One More Night, por End of The World

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Jean não era uma pessoa que saía muito de casa, isso desde sua adolescência, que parecia estar a anos-luz de distância; ela sempre foi muito caseira e fechada, totalmente na dela. Seus pais passaram sua vida inteira reclamando desse traço introspectivo, já que normalmente ela guardava tudo pra si, mas eles sempre respeitavam sua zona de conforto.
Depois de um tempo, ela imaginou, eles desistiram de fazê-la se abrir - e ela não os culpava, já que ela mesma admitiu que eles foram até que persistentes demais. Mas eles ficaram chocados quando ela disse que, após a escola, iria embora para outro estado. Em parte pela introspecção, mas em parte por acharem que ela seria do tipo cuidadosa, que faz uma faculdade perto de casa e nunca sai da cidade que cresceu. Mas ela os surpreendeu. E essa foi a primeira de muitas vezes, eles admitiriam anos depois, em uma de suas visitas. Ela era a melhor das alunas da sala e poderia ir para onde quisesse, já que havia passado em todas as faculdades que havia se inscrito. Mas ela escolheu Nova York, a cidade mais movimentada que ela podia. Quando sua irmã mais velha, Joslin, que já estava na faculdade do estado, a perguntou o motivo da escolha, ela só sorriu e disse:

— Eu quero dar uma grande mordida na Grande Maçã.

Todos também ficaram completamente surpresos quando ela decidiu estudar artes. Tá, ela sempre foi de desenhar muito bem, mas escolher isso como carreira? Era um grande risco! Um risco grande demais, se você perguntasse para sua mãe. A vida de artistas era difícil… Mas calma, a cartada principal ainda estava na manga dela; ela estudaria artes, mas se especializaria em fotografia. Ela tinha um olho pra coisa, algo como um dom, que era quase inexplicável. Mas as pessoas não sabiam. Bem, seus amigos de escola souberam quando teve aquele trabalho sobre foto, mas ninguém se atentou como seu professor de artes, Sr. Dion, que mandou sua foto para a tal faculdade de Nova York. E foi onde tudo começou.



Hoje em dia, Jean já não pensa mais no que aconteceu. Já fazem alguns anos desde que ela saiu de casa sem olhar para trás. Ao contrário de sua irmã Joslin, ela não está casada aos 25 - e não estava nem perto disso, diga-se de passagem. Não que ela sinta falta, mas já está ficando maçante responder às mesmas perguntas todas as vezes que volta para casa, no Natal.
Sabe, quando a mesa enche e seus dois sobrinhos se sentam ao lado de seu pai e ele suspira ao encará-la, como quem diz “você realmente precisa de alguém” ou algo assim. Mas ele parece esquecer que ela é a tia rica que traz os presentes deslumbrantes de Nova York; eles não teriam um Nintendo Switch, por exemplo, se a tia Jean não tivesse trazido.
O Natal estava cada vez mais perto, o que significava que ela tinha cada vez mais trabalho. Jean acabou se tornando uma grande fotógrafa - sabe, a tia rica pagava pelas coisas caras com o dinheiro que ganhava após fotografar um catálogo de uma daquelas marcas de luxo. A visão que um professor de ensino médio disse que ela tinha acabou sendo real - tão real que ela se tornou, nos últimos anos, uma das fotógrafas mais disputadas do mundo; ela já tinha conhecido o Japão, a Coréia do Sul e a Nova Zelândia por causa das fotos. E ela também conhecia muitas pessoas, pessoas que ela nunca conheceria se fosse, não sei, uma cientista. Além do mais, ela preferia conhecer as vulnerabilidades de alguém através da fotografia, já que compromisso ainda era uma pauta que ela não considerava urgente. Ela achava que o momento mais vulnerável de uma pessoa era na frente da câmera, quando ela precisava achar um sentimento para expressar. O jeito que ela expressaria esses sentimentos, sem esconder, era o suficiente para conhecê-la.

— Alô? - ela disse, ao acordar uma manhã com o toque insistente do celular. Ela dividia o apartamento com seu gato, Juno, que entrava a hora que queria e saía a hora que bem entendesse. Ela olhou em volta e percebeu que a janela estava aberta, o que significava que ele provavelmente estava bem longe de lá.
— Jean? - a voz familiar feminina somada com os gritos infantis no fundo a fizeram perceber imediatamente que era sua irmã, Jos. - Te acordei, né? Foi mal.
— Que horas são? - ela soltou o corpo em cima da cama, como se estivesse despencando.
— São sete e quinze. Tô arrumando as crianças pra escola. - “e por que me ligar enquanto os arruma?”, ela pensou. - Eu sei o que você tá pensando. Por que diabos eu tô te ligando agora?
— Temos uma sintonia assustadora. - ela murmurou.
— Eu só queria saber se você vem pra Ação de Graças esse ano. Sei que você deve estar lotada de trabalho, mas nossos pais realmente querem te ver.
— Eu sei, eu sei. Eu devo conseguir ir esse ano. Ano passado tudo saiu de controle e a Jenna acabou colocando coisas demais na minha agenda…
— Não confio nessa sua assistente. Ela sempre coloca as coisas nas datas mais importantes. - ela deu uma risada sem som; a culpa não era de Jenna, ela que pedia para não voltar em casa no aniversário de sua tia Margaret que sempre a comparava com sua prima Becca ou sei lá, a festa que sua família tinha todo ano que só servia para ouvir os discursos de sua prima Marty sobre como ela precisava urgente de um homem em sua vida.
— São as coleções, Joslin. O que eu posso fazer se sou a melhor fotógrafa do mundo? - ela deu uma risadinha e se sentou na cama, coçando a cabeça. Nem se ela tentasse ela dormiria de novo, já tinha perdido o sono. - Mas fique tranquila. Eu vou pra Ação de Graças. Mas não posso estender até o Natal, você sabe. Mas eu devo ficar para o final de semana.
— Ótimo. Seus sobrinhos estão ansiosos para te ver.
— Eu imagino que sim.
— E eu também. - ela disse, com um tom nostálgico na voz. - Sinto falta de te ter por perto. - o mais novo começou a chorar, de repente, no fundo. - Preciso ir, o dever me chama.
— Vai lá.

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⏰ Last updated: Mar 14, 2023 ⏰

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One More Night - uma história sobre Kwon Jiyong (BIGBANG)Where stories live. Discover now