Prólogo

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Três meses depois da Segunda Guerra Bruxa...

Narcisa olhou para o marido.

Para o seu adorado e amado marido que parecia desfalecer.

Este estava sem camisa e olhava para a marca escura que tinha no antebraço, sentando com a cabeça baixa e os cotovelos apoiados nos joelhos, lá estava ele sentado como um moribundo em contraste com as poltronas luxuosas verdes daquele gabinete, em frente da lareira acesa. Mesmo ligada e ambiente quente na divisão, ele tremia de frio, suores frios percorriam o corpo dele.

Tinha já passado uma hora e o marido continuava naquela posição.

Tinha colocado um feitiço de silêncio em volta da divisão luxuosa, para que ninguém ouvisse a conversa deles ou a falta dela.

Avançou para mesa que tinha uma variedade de garrafas de todos os feitios e cores. Pegando numa, encheu um dos copos de cristal e foi até ao marido, entregando. Ele olhou-a durante uns segundos antes da mão trémula agarrar o copo, sem deixar de tocar nos dedos elegantes da esposa.

Narcisa afastou-se dele e voltou para onde estava, olhando pela alta janela. Da janela conseguia ver os longos jardins da Mansão completamente destruidos, de onde conseguia ver os Aurors que vigiam as fronteiras da propriedade e viu também o filho a atravessar o jardim, vindo do pequeno lago que tinham na propriedade.

- Eu vou ficar - acabou por dizer ao fim de alguns minutos.

- Não, nao podemos ficar, eles vã...

- Chega! eu não posso perpetuar mais com isto! Fui muito branda nestes últimos anos porque pensei que tinhas mudado, eu apoiei-te porque adoro-te, somos iguais apoiamos as mesmas crenças...

- Narcissa...

- ... de supremacia do sangue e pureza. Mas isto, isto eu não posso continuar a aceitar. Não, não vou mais viver com este medo de te perder, como este ultimo ano - olhou para o marido que continuava sentado na poltrona e olhava para ela exasperado.

- Narcissa!

- Não vou passar por isto novamente Lucius! Da ultima vez - uma lagrima rolou pelo rosto que ela limpou bruscamente - quase perdi o Draco por tua causa, por causa da Bella, por causa... Daquele maldito mestiço! Um mestiço Lucius! Como podes ter deixado envenenar por aquele maldito novamente? Eu consigo ver, consigo perceber, consigo sentir, e estes últimos dias tem sido um inferno sem saber o que nos espera! - passou as mãos pelo ventre - Não quero isto para o meu único filho - olhou de novo para o marido - Tens uma decisão a fazer: prefiro um marido vivo e preso de que um marido com a cabeça na guilhotina por ter fugido como um covarde. Se for tua decisão fugires, que Merlim me perdoe, eu recuso a seguir-te, saio desta casa e o meu filho vai comigo! - começou a dirigir-se para a porta.

- Narcisa! Não podes estar a falar a sério? Como é que te atreves a dizer-me uma coisa destas?

- Lucius, eu amo-te mas não vou viver numa mentira para o resto da minha vida ou ser mulher de um fugitivo antes de o Ministério te apanhar - abriu a porta, desfazendo o feitiço de silêncio - Acho que mereço melhor que isso!

E antes que o marido dissesse alguma coisa, ela saiu, fechando a porta atrás de si. Ela era uma mulher forte, ao contrário do que diziam pelas ruas, que ela era apenas a esposa obediente e submissa de Lucius Malfoy. Eles que falassem, Narcisa não queria saber. Ela era muito mais do que falavam. E ela também falava sério quando deu aquele ultimato a Lucius. Estava cansada de viver com medo. Ela tinha uma imagem a zelar e ia mantê-la. E a família era tudo para ela, sendo que o filho era a sua maior prioridade de momento.

Narcisa é uma Black e uma Malfoy.

Não se deixaria abater.

Limpou o rosto onde as lágrimas teimavam em cair, agora descontroladas. Mas não foi a tempo, porque Draco tinha acabado de entrar naquele corredor.

- Mãe.

- Querido! - disse assustada Narcisa e colocou o seu melhor sorriso sob o olhar do filho que chegava perto dela e ela aproveitou para passar a mão pelo cabelo loiro - Pensei que estivesses lá fora ainda, estava mesmo para te chamar para me acompanhares num chá...

- O que aconteceu?

... e uns bolinhos de abóbora - fez uma festa no rosto do filho - Não aconteceu nada! Está bem - disse derrotada depois de ver o olhar de descrença do filho - Estou triste, daqui a uns dias começam os julgamentos e não sei o que nos espera, Draco. Tenho medo.

- Eu sei - abraçando a mãe, coisa que nos ultimos tempos deu valor, o abraço da mãe era a unica coisa verdadeira na vida infernal que tinha vivido nos ultimos meses - Eu sei, mas se tiver que ir para Azkaban...

- Não Draco, não vou deixar! Eu não vou aguentar!

- ... se tiver que ir, irei, nao vou fugir. E preciso que sejas forte.

- Mas...

- Mãe, ouve-me - afastando-a para olhar nos olhos - Eu sou culpado, tenho o sangue deles nas minhas mãos, e se for esse o destino, aceitarei sem reclamar! Não, mãe, ouve-me, eu tenho que ser responsável pelos actos - secou a face da mãe dando-lhe um sorriso triste - e farei de tudo para corrigir os meus atos. Ou morrerei a tentar. Não serei um covarde. Não mais.

Mãe e filho estavam tão alheios que nao ouviram a porta abrir e um Lucius sério a observar-los. E foi nesse momento que tomou a decisão.

Naquela noite Narcissa parou em frente da grande janela do quarto, estava a vir da casa de banho, pronta para descansar quando um luz do lado de fora chamou-a à atenção quando avançava em direção dos grandes portões. Tentou perceber o que passava quando a porta do quarto abriu de ropante e Draco entrou em alvoroso.

- O que acont...

- Ele entregou-se! Pediu para ter uma audiência com o Ministro e... - passando o pergaminho e o anel de sinete Malfoy para a mãe - eu sou o novo chefe de familia - disse aflito.

Black And Gold - DRAMIONEDonde viven las historias. Descúbrelo ahora