Locke

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Enquanto se segura em meio aos solavancos do ônibus, Locke observa a paisagem que passa pela janela, crescerá naquela cidade, e desde pequeno estava acostumado a perambular nela por conta própria, jamais se sentirá perdido, era uma das coisas de que mais se orgulhava em si mesmo. Observa as árvores da calçada darem cada vez mais lugar a postes conforme se aproxima do centro da cidade.
- Estamos chegando? - uma voz interrompe seu devaneio.
Ele olha para o rosto da pessoa a sua esquerda, sua amiga Cc morará desde criança na cidade também, mas nunca tivera o hábito e perambular pelos bairros, tampouco sozinha.
- Quer que eu segure sua mão para que não se perca? - a voz dele carrega todo o sarcasmo do mundo.
Ela observa o rosto dele por alguns instantes como se ponderasse algo em sua mente.
- Vou presumir que estamos. E até parece que... -Antes que ela possa terminar a frase o ônibus da um enorme salto quase a derruba. - Ugh!
Quase que imediatamente, num acesso de raiva o garoto corre os olhos por todos os espelhos que ve no ônibus procurando os olhos do motorista. Encontrou seu alvo no retrovisor interno e estava pronto para usar seu primário, mas teve sua visão tampada por uma das mãos de Cc.
- O que está pensando? Quer que ele atire o ônibus numa parede?
- Eu só ia ensinar aquele motorista a desacelerar nas curvas e lombadas.
- Se não tiver certeza absoluta do que deseja, vai estar colocando a vida de todos aqui em risco, e nos faria perder tempo.
- Já entendi. Agora, já pode tirar a sua mão da minha cara, certo? Dona Cecília?
A porta do ônibus se abre nas costas de Locke, Cc move sua outra mão para o pescoço de Locke e lança ele a si mesma para fora do ônibus.
Ambos atingem o chão, Locke de costas e Cc sobre ele - numa posição capaz de deixar qualquer garoto desconfortável - ela lentamente aproxima seu rosto do rosto dele até que suas testas se tocam, e murmura:
- Se me chamar de Cecília de novo... Eu te mato.
As pessoas passam e olham com desconfiança para a estranha dupla.
- Ok, ok Cc. Agora, será que pode sair de cima de mim? Vai deixar minha blusa encardida, mais encardida.
- Claro! - a expressão dela mudou de ameaçadora para feliz instantaneamente.
Ambos se levantam e começam a andar. Após alguns instantes Locke passa a mão sobre a nuca e sente os cabelos grudarem nos dedos, em seguida observa os dedos manchados de vermelho.
- Será que sangue estraga o cabelo? - ele junta as pontas dos dedos ao perguntar
- Provavelmente não, desde que você lave ele quando voltarmos. - ela responde enquanto eles caminham por mais alguns quarteirões - Já estamos perto?
- Estamos quase lá. - ele acelera e começa a andar de costas na frente dela - mas estaríamos quase lá a mais tempo se alguém não tivesse se jogado pra fora do ônibus e me levado junto.
- Você parecia doido pra sair de lá de qualquer forma.
O garoto volta a andar normalmente e observa a construção que aparece no fim da rua, um prédio baixo cercado por um muro branco encardido, sobre um grande portão o cartaz: Escola Estadual Felipe Vieira.
- É aqui.
- Mesmo! E então, devemos entrar? - ela começa a olhar a extensão do muro.
- Não. Miro disse que só temos que esperar do lado de fora, nossos novos amigos vão aparecer em breve.
- Certo!

● ● ●

- E então esquisito, não vai falar nada?
Um dos cinco garotos que o cercam da um passo a fentre e refaz a pergunta.
- O que foi aberração? Aquele esquisitão do convento não te ensinou a falar?
Raziel observa um a um os garotos a sua volta, todos com aparência de ser mais fortes e mais burros do que ele, não seria difícil lidar com eles, sequer levaria um minuto, mas havia prometido a Ele...
- Não pense que pode nos ignorar. - um dos que estava as costas dele pós a não sobre o ombro de Raziel, e num movimento foi girado e atirado ao chão.
Três dos que ainda estavam de pé foram derrubados cada qual com um golpe antes mesmo de se dar conta do que estava havendo, por último Raziel moveu a mão para o pescoço do último do grupo e ambos sumiram instantaneamente.
No mesmo instante os dois se materializaram sobre a caixa d'água da escola, Raziel suspende o garoto e o move para fora da borda circular.
- Você deve se achar muito especial não é mesmo? - Raziel aumenta o aperto em volta do pescoço do garoto - Mas é tão insignificante que sequer merece que eu lembre seu nome, e aposto que mesmo que caísse morto, ninguém se daria conta, ou se importaria, e até mesmo sua família, só daria por falta de você quando visse seu corpo no jornal.
O garoto emite um ruído que pode ser um pedido de desculpas ou um xingamento.
- Deve estar difícil falar com a minha mão no seu pescoço não é? Pode repetir o que disse?
Raziel solta o pescoço do garoto. Ele observa o céu enquanto escuta os gritos do garoto.
- Fique tranquilo velho.
O garoto some novamente reaparece em queda ao lado do garoto, e some de novo reaparecendo no chão.
- Não me esqueçi da minha promessa ainda.
Ele some de novo.

