu aniversário é amanhã. O que me tornará a princesa coroada. E futura rainha depois da morte da minha mãe. A mesma mulher que mandou um esquadrão de guardas atrás de mim.

Como estava perto das onze horas da noite, não estava vestida para uma fuga. Não tendo nada nos pés, e com um vestido de tecido fino que batia no começo dos meus joelhos. O que não me protegia nada do ar frio aqui de fora.

Tentei começar a correr mais rápido,  sentindo minhas pernas amolecerem. Não estou acostumada a correr assim... Tento controlar melhor minha respiração, tentando parar a sensação de queimação que o ar gelado fazia ao entrar em meus pulmões. O que é quase impossível, já que parece que não consigo puxar ar o suficiente.

Não demora muito para começar a sentir uma forte dor em baixo da costela, me forçando a parar um pouco para recuperar o fôlego. Apoio as mãos nos meus joelhos, tentando fazer a forte dor parar. Mas volto a correr quando escuto a voz de um dos guardas mais alta atrás de mim.
Passo pela estrada de pedra da cidade, odiando a decisão de não ter colocado ao menos um calçado antes de sair do castelo.

Algumas das pedras que formam a pequena avenida tem lascas soltas, provavelmente fazendo alguns pequenos cortes nos meus pés. Felizmente, por conta da adrenalina correndo no meu sangue, não sinto os machucados arderem.

Fazendo com que continue minha fuga sem mais dores. Por conhecer muito bem a cidade, consigo achar um atalho que leva direto para a floresta, o que vai me ajudar a despistar alguns dos guardas já que não são todos que conhecem a cidade, tendo ficado só como seguranças no palácio.
Assim que passo pela cidade entrando na floresta, sinto pequenas gotas de chuva baterem contra minha pele. A medida que a chuva começa a engrossar, começo a sentir mais frio, me arrependendo de não ter trazido algum casaco.  Consigo sentir o tecido- agora molhado- do vestido grudar no meu corpo, deixando ele desconfortável, porém como não posso simplesmente tirar o vestido no meio da floresta, então ignoro o desconforto até chegar na pequena cabana.

Já na metade do caminho sinto o cansaço tomar conta do meu corpo, e começo a correr mais devagar sentindo meu corpo amolecer pela corrida. Decido parar um pouco, me encostando em uma árvore para descansar, começando a sentir meus pulmões queimarem pelo ar frio que os invadia. Até ouvir mais uma vez o grito dos guardas atrás de mim. Então saio correndo novamente, sentindo todo meu corpo praguejar pela ação.

Consigo ver a luz de sua casa um pouco longe, uma pequena cabana no meio de um campo bem verde.  A medida que a floresta fica para trás e meus pés entram em contato com a grama e com a terra molhada, sinto os pequenos cortes causados pelas pedras arderem. Minhas pernas doem, e meu pulmão parece que está em chamas. Sinto todos os músculos do meu corpo doerem. Preciso forçar minhas pernas a voltarem a correr, e torço para não tropeçar em alguma pedra.
Assim que chego mais perto da casa, diminuo os passos, começando a correr mais devagar.  Aproveito que a porta nunca era trancada e entro na pequena cabana sem bater. Começo a procurar Amélia no andar de baixo. E por conta da falta de ar não consigo reunir forças o suficiente para chamar seu nome. Como não posso perder muito tempo, subo para seu quarto.  Tendo somente um pensamento correndo minha mente.