O Garoto perdido e a Cidade de Luziana

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A neve branca caia dos céus, lenta e graciosamente cobrindo as árvores e a grama com seu manto frio e traiçoeiro, uma pequena raposa de pelos brancos corria determinada em direção a uma forma na neve, um jovem de cabelos louros longos que iam até seus pés e formavam um rastro por onde andava, isso, se ele estivesse de pé. A criança estava caída no chão, coberta com apenas uma camisa, branca como sua pele pálida e uma calça marrom, seus pés descalços e mãos vermelhas abraçando seu corpo inconscientemente buscando por calor.

A raposa se sentiu triste, se sentiu com raiva, apenas os humanos mais cruéis abandonavam seus filhotes, ainda mais num tempo assim, numa época que, até para uma pequena e solitária raposa, era mais do que especial... mas por que ela amava tanto essa época? Você se pergunta, pois o que uma raposa iria querer com uma simples data?

O animal pulou para trás, curiosa demais para fugir quando a pequena criança começou a se levantar. Seu corpo frágil tremia com o frio e seus olhos, azuis como o céu, investigavam seus arredores.

Aonde estava?
Como chegará lá?
Será que não achava
o que estava a procurar?

Mas o que era? Era alguém? Algum lugar? Um amigo? um som? Sua memória o traía e ele não teve nenhuma escapatória além de chorar até sua tristeza se esvair, se sentando em posição fetal e sendo coberto pelos fios dourados de seus cabelos. Ele nem notou o animalzinho sorrateiro que o rodeava em busca de explicação. Cheirando e investigando a figura depressiva em sua frente. Foi apenas quando o fucinho húmido do animal encostou em sua mão que ele notou a criaturinha tímida.

"... eu conheço você?" Ele pergunto em meio as lágrimas, o rosto peludo da raposa lhe parecendo familiar. A raposa balançou a cabeça como se não soubesse se havia visto aquele garoto. mas já sabia que era inocente demais! Perguntar algo para uma raposa como se ela fosse responder!

"Hun, eu não me lembro de nada também... Você sabe aonde estamos?" Ele se aproximou, esquecendo de seu choro e focando no animal a sua frente. A raposa o olhou com pena, pois saber ela sabia, mas não tinha como lhe dizer! O menor, de um jeito ou de outro, levou isso como um não.

"Então é nosso o azar.
Mas se puder me ajudar
A deixar esse lugar
Sua memória, eu juro, eu vou recuperar!" Prometeu o garoto, acariciando o rosto do animal que o ouvia atentamente.

A raposa balançou o rabo e, já sabendo o que fazer, correu até uma árvore próxima e se virou para ele. O garoto se levantou lentamente, a sensação macia e gelada da neve em seus pés o fez desconfortável mas mesmo assim ele correu até a raposa.

Ele a seguiu atentamente, sendo levado para um lugar mais do que desconhecido e mesmo assim sentindo como se conhecesse a floresta, talvez ele conhecesse, talvez fosse a adrenalina, quem sabe? Ou melhor, quem se lembra?

Ele continuou acompanhando a pequena criatura que, as vezes, parava e olhava para trás para checar se o filhote não havia caído ou talvez tivesse desistido do caminho doloroso. Os dois correrram pela neve e desviaram de árvores altas até as estrelas, o céu noturno deixando difícil de enxergar para o garoto, mesmo assim, ele correu até a raposa que não parava a nenhum custo mas sabia aonde ir sem nenhuma dúvida em seus olhos escuros como a noite.

"Devagar!" O garoto implorou, seus pés doendo mas sem parar por nenhum segundo. Ele não precisou de muito além de olhar para a raposa nos olhos para saber que estavam quase lá, chegando a um destino incerto. Ele correu o mais rapido possível, a dor sendo deixada de lado enquanto ele tentava se concentrar no que ele havia esquecido.

Ele tinha família? Certo? todas as crianças tinham. Onde eles estavam? O que ele havia esquecido? Quem era a raposa tão esperta que o guiava? E o que era aquela pesso-

Quando Os Sinos Tocam Na Floresta Do Esquecimento Where stories live. Discover now