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Parado á porta, Jeongin lançava uma sombra enorme e distorcida no chão.


Jeongin descobriu a porta logo depois que eles se mudaram. Era uma casa muito velha– tinha um sótão sob o telhado e um porão embaixo do chão, além de um jardim cheio de mato com árvores gigantes e antigas.

A família de Jeongin não era dona de tudo. A casa era grande demais para issso. A família era dona de apenas uma parte.

Outras pessoas também moravam ali.

O sr. Han e o sr. Minho ficavam no apartamento abaixo do de Jeongin, no térreo. Ambos eram jovens e magrelos, e dividiam o espaço com três gatinhos, que

atendiam pelos nomes Soonie, Doongie e Dori. Quando crianças eles tinham sido modelos. Isso foi o que sr. Han contou para Jeongin no dia que se conheceram.

–Sabe, Juogin– disse ele– O Minho e eu fomos muito famosos. Éramos considerados reis, meu bem. Ah, não deixe Soonie comer o bolo de frutas, ou ele vai ficar acordado a noite inteira com dor de barriga–

–É Jeongin. Não Juongin. É Jeongin– Disse Jeongin

....

No apartamento acima do de Jeongin, mais perto do telhado, morava um velho doido chamado Bang Chan. Ele contou a ele que estava treinando uma trupe de ratos circo. E não deixava que ninguém visse os bichinhos.

—Um dia, pequeno Juongin, quando eles estiverem prontos, todas as pessoas do mundo vão poder ver as proezas do meu circo de ratos. Você quer saber por que não pode ver agora? Foi isso que me perguntou?

—Não— respondeu Jeongin, calmamente. — Pedi para não me chamar de Juongin. Meu nome é Jeongin.

—Você não pode ver a trupe de ratos— continuou o vizinho — porque os ratos ainda não estão prontos nem ensaiados. Eles se recusam a tocar as músicas que compus para eles. Todas as músicas que compus para os ratos começam com o uuuumpapá. Mas os ratos brancos so tocam tchubirubiru,e por aí vai. Estou pensando em estimulá-los com diferentes tipos de queijo.

Jeongin não acreditava nem um pouco naquele circo de ratos. Provavelmente era só uma invenção do velho doido.


No dia seguinte á mudança, Jeongin saiu para explorar. E explorou o jardim. Era um jardim bem grande: nos fundos havia uma quadra de tênis velha, embora ninguém na casa jogasse tênis. A cerca ao redor da quadra estava esburacada e a rede já estava quase toda podre. Havia um canteiro de rosas abandonado com roseiras definhadas, cheias de cocô e ovos de insetos; havia ainda um amontoado de pedras e um círculo formado por cogumelo marrons e sebosos que fediam muito quando eram pisados.

Havia um poço também. No dia que a família de Jeongin se mudou, o sr. Han e o sr. Minho fizeram questão de ressaltar quão perigoso aquele poço era, e alertaram que Jeongin passasse bem longe dele. Assim, o menino começou sua missão de exploração por lá, pois, sabendo exatamente onde ele ficava, poderia evitá-lo no futuro.

Ele descobriu o poço no terceiro dia, em meio ao mato desgrenhado que ficava ao lado da quadra de tênis, atrás de um arvoredo –uma roda de tijolos quase escondida pela grama alta. Estava coberto por tábuas de madeira, para evitar que alguém caísse lá dentro. Em uma das tábuas havia um buraco, e Jeongin passou uma manhã inteira jogando pedrinhas e bolotas nele, esperando, contando, até ouvir o gluc que faziam ao cair na água lá embaixo.

Jeongin também explorava em busca de animais. Encontrou um ouriço e uma pele de cobra (sem a cobra) e uma pedra. Encontrou ainda um gato preto insolente que ficava nos muros e nos troncos das árvores, observando-o, mas que escapulia quando o menino se aproximava para brincar com ele.

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⏰ Last updated: Apr 07, 2023 ⏰

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Jeongin E O Mundo SecretoWhere stories live. Discover now