Me ferindo, me curando.

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cw: infidelidade, menção de desejo suicida, agressão, sangue

Deitou-se sobre aquele altar de seda e espuma, sentindo a frieza e o perfume corporal contra sua pele iluminada pela lua redonda e pálida. Observou com seus olhos enevoados o lençol polar cobrindo lentamente o satélite natural e roubando sua luz azulada.

O quarto se manteve na penumbra assim como antes esteve, quando era visível, imutável e independente. E o garoto ainda deitado num sono de olhos abertos, em pensamentos tão profundos e silenciosos, sequer se moveu.

A sombra — denominada silhueta espreitou a janela aberta, sem se preocupar se tampava com sua arrogância a translucidez da luz por detrás das nuvens.

Seu braço alvo e seus dedos articulados afastaram a cortina aberta por puro costume e seus pés descalços pisaram silenciosamente naquele ambiente ainda estacionado no espaço. Cada passo em direção ao garoto ocioso na cama, carregavam uma respiração ansiosa.

Os olhos desse anjo, dessa silhueta, eram de um vermelho tão profundo que mesmo no reflexo da lua mais polida, ainda era opaco. Porém, brilhavam sob a visão daquele garoto, do homem esperando por ele. Tão pronto, como uma fruta madura, com sua pele quente e seu sangue doce.

Um suspiro moveu o tecido fino próximo ao rosto do menino, e ele se torceu de forma que pudesse olhar completamente para o seu amante.

Xie Lian é casado, afinal; não com a criatura na frente dele, é lógico.

Aquele vampiro, que não seguia nenhum calendário lunar.

Jun Wu, com seu sorriso astuto e seu pensamento ágil, não perdeu tempo de pendurar o peso sob os lençóis e aproximar a face da face de Xie Lian, ele respirou a fragrância jovial do outro homem e quando um reflexo de resistência atingiu seus sentidos, seu toque viciante entrou em ação.

Xie Lian é tão carente.

Ele não sabia resistir a Jun Wu mas também não conseguia largar o amor do seu marido. Ele merecia tanto e se sentia tão penoso, tão sozinho.

Então quando o toque atencioso do vampiro arrastou seus dedos pela cintura macia do humano, ele virou seu rosto e deixou seus lábios afundarem no prazer que Jun Wu tinha a oferecer. Ele queria morrer ali, queria sentir o calor do seu sangue esvaindo, queria morrer no prazer e sentia mais prazer ainda só de pensar na manhã seguinte, no que restaria para seu marido amar.

Seu beijo gentil levou os pensamentos da sua cabeça e seu estado era febril quando Jun Wu, tão perfeito, roubou a roupa do seu corpo e se entregou também a sua necessidade homicida. Eles afundaram juntos, um no prazer e o outro na satisfação.

As presas brilhantes furaram como facas o longo pescoço, suas clavículas, a nuca e seus mamilos. Ele substituiu o toque agressivo por beijos lascivos na sua barriga. Sua língua quente afundou na fenda entre as pernas do outro homem e ele bebeu cada gota do que ele tinha a oferecer, os dedos acompanharam o ritmo e sentiram cada movimento do quadril, as contrações ansiosas e os espasmos finais. Ele morreu ali.

Ele morreu e foi tão bom, se sentiu paralisado, relaxado e abandonado pelo mundo, enquanto seu anjo terminava seu trabalho. A penetração quase trouxe seu coração de volta ao peito, enquanto ele insistia por bater entre as pernas, falhando toda vez que os quadris se encontravam.

O corpo de espírito de Xie Lian recebeu tudo, ele gemeu quando o vampiro voltou a tomar sua vida, sugando todo o vermelho do seu sangue pelo seu pescoço frágil, enquanto roubava a vitalidade do seu desejo pelo sexo.

Sob a luz da lua, ele se derramou entre as paredes da sua alma e seu espírito satisfeito flutuou num sonho tranquilo.

O vampiro, com seus olhos agora nada opacos e sua pele saudável e brilhosa, deixou o quarto por onde entrou, tendo como última felicidade a visão mortificada daquela terceira pessoa, aquela que fingia não ver nada.

doce vampiro - junlian/+18حيث تعيش القصص. اكتشف الآن