● ● ●

- E então? Vai demorar muito ainda? - Cc esta encostada numa árvore tentando encostar a ponta do dedo nas folhas que caiam, quando tem êxito as folhas secam e adquirem um tom avermelhado antes mesmo de atingir o chão.
- Pode ser, Miro disse que nos viu nessa esquina, você estava encostada numa árvore brincando com as folhas, e eu estava checando meu relógio, nele aparecia 15:30. - Locke olha o relógio, ainda são 14:57. - Já sei! Já sei o que podemos fazer!
Cc caminha até Locke para observa-lo. Ele começa a mexer nos botões na lateral do relógio e os ponteiros avançam até a hora que Miro dissera.
- Não acha que nosso alvo vai aparecer do nada simplesmente porque o seu relógio está marcando 15:30?
Locke da um leve sorriso ao ver a movimentação próxima ao muro da escola.
- Não custa nada tentar.
Cc olha na mesma direção que ele e observa o jovem que está caminhando lentamente para a esquina oposta a deles.
- E então, devemos ir atrás dele? - ela continua a acompanhar o garoto com os olhos.
- Não vai ser necessário, ele vira até nós. - como que se esperasse a deixa, o garoto olhou na direção deles - É como aquele ditado: os extraordinários se atraem.
Com um riso eles observam o garoto começar a andar na direção deles, Locke volta a falar:
- Vai querer fazer as apresentações?
Cc pensa um pouco antes de responder.
- Quanto tempo será que vai demorar pra ele notar?
- Não muito, presenças desconhecidas deixam nosso senso de ameaça em níveis altos.
- Dessa forma até você pode parecer ameaçador.
- Eu posso parecer ameaçador se quiser.
Os olhos dele brilham com um tom roxo por um instante.
- Agora sim parece ameaçador. - Cc encosta a costa do dedo indicador entre os lábios dele antes de completar com sarcasmo. - Como um gatinho raivoso.
Ela solta um pequeno ruído de dor quando Locke morde o dedo dela, mas ao invés de puxa-lo ela abaixou lentamente a mão fazendo ele ser curvar, ela observa na vitrine de uma loja uma observou um garoto por volta dos 15 anos, com a pele morena e os cabelos pretos longos e bagunçados usando um casaco longo de couro e uma calça jeans pretas, se curvando para uma garota de idade parecida, usando botas e mini saia rodada vermelhas, meia 3/4 listrada em tons de cinza, e uma camiseta cinza folgada, ela move uma mecha turquesa do cabelo que estava caindo no seu olho, joga próxima a outra de cor rosa choque, as duas cores contrastam fortemente com o preto natural do resto do cabelo, ela observa os lábios da garota de moverem enquanto ela fala:
- Sabe, se continuar curvado desse jeito nosso alvo pode ter a impressão errada sobre nós.
- Se vochê diz.- ele se ajeita - E qual seria a impressão correta? Todas as pessoas parecem pensar que somos amantes.
- Um dia desses talvez eu deixe você ser meu escravinho particular.
- Sei.
Cc olha por cima do ombro e observa o alvo deles, que está parado a alguns metros deles e parece estar tentando se decidir entre chegar mais perto ou se afastar.
- Eu acho que ele não vem. - ela diz fingindo frustração.
- Hmmm. Hora do plano B!- ele coloca as mãos em concha do lado da boca. - EI GAROTO! POR QUE NÃO VEM AQUI E SE APRESENTA PRA GENTE!? ESTAMOS CURIOSOS SOBRE O SEU PRIMÁRIO!
O garoto fica paralisado olhando fixamente para os dois com uma expressão de espanto, mas que logo se transforma em raiva...

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Aviso importante, eu realmente não queria fazer isso, mãaaaas, realmente não há sentido em postar uma história se as pessoas não se dão ao trabalho de deixar uma pista de que leram todo o capítulo, então curtam, comentem, listem os defeitos ou as qualidades, falem bem ou falem mal, mas apenas falem, para que eu posso fazer um trabalho melhor por vcs.
Dêem pelo menos uma estrelinha pela capa, pô, eu que fiz, façam um agrado aí, não custa.

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