Prólogo - 1947

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Universidade de St. Luke, Bristol. 1947.

O Reino Unido passava por um rigoroso inverno.  As pessoas se viram obrigadas a ficarem reclusas para não morrerem de frio. Havia muita neve. O Doutor cavava, tirando a neve da entrada do porão, enquanto o Nardole vigiava. Era o momento perfeito para o Doutor. Mas não para o Nardole.

- Sério mesmo, senhor? -Perguntou Nardole, impaciente e tremendo.

O Doutor olhou, incrédulo, para Nardole.

- O quê? Que você tá tremendo de frio mesmo tendo um corpo cibernético?

Nardole suspirou e parou imediatamente de tremer.

- Por que a Terra?

- Eu já te respondi isso antes. Eu sou o protetor da Terra. E sem falar que já tive uma estadia aqui.

- Forçada, segundo a senhora...

- Mas tive! É o que importa! - Respondeu o Doutor, irritado, interrompendo o Nardole.

- Porque nesse período?

- Porque não terá nenhum humano bisbilhotando e teremos tempo para nos acomodarmos. A ideia é a seguinte: Deixamos o Cofre no porão dessa universidade. Eu me tornarei o professor e você será o meu Valet.

- Valet?

- É o nome que os britânicos dão para assistente pessoal.

- Aaaah... - Nardole deu um leve sorriso, como se tivesse descoberto que era melhor do que ele imaginava.

- É tipo um mordomo. Só que, ao invés de você servir a uma casa, você servirá a mim.

- Mas, hein? - Nardole agora expressava profundo desgosto. 

- Ah, pára, Nardole! Eu não sou a Missy! Nem o Hydroflax. 

- Mas pode ser pior... - Resmungou Nardole, em voz alta. Em seguida, ele levou um susto ao notar que o Doutor ouviu e o encarava com as sobrancelhas arqueadas.

Seis meses depois.

O Doutor mobiliou o interior do Cofre com alguns móveis. Mas, mesmo assim, a Missy permanecia sentada no chão, com as pernas esticadas, as costas na parede e com o olhar fixo no vazio. Sem falar nada.

O Doutor estava sentado em uma cadeira, virado de costas para a porta e com a Missy em seu campo de visão alguns metros a sua frente. Ele estava comendo Yakisoba e tinha um outro pote, intocável, em cima de uma mesinha ao lado do Doutor.

- Não vai vim comer? Vai esfriar! 

Ela continuava na mesma posição, quieta e sem olhar para o Doutor. Apenas mantendo a visão na parede do outro lado do Cofre.

- Seis meses sem soltar um pio! Temos uma nova recordista aqui! - Brincou o Doutor, sorrindo, tentando levantar o astral de Missy. - Falando sério agora: O que houve, Missy?

- O que houve? Você tá me perguntando o que houve? - Indagou ela, enraivecida, se levantando depressa e indo na direção dele.

- Sim!

- Você me abandonou aqui! Me deixou sozinha!

- Pera lá! Fiquei seis meses tentando ter um diálogo com você!

- Seis meses de monólogo!

- Não porque eu quis! Você não soltou um pio durante esses seis meses!

- Repito: Por que você me abandonou!

- Do que você tá falando, criatura?

- Você impediu a minha execução, o que agradeço.... - Disse ela, fazendo reverência. -Me colocou aqui e ficou um período sem olhar na minha cara, o que não foi nada legal da sua parte; aí, sim, tiveram os seis meses de palestras suas. - Ela começou a bater palmas.

- Eu estive ocupado.

- Com o quê, posso saber? O que é mais importante do que moi? O seu lindo balão azul? - Questionou ela, desenhando um grande círculo no ar.

- A Tardis foi danificada por uma supernova projetada pelos Daleks, o que me atrasou um pouco;  eu e o Nardole fomos parar em um tal reino dos pesadelos e estive procurando onde eu deixaria o Cofre. Basicamente, foi isso.

- Bem, eu poderia ter te ajudado com os dois primeiros, tenho experiência com Daleks e pesadelos. Você sabe, né? - Disse ela, sorrindo e amigável. - Já o último item, é bem óbvio que você iria deixar na sua querida Terra, apesar que tenho algumas sugestões.

- Você ainda não demonstrou que merece a minha confiança.

- E quando você irá confiar em mim de novo?

- Veremos.



Doctor Who: Ultimum Vale Pt. 3 - Sombras InternasWhere stories live. Discover now