Olhos Tristes

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Somente você é uma história de amor à primeira vista, cuja a intensidade presente nos sentimentos, desde a primeira troca de olhar, nos deixarão emocionados.

Essa história é escrita com o intuito de fazer vocês se emocionarem, seja pela felicidade ou tristeza.

Espero que gostem, boa leitura!
🤍









Rio de Janeiro, 15 de maio de 2023.


Teatro João Caetano




Alexandre


Um desconforto invade o meu peito enquanto caminho em direção ao palco. Vejo e sinto que o tempo parece transcorrer lentamente, no momento em que um zumbido invade meu canal auditivo. Estou no automático, certamente

É inacreditável como algumas situações em nossas vidas podem mudar do dia para a noite, e com isso virar nosso mundo de ponta cabeça.

Durante um certo período de tempo, longo, meu sonho girou em torno da minha volta aos palcos. Esse chão amadeirado onde meus pés pisam é a minha segunda casa, o meu refúgio seguro diante das inconstâncias do mundo real, da minha vida. Perseverei muito para que um dia conseguisse voltar; não é fácil refazer uma carreira, e embora eu tenha um certo tipo de reconhecimento pelo "Los Brothers", na minha idade os contras se sobressaem mais que os prós.

Então, levando meu olhar a cada canto desse teatro e sentir que não estou aqui por inteiro, torna tudo extremamente frustrante.

Tento fazer a angústia esvair enquanto subo as escadas que dá em direção ao palco. Talvez, seja hora de deixar o mundo real do lado de fora e adentrar a minha ilha da fantasia.

No instante em que me aproximo do centro, percebo pela minha visão panorâmica os olhos de Otaviano - posicionado atrás do teclado - me olharem com uma incógnita. Apesar do meu rosto esboçar o melhor falso sorriso e passar despercebido para todo o público, jamais passaria para o meu amigo; ele me conhece melhor do que eu mesmo.

Ignorando o franzir de cenho de Ota, com a minha melhor atuação, eu me posiciono no centro do palco com um sorriso de orelha a orelha. Antes de fazer qualquer pronunciamento, sento-me na cadeira que havia ali e ponho meu violão sobre meu colo, em seguida ajusto a altura do microfone até ficar do meu agrado e dou início ao show:

Alexandre: Boa noite pessoal - inspiro o ar profundamente, expirando em seguida e sorrio - É um prazer estar de volta depois de tantos anos... os palcos sempre foram o meu lugar e me sinto extremamente grato por estar tendo a oportunidade de pisar nele novamente, junto ao meu grande amigo, Ota. - viro meu tronco para apontar em sua direção. - Era para Murilo estar aqui também, mas, ele virou um empreendedor riquinho metido a besta. O que me conforta é saber que Ota também não é ninguém, assim como eu - solto uma gargalhada levando o público a fazer o mesmo. - Espero que apreciem o show.

É frustrante pensar que ensaiei tantas vezes esse discurso, que esperei tanto tempo para proferi-lo, e diante das circunstâncias da minha vida neste momento, não tenha saído como o planejado. Logo eu, que sempre fui bom com as palavras, principalmente com o jogo delas, me vi sem outras melhores.

Na real, a única coisa que eu queria da vida nesse momento era pontos de exclamação, mas o que havia era incontáveis pontos de interrogações.

Enquanto meus dedos dedilham os primeiros acordes da minha nova composição "A partícula", flashes da noite passada me invadem, me fazendo constatar mais uma vez que aonde eu supliquei por três pontos, Deus, o universo, o destino, Buda ou seja lá qual for o Deus da sua crença, havia posto um ponto final.

